Entrevista: Rage


Três anos depois de Seasons Of The Black a máquina germânica de metal que dá pelo nome de Rage regressa aos discos. E pela primeira vez o seu nome aparece num título de álbum – Wings Of Rage. Um disco que marca o regresso dos veteranos thrashers à Steamhammer/SPV e que promete conseguir juntar todas as diferentes nuances que têm caraterizado o trio ao longo de 35 anos de carreira. A alguns dias do lançamento do novo álbum, o lendário Peter “Peavey” Wagner falou com Via Nocturna, adiantando desde já que a banda passará por Portugal no próximo verão. 
  
Olá Peter! Como estás? Antes de mais, muito obrigado por esta entrevista. Um novo álbum está quase cá fora e, como referiste, colorido como a história do Rage. O que pretendias afirmar com esta expressão?
Tentamos reunir todos os elementos estilísticos que os Rage já desenvolveram nos 35 anos de carreira, como o thrash das primeiras fases, os hinos dos anos 90, o material épico orquestrado do final da década e a direção mais progressiva dos anos 2000. Tudo misturado de uma forma homogénea.

Com os teus novos membros desde 2015, e com um melhor conhecimento uns dos outros, este álbum marca também um passo à frente na carreira dos Rage?
Os “novos” membros já são meus amigos há muito tempo antes de eu lhes pedir para se juntarem à minha banda (com sorte somos amigos desde 1988!). Portanto, e de qualquer modo, já nos conhecíamos muito bem, e o certo é que crescemos juntos como músicos. Eu acho que isso se reflete nas novas músicas, para além do facto de termos levado muito mais tempo para desenvolver o álbum...

De qualquer forma, esta é a primeira vez que o nome da banda aparece no título de um álbum. Podemos ter aqui a perceção do vosso foco na identidade dos Rage como uma banda histórica no metal?
Estamos cientes de que os Rage são uma banda histórica desde os dias de fundação da cena internacional do metal. Na verdade, pensamos em usar o nome da banda como título para o álbum, mas como desde muito cedo no processo de criação do álbum que já tínhamos o tema-título, acabamos por o usar como título do álbum.

Desde sempre que os Rage habituaram os seus fãs a apresentar algo novo em cada álbum. Que surpresas vão apresentar em Wings Of Rage? Incorporam algum elemento atípico?
Talvez desta vez o alcance estilístico do nosso som junte todas as facetas...

Mesmo sendo uma banda de thrash metal, sempre tem sido costume a inclusão de grandes orquestrações clássicas nas vossas músicas. Isso vai acontecer mais uma vez?
Na verdade, os Rage foram a primeira banda de metal a gravar e a apresentar-se com uma orquestra clássica em 1996, quando lançamos Lingua Mortis. As raízes dos Lingua Mortis Orchestra também remontam a essa altura. Acabamos de fazer uma tournée pelos festivais de verão deste ano com a Lingua Mortis Orchestra, onde, pela primeira vez, tocamos o álbum XIII na sua totalidade, no seu 20º aniversário. Certamente isso sempre fará parte do cosmos dos Rage...

HTTS 2.0 é um remake do vosso single de 1996 Higher In The Sky. O que tentaram com essa nova abordagem à música?
Foi uma coincidência. Começámos a fazer jams e nasceu esta nova versão. Todos gostamos muito, pois sentimos que atualizamos a música para os nossos novos tempos, pois a composição é realmente atemporal. Inicialmente estava planeada para ser uma faixa bónus, mas gostamos demasiado dela para ser ouvida apenas por alguns fãs. Por isso, decidimos colocá-la no alinhamento com as novas músicas...

Em termos líricas, que tópicos abordam nestas novas músicas?
Eu gosto sempre de escrever sobre outsiders, pessoas que estão fora da sociedade, que não têm lobby ou voz. E eu tento dar-lhes uma voz com as músicas...

Mistura, masterização e produção, tudo esteve sob a vossa responsabilidade, certo? Por que optaram por esta solução?
Sentimos que era o momento certo para manter tudo em família. Marcos é um engenheiro e misturador fantástico, por isso seria normal desta vez fazermos isso com ele. Ele fez um trabalho fantástico, como sabemos, é claro, o melhor que queremos...

Já agora, como decorreu o processo de gravação? Tudo como previsto?
Sim, demoramos o tempo todo no mundo para escrever, organizar, gravar e misturar as músicas. A maioria passou por versões diferentes antes de encontrarmos a expressão certa para elas...

Wings Of Rage marca outro tópico importante – o vosso regresso à Steamhammer/SPV depois de vários álbuns pela Nuclear Blast. O que esteve na origem deste regresso?
O nosso contrato antigo expirou e nós oferecemos o álbum a diferentes editoras, como é normal nos negócios. A SPV fez a melhor oferta, tive experiências muito boas com eles do passado, além do nosso funcionário de A&R da NB ter deixado a empresa. Portanto, era a altura certa para mudar. Não houve nem há qualquer problema com a NB.

Como está a situação com a Lingua Mortis Orchestra, após a tua separação com Victor Smolski?
O que tu chamas de "separação" foi mais que eu simplesmente o demiti! Nunca precisei que ele tocasse com a Lingua Mortis Orchestra, portanto isso é irrelevante. Como já mencionei, este ano fizemos uma tournée com eles...

E em relação aos Refuge? Alguma novidade depois de Solitary Man de 2018?
Refuge é apenas um pequeno projeto paralelo pela nossa divertida e antiga amizade. Agora está em stand by porque iremos concentrar-nos a 100% nos Rage nos próximos 2 anos...

Desde 1983 (na altura ainda como Avenger), sem parar e a criar o melhor metal do mundo! Como é que o Peter Wagner de hoje olha para o seu início?
Eram tempos diferentes, o negócio da música era completamente diferente. Estou feliz e orgulhoso por ter tido a oportunidade de fazer esta banda ao longo de toda a minha vida até agora, agradecendo aos fãs fantásticos. Vocês são a minha tribo!

Passaste por tantas mudanças no musical que te pergunto qual foi o teu segredo para te manteres sempre no topo?
A música em si! Simplesmente adoro escrever e tocar estas músicas e esse é sempre o meu motor!

E depois de tantos anos ainda sentes a mesma força e energia para escrever novas músicas e começar novas tournées?
Sim, como disse, o amor pela música faz-me continuar!

Em relação a tournées, o que está a ser preparando para promover ao vivo este novo álbum? Está prevista uma passagem por Portugal?
Estaremos em tournée durante os próximos 2 anos, estamos continuamente a planear novos espetáculos. A primeira etapa começará em fevereiro e conduzir-nos-á por vários países europeus. Um espetáculo em Portugal acontecerá no próximo verão...

Obrigado Peter. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Obrigado pelo apoio e vemo-nos nos espetáculos!

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