Mark Shelton já nos deixou, mas para muitos metalheads o seu génio perdurará. Para os Re-Machined
essa perda foi ainda maior, pois o americano foi dos primeiros a apostar na
banda alemã e a convidá-los como banda suporte. Agora que teutónicos lançam o
seu primeiro longa-duração, Wheels Of Time, depois da excelente receção da demo de estreia, Volker Brecher, baterista, não esquece esses momentos,
numa conversa que, de forma natural, se centrou na génese deste novo coletivo e
no seu álbum.
Olá
Volker, obrigado pela tua disponibilidade. Os Re-Machined ainda não são muito conhecidos,
por isso pedia-te que apresentasses a banda aos metalheads portugueses…
Olá Pedro, antes de mais
tenho que pedir desculpas pelo meu mau inglês, mas vou fazer o meu melhor para
responder às tuas perguntas. O meu nome é Volker e sou o baterista dos Re-Machined. Somos uma banda alemã
sediada na cidade de Mainz, que fica perto de Frankfurt. Tocamos Heavy Metal tradicional ao estilo de
artistas famosos como, por exemplo, Saxon
(que podes facilmente reconhecer no fraseado e no timbre dos vocais), Judas Priest e por último, mas não
menos importante, a melhor banda alemã de todos os tempos: Accept. Temos uma formação clássica com twin guitars tocadas por Horst e Andy. Andy é o compositor da
maioria das músicas, mas todos trabalhamos em equipa nos arranjos.
Definitivamente, não somos apenas um projeto que envia arquivos de som para
todo o mundo. Ensaiamos e compomos como uma unidade. A maioria das letras foi
escrita pelo nosso vocalista Thomas.
O
que vos motivou a criar esta banda e de que forma surge o vosso nome?
Todos nós crescemos dentro
deste estilo de música. Alguns membros da banda viram as formações clássicas dos
AC/DC, Journey ou Rainbow. Um
dos meus primeiros concertos foi um festival com Iron Maiden, Black Sabbath,
Slayer, Helloween e W.A.S.P. Todos
no topo das suas carreiras. Esse impacto foi tão impressionante que todos
tentamos tocar música no mesmo estilo. O nome Re-Machined é o resultado de uma pesquisa. Pedimos aos nossos
amigos um novo nome (alguns de nós tocaram vários anos numa banda que mudou de
nome com frequência) que deveria encaixar-se perfeitamente na nossa ambição de
recriar as emoções da música que nos afetara na juventude.
Em
que outros projetos estiveram envolvidos antes dos Re-Machined?
Todos nós já tocamos em
muitas bandas diferentes há mais de vinte anos, principalmente dentro dos
vários estilos do hard rock. No
entanto, nenhuma dessas bandas foi famosa. O nosso vocalista e eu estivemos em bandas
de versões de hard rock clássico. Thomas
apresentava-se como vocalista de uma banda de versões de Jimi Hendrix e eu fiz parte, durante 18 anos, de uma das melhores
bandas europeias de versões dos Led
Zeppelin, chamada Mad Zeppelin.
Quais
são as vossas principais influências tanto no aspeto lírico, quanto musical?
Como já disse, as nossas
influências vêm do período clássico do Heavy
Metal. Algumas das guitarras parecem rock
britânico dos anos 70 (Thin Lizzy,
por exemplo, ou Judas Priest), a
bateria é inspirada por músicos como John
Bonham (Led Zeppelin), Cozy Powell
(Rainbow, Black Sabbath) e Nicko McBrain
(Iron Maiden), como podes adivinhar pelo facto de ter usado apenas um único
pedal de bombo. Na maioria das nossas músicas, também podes ouvir influências da
NWOBHM. Maiden, Demon, Angel Witch, Pretty Maids, por exemplo. A respeito das letras não sei muito, mas
lidam com todas as formas de relacionamento pessoal, porque o nosso vocalista trabalha
como gerente de um lar de idosos e todos os dias tem que lidar com tragédias e
mortes. Não temos letras sobre castelos e dragões e coisas assim.
Wheels of Time é a vossa estreia após uma demo muito bem
recebida. Como definirias este álbum para quem não conhece a banda?
Se eu descrever o nosso
estilo em apenas uma frase, diria que tocamos metal tradicional com guitarras estridente, mas sem teclados nem baladas
- apenas coisas puras.
Depois
do lançamento da demo, tiveram
a oportunidade de tocar com alguns dos maiores nomes. De que forma essas
experiências se refletiram na composição do álbum?
Bem, tivemos a honra de
tocar com alguns dos nossos heróis da infância, como Manilla Road, Trance ou Tim "Ripper" Owens (o ex-vocalista
dos Priest), mas, para ser sincero, nessa altura já a maior parte do álbum estava
escrita, pelo que a influência foi pequena. Mas eu gosto de mencionar Mark Shelton, o génio dos Manilla Road, que morreu poucas semanas
depois de termos tido dois grandes espetáculos como suporte dos Manilla Road. Mark foi o primeiro que
nos deu uma oportunidade e nos ofereceu esses espetáculos. Sem dúvida, ele
ajudou-nos quando começamos a nossa carreira, e a sua amizade e apoio foram
esmagadores. Foi uma tragédia que ele tenha partido.
Que objetivos estão a
tentar alcançar com este álbum e com a banda?
Todos nós temos famílias e
empregos, por isso não temos a ambição de nos tornarmos estrelas de rock ou uma banda de tournées a fazer 100 concertos por ano.
Antes de mais, simplesmente queremos escrever e tocar boa música no estilo que
todos gostamos. Por outro lado, esperamos fazer mais espetáculos, mesmo fora da
nossa região, talvez conseguir algumas vagas em festivais e também gostaríamos
de fazer algumas tournées menores. Um
sonho que se tornaria realidade é se um dia pudéssemos tocar em alguns dos nossos
festivais favoritos, como Keep It True
ou Wacken. Hoje em dia não é tão
fácil conseguir bons concertos, por isso com este disco tentamos construir uma
reputação no ramo da música e ter mais publicidade. E por último, mas não menos
importante, esperamos divertir todos os fãs de metal do mundo, acreditando no poder do puro metal e rock clássicos.
Como foi o trabalho
com Markus Teske como produtor?
Trabalhar com Markus foi
muito fácil. Ele também produziu a nossa demo
e somos amigos há muitos anos. Ele mora numa pequena vila não muito longe de
Frankfurt. Em termos de produção, ele tinha a nossa total confiança e algumas
ideias brilhantes. Por exemplo, alguns ótimos arranjos vocais vêm dele. A única
coisa que dificultou um pouco a nova produção foi que tivemos que esperar, até
Markus terminar a gravação do álbum dos The
New Roses, que no último verão atingiu o top 10 alemão. Mas, para este
trabalho, não queríamos mais ninguém além de Markus e demorou meio ano entre a
gravação e a mistura. No final, acho que foi uma boa ideia esperar porque, aos nossos
ouvidos, o disco parece ótimo.
A experiência em
estúdio decorreu como planeado ou tiveram alguns contratempos?
Gravamos a maioria das
coisas na nossa sala de ensaios. No início cometemos alguns erros e, por isso,
tivemos que gravar as primeiras músicas em diferentes sessões várias vezes, até
Markus dizer que todos os sinais estavam ok.
Também me lembro de um dia em que tentamos terminar as faixas da bateria. Era
uma tarde de domingo e achamos que era uma boa altura para gravar, porque todas
as outras bandas geralmente ensaiam à noite. Mas na altura em que a gravação estava
a correr bem, os nossos amigos dos Serum
114 começaram a ensaiar para uma grande tournée
na sala de ensaios ao lado e, por isso, tivemos que parar a gravação.
Pronto para subir ao palco?
Já têm alguma coisa agendada nesse sentido?
Certamente, estamos prontos
para subir ao palco e fazer um espetáculo completo de aproximadamente 100
minutos. Já marcamos quatro ou cinco espetáculos para o verão e o outono.
Tentamos entrar em contato com alguns bookers
e promotores de festivais para poder ter mais alguns. Todos nós gostamos de
tocar ao vivo e tocamos em qualquer lugar onde possamos ligar os nossos
instrumentos.
Muito obrigado Volker!
Queres acrescentar mais alguma coisa?
Obrigado por me dares a
oportunidade de falar sobre a nossa música e o novo álbum!
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