Bestia Immundis (ASSASSIN)
(2020, Massacre
Records)
Como sempre os Assassin
estão agressivos e poderosos. Então o que mudou para o seu sexto álbum? Para
além de, nestes quatro anos que separam Bestia Immundis de Combat
Cathedral, terem mudado de editora (passaram da Steamhammer/SPV para
a Massacre Records), o coletivo de Dusseldorf surge mais variado e com
mais recursos. O resultado é uma mistura explosiva de influências que provêm do
speed, thrash, hardcore e punk, que se transforma
em temas potencialmente mais perigosos, mas simultaneamente, mais catchy,
mais experimentais e mais negros. E isto sempre sem beliscar a sua demolidora
parede sonora. Um senso de demolição que se torna particularmente avassalador
nos temas Shark Attack e War Song, precisamente antes das duas
partes da cáustica Chemtrails. Em termos vocais, sendo agressivos qb.,
são totalmente percetíveis e esta é outras das mais valias de Bestia
Immundis. [72%]
Código Infinito (AZRAEL)
(2014, Rock CD Records)
Se
em 2019 os Azarel assinaram o que provavelmente foi o seu melhor álbum,
não podemos esquecer que esse trabalho sucedeu a Código Infinito que havia sido editado 5 anos antes. E Código Infinito abre logo com uma das
melhores melodias jamais criadas pela banda, embora, como se venha a confirmar
depois, este nem seja um álbum tão alegre como se projeta a partir de Al Amanecer. Até porque a diversidade
nele inserida, que o leva a tocar no thrash
num tema como 1001 Caminos ou a
enveredar por ambiências muito negas lá mais para o final, ou mesmo a
introduzir um instrumental neoclássico (Temet
Nosce) fazem de Código Infinito
um disco que não deve ser analisado de ânimo leve. Dentro dessa diversidade
referem-se os três interlúdios que, com exceção da peça flamenca que é Ocaso En San Carlos, pouco ou nada
acrescentam, sendo mesmo responsáveis por alguma quebra de consistência. Ainda
assim, Código Infinito é mais uma
demonstração cabal da vitalidade do metal
espanhol e da qualidade dos Azrael que serviu, naturalmente, para um afinar de agulhas importante para o
nível atingido no mais recente disco homónimo. [81%]
Altered Insanity (VANISH)
(2020, FastBall)
Foi em 2017 que os Vanish
colocaram cá fora The Insanity Abstract, naquele que foi o seu terceiro
lançamento. Agora, Altered Insanity é o EP ideal para o acompanhamento
desse álbum. São cinco temas, dos quais três faziam parte de The Insanity
Abstract e aos quais se adiciona uma versão de Heaven And Hell dos Black
Sabbath e uma faixa bónus The Grand Design que, originalmente,
estava presente no álbum Come To Wither, de 2014. Os três temas que
transitam do álbum anterior são, entretanto, apresentados com a elevada participação
de vocalistas convidados – Alicja Mroczka, Tim Ripper Owens
e Ben Galster. O mesmo acontece com The Grand Design,
soberbamente vocalizado por Ralf Scheepers. Altered Insanity
serve para mostrar que o este excelente coletivo alemão é um dos mais criativos
e competentes do atual cenário power metal. Para quem já conhecia The
Insanity Abstract, este é, como referimos anteriormente, o seu acompanhante
ideal; para quem não conhece nem o álbum nem a banda, este EP é o pretexto
ideal para tomarem contacto com os Vanish. [86%]
Soulmates (SCARLEAN)
(2019, Mystyk Prod.)
Os Scarlean
revelaram-se com Ghost e regressam à ribalta, quatro anos depois, com Soulmates,
um disco que mantém a sua linha construtiva dentro de um metal
alternativo capaz de ser suave, quando assim o entende, e, ao mesmo tempo, de
se envolver em riffs nu metal que os projetam para patamares próximos de
uns Korn. Mas o momento mais alto desta rodela é a versão de Wonderfull
Life (original de Black) que aqui ganha uma dimensão extra com a
participação magistral (como sempre, aliás) de Anneke van Giersbergen.
Embora já antes, em Perfect Demon, a banda tenha dado mostras de
conseguir ser muito mais do que a brutalidade de alguns riffs das faixas
iniciais deixavam antever. Soulmates mostra um equilíbrio constante
entre energia, peso e melodia e é um álbum que, na nossa opinião, vai sempre em
crescendo, deixando para a segunda metade os momentos com mais sensualidade e
envolvimento. [73%]
Bombs Of Affection
(KILLING A LION)
(2020, Boersma Records)
Futebolisticamente
falando, por cá os leões estão mais que moribundos, por isso não havia
necessidade de surgir, na Alemanha, uma banda chamada Killing A Lion (KaL).
Mas surgiu com membros dos New Damage e Spoiler que, numa fase
inicial, era para ser apenas um projeto de estúdio. Bombs Of Affection é o seu primeiro registo e reflete alguns dos
temas inicialmente apenas disponíveis nas páginas sociais da banda. Só mais
tarde, com a entrada do baterista Volker
Lentzen (Caustic Blood et al.) é que os KaL se aventuraram ao vivo. Musicalmente, Bombs Of Affection traz uma mistura de metal alternativo (algumas influências de System Of A Dawn e Avenged
Sevenfold), grunge (o tema Gone! é uma construção muito na linha
dos Alice In Chains) e modern/nu-metal, com os riffs a mostrarem-se muito orientados
nesse sentido. E não havendo uma categorização fácil para os KaL, dir-se-á que experimentação e groove andam de braço dado em
estruturas complexas que nem sempre se repercutem em temas apelativos nem em
melodias particularmente bem conseguidas. Vocalmente, também deixa algo a desejar. [68%]
From Dark Waters (RÄMLORD)
(2020, Inverse Records)
Os
Rämlord surgiram com um conjunto de membros de proeminentes coletivos
finlandeses com o objetivo de explorar outras fronteiras sonoras. Com Mikko
Ojala nos vocais gravaram o single
Evolve The Monster (2014), o mini-LP We
Are The Night e um novo single, Matuska (ambos em 2016). Já com Timo
Salmenkivi ao comando do microfone estreiam-se em formato longo com From Dark Waters. E muita coisa mudou
para este álbum. Os vocais guturais e a aproximação ao black metal que catarerizava os lançamentos anteriores desapareceram
e, em sua substituição, surge um metal
orientado para a componente épica, com Visigoth e Manilla Road a
liderarem as influências. Ainda assim, nunca se aproximando demasiado tempo
dessas referências, mas sim, explorando algumas outras. O resultado é que acaba
por não ser muito consistente, apresentado raros momentos capazes de criar
impacto e não conseguindo marcar pontos na memorabilidade. [64%]
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