Entrevista: Thragedium


Os Thragedium anunciaram o seu regresso à atividade editorial através de um novo disco de originais, simplesmente intitulado Thragedium. Com este futuro trabalho fica cumprido o objetivo traçado pelo projeto em comemorar a edição do agora seminal álbum de estreia Theatrum XXIII lançado no início do milénio e que celebra agora, em 2020, os seus 20 anos de existência. Ao triunvirato fundador da banda composto por João Paulo Farinha, Nuno Matos Cruz e José Ramos Bonito junta-se agora, para a gravação deste novo trabalho, o baterista João Paulo Monteiro. E para celebrar este regresso quisemos ser os primeiros a saber novidades. João Paulo Farinha e Nuno Matos Cruz contam as possíveis!

Olá pessoal! Nos inícios do século os Thragedium surpreenderam com dois excelentes álbuns, em 2001 e 2003. Depois pararam. O que aconteceu?
João Paulo Farinha (JPF): A paragem dos Thragedium foi motivada, a meu ver, primeiro pelo facto de nós não conseguirmos dar o salto para uma editora maior numa altura em que os membros da banda estavam num período de definição do seu futuro profissional e isso criou muita tensão no grupo, além disso a saída do José Ramos o nosso baixista de sempre e que era uma peça fundamental e pouco depois do Nuno Cruz, também ele elemento fundador e também fundamental, fez com que a banda perdesse o seu sentido levando à sua desagregação. Pouco depois ainda planeei gravar um álbum acústico, mas, sem estas pessoas rapidamente percebi que a essência não seria a mesma e rapidamente desisti da ideia. Eu sou da opinião que numa banda as pessoas têm de ter laços muito fortes e a simbiose entre elas é de extrema importância e nos Thragedium isso tinha-se perdido.

E que motivou o vosso regresso passado tantos anos?
JPF: O que motivou o nosso regresso foi o facto de eu e o José desde finais de 2018 voltarmos a falar da banda com muita nostalgia, como o destino dos Thragedium não tinha sido cumprido, como se nos últimos 15 anos estivéssemos a viver um universo paralelo ao que deveria ter sido. Pouco depois o Nuno juntou-se a nós e coincidências e acasos estranhos depois levaram a que quase por obrigação nós os 3 nos juntássemos novamente para gravar mais um álbum, celebrar os 20 anos do Theatrum XXIII mas também algo de muito forte e estranho nos impele a mais um capítulo na nossa história. Têm sido tempos muito emotivos e conseguimos captar isso nas novas canções.

Durante este período, certamente estiveram envolvidos noutros projetos. Querem fazer referência a alguns deles?
JPF: Eu não estive envolvido em projetos nenhuns que mereça mencionar, pois muitos não viram grandes desenvolvimentos, estive mais envolvido na cena portuguesa nos finais da década de 90 que toquei com os Desire e princípios de 2000. Recentemente fiz um projeto chamado Regular Earth que tem um álbum gravado, mas, que ainda não foi editado porque acho que ainda não está na altura de isso acontecer, mas, também está mais que decidido na minha cabeça de que de 2020 para a frente apenas vou escrever música com e para Thragedium, é a única banda que me faz sentido e com que me sinto realizado.

A formação que está agora ativa na banda foi a que, na altura, terminou?
JPF: Não. O que importa é que o triunvirato que é a alma do projeto desde o início estar junto novamente. Eu, o José e o Nuno. Para este álbum também contamos com a preciosa ajuda na bateria do João Paulo Monteiro que de certa forma é a peça que faltava no puzzle desde a formação dos Thragedium, um baterista com uma personalidade e competências com quem nunca tive a oportunidade de trabalhar, julgo que ainda vamos ter de angariar mais uma pessoa para futuros compromissos mas isso ainda está a ser pensado.

Entretanto, passaram muitos anos. Acham que o nome Thragedium ainda traz lembranças a muita gente?
JPF: Sim, temos tido muitas reações de antigos fans do Theatrum XXIII, o que nos deixa até muitas vezes surpreendidos.
Nuno Matos Cruz (NMC): Essa tem sido uma das melhores surpresas que este regresso revelou. Temos tido muitas reações positivas de antigos fãs do Theatrum XXIII e também de pessoas que estão agora a descobrir essas músicas. Fizemos questão de, oficialmente, através de algumas plataformas, colocar online as músicas do Theatrum XXIII exatamente com esse intuito. E acho que funcionou.

Este regresso faz-se com música nova. O que estão a preparar e para quando?
JPF: Temos o novo álbum praticamente gravado. Já temos editora e a data de lançamento na primavera, mas, ainda não posso entrar em grandes pormenores sobre o assunto. Iremos lançar alguns teasers até lá um videoclip do single de avanço do tema Lucefécit que foi gravado recentemente e está em produção.

Pelos vistos será um trabalho homónimo. Porquê?
JPF: Os Thragedium são uma banda com uma identidade muito vincada e própria e achamos que Thragedium era o único título que realmente faria jus ao som que estamos a produzir.
NMC: Para ser sincero inicialmente existia uma outra ideia para o título deste trabalho, no entanto, com a própria evolução do processo de composição e pela sonoridade que as músicas novas passaram a adquirir, Thragedium é efetivamente o nome que faz mais sentido. Isto porque este novo trabalho será o exacerbar das caraterísticas sonoras que mais nos diferenciam de outras bandas e mais moldam a identidade Thragedium. A utilização da guitarra portuguesa e de outros instrumentos de cordas (que são parte integrante da nossa cultura), bem como de instrumentos de percussão tradicionais serão muito mais presentes neste novo trabalho. Sendo um trabalho tão marcadamente identitário não poderia ter um título diferente.

E palco? Também já há concertos marcados?
JPF: Tivemos alguns convites para tocar logo quando anunciamos que a banda iria retomar a atividade, mas foi impossível de aceder aos convites não só porque estamos a gravar o álbum novo, mas também por dificuldades de agenda. Por outro lado, queremos que a experiência Thragedium ao vivo seja algo especial e inesquecível, por isso, vamos dar um passo de cada vez, mas queremos muito que isso aconteça no futuro.

Obrigado. Querem acrescentar mais alguma coisa que não tenha sido abordado nesta entrevista?
JPF: Pedimos só para nos seguirem nas redes sociais e estarem atentos às novidades que vão ser muita.
NMC: O nosso agradecimento à Via Nocturna pela oportunidade e podem seguir a nossa atividade e entrar em contacto connosco através dos seguintes meios.
YouTube: Thragedium oficial
Instagram: thragedium_band

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