Reviews: Fevereiro (IV)


Against (SECRET RULE)
(2020, Pride & Joy Music)
Os Secret Rule transformaram-se numa máquina de produção em série com cinco álbuns desde 2015. E quando assim é já sabemos o que acontece: quem paga é a criatividade e a coesão dos álbuns. E ainda nem estávamos refeitos do lançamento de The 7 Endless e já surge Against, mais uma coleção de músicas que seguem as regras estabelecidas pelos Lacuna Coil e Evanescence e que, na prática, não acrescentam absolutamente nada a um estilo que já conheceu melhores dias. Neste caso, é preciso esperar até ao quarto tema, Going Nowhere, para se ouvir algo minimamente interessante. Isto antes de voltar a cair na mesma pasmaceira que só volta a ser desfeita lá para a ponta final. Mas, ainda se podem destacar algumas coisas em Against. E a mais importante é a qualidade vocal de Angela Di Vincenzo, capaz de criar as mais interessantes linhas melódicas (aliás, em bom rigor, apenas ela as cria!) sendo a principal (quase exclusiva) responsável por conseguir manter o disco num patamar de audibilidade no limite do aceitável. [66%]


Road To Redemption (BAILOUT)
(2020, Independente)
Ao fim de dez anos de carreira, os finlandeses Bailout lançam o seu segundo álbum Road To Redemption. Mas, mais que uma redenção é uma afirmação de qualidade, bom gosto estético e criatividade na composição. Os temas são catchy e tanto apresentam estruturas de rock alternativo, como se tentam com progressões mais metalizadas. Road To Redemption é um disco evoluído que não se fica pelo óbvio – por isso há trompete em A Crack In The Mirror, há vozes a capella no final de Accelarated Evolution e há diversas paisagens acústicas espalhadas ao longo destes 41 minutos de música emotiva e expressiva. Sempre com um sentido rítmico rigoroso e com ênfase na criação de melodias em canções que não se refugiam dentro de limites estilísticos circunscritos, mas que se expandem e evoluem livremente. [78%]


Shades Of Shadow (AGE OF FIRE)
(2020, Sliptrick Records)
Estes Age Of Fire têm passado a sua vida no para-arranca e em mudanças de nome. Agora, na sua terceira encarnação, voltam a ser o que foram inicialmente no final dos anos 80 e depois de já terem sido The Village Idiots (percebe-se porque voltam a mudar!). E esta terceira encarnação, como lhe chamámos, tem sido a mais fértil. Dois álbuns em dois anos quando anteriormente apenas tinham o homónimo no ano de nascença (1988), sendo que este Shades Of Shadow não traz grande coisa com ele. Das dez faixas, seis são instrumentais, incluindo a curta intro. Mas fazem bem, porque a componente vocal é, realmente, o ponto mais fraco. Mesmo assim, Shades Of Shadow é um álbum pouco consistente que mostra que estes americanos, já não estando na idade do fogo, ainda estão numa fase muito precoce do seu desenvolvimento. [64%]


The Ground Collapses (DISBELIEF)
(2020, Listenable Records)
O álbum anterior (The Symbol Of Death) demorou sete anos a ser criado, mas desta vez os Disbelief fizeram as coisas mais depressa. E assim se apresenta The Ground Collapses que vem mostrar que uma carreira de 30 anos garante, pelo menos, estabilidade e aquele à-vontade para se fazer só o que se quer. Por isso a abertura de The Ground Collapses mostra que vamos ter uns germânicos diferentes e a arriscar novas texturas no seu death/thrash metal. São temas relativamente longos, onde os guturais assentam em linhas melódicas e harmónicas muito fortes. Mas é puro engano, porque o resto do álbum acaba por mostrar que toda a maleficência existente dentro do coletivo teria de sair cá para fora, de uma maneira ou de outra. E a forma escolhida foi o seu tradicional death metal old school devastador e emblemático. [69%]


One Minute Silence (NUKORE)
(2020, Blood Fire Death Records)
É muito mais que um minuto de silêncio. São 23 minutos explosivos de atitude explicita, raiva sentida e fúria (des)controlada. Trata-se do novo álbum dos bascos Nukore que após 16 anos de carreira assinam a sua descarga mais capaz e mais completa. E a verdade é que já tínhamos saudades de ouvir uma boa mistura de rap com metal. Quem não se lembra dos Suicidal Tendencies? Ou dos Clawfinger, Body Count, Korn? Pois bem, os Nukore são os descendentes diretos dessa linhagem que tem o metal, o punk e o hardcore a correr nas veias. Naturalmente são temas curtos, mas acreditamos que o principal objetivo serão as explosivas prestações ao vivo. Aliás, algumas destas faixas, estão feitinhas à medida do palco e de um público sedento de descargas rítmicas e fraseados agressivos. Só precisam ser experimentadas no seu habitat natural. [70%]

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