Lucifer’s Descent (DRAGONLORE)
(2020, Iron Shield Records)
Não se percebe muito bem porque é que a Iron Shield Records,
habitualmente com apostas fortes em áreas do thrash metal, assumiu, no
início deste ano, o lançamento de Lucifer’s Descent, disco de estreia
dos Dragonlore. Isto porque, fazer metal à Nevermore/Sanctuary que ainda busca alguns
pormenores nos Helstar ou nos Overkill, não é para todos e, definitivamente, não é para estes americanos
oriundos de Chicago. Muitas das estruturas e uma grande percentagem das linhas
vocais presentes nos dez temas que compõem este registo são influenciadas pelo
trabalho de Warrel Dane… mas não têm um mínimo da sua competência. Bom, em bom
rigor, isso seria impossível, mas pedia-se, pelo menos, um pouco mais de
criatividade, um pouco mais de discernimento e, acima de tudo, um vocalista (que
a espaços tenta ser mais dark e aproximar-se de King Diamond) que não
comprometesse tanto. [61%]
Gedankenwächter (MACBETH)
(2020, Massacre Records)
Quem gosta dos MacBeth não se desiludirá com esta nova
proposta, Gedankenwächter. São 10 novos temas de teutonic power metal
infetado por doses de thrash metal no seu DNA, o que faz com que os
nomes que mais nos vêm à memoria a ouvir este quinto álbum, são os Accept e os Slayer.
Liricamente, Gedankenwächter lida com o fanatismo religioso, as
atrocidades da guerra e a propaganda e todo a influência que estes têm sobre a
humanidade. Musicalmente, começa onde terminou Gotteskrieger, com riffs
furiosos e vocais suficientemente agressivos. De uma maneira geral, esta nova
proposta é mais rápida que as anteriores, mantendo-se as densas paredes sonoras
que se abrem para um desfile de solos de grande impacto. [79%]
Multiverse (AEVUM)
(2020, Dark Tunes)
O termo Multiverse,
nome do mais recente disco dos Aevum, terceiro da carreira do ensemble italiano, depois
de Impressions (2014) e Dischronia (2017), deixa antever uma multiplicidade
de universos musicais. E, de facto, isso acontece neste disco. Desde música clássica (Cessate
Ormai Cessate) ao jazz (WWIII),
passando pelo gótico (Black Honeymoon), Multiverse está cheio de
pequenos pormenores que se cruzam com riffs pesados, melodias épicas,
cenários orquestrais e uma enorme diversidade de vocais que se conjugam em
momentos de grande espetacularidade. Um disco que os fãs de Nightwish, Within
Temptation, Epica e Therion não deverão perder e que eleva o
seu symphonic metal a um patamar de criatividade que se afigura raro nos
dias que correm. [81%]
A
Time Called Forever (ANI LO. PROJEKT)
(2020,
Pride & Joy Music)
Ani
Lozanova é a búlgara
que lidera este projeto Ani Lo. Projekt e que lança, pela Pride &
Joy Music, o seu novo
álbum intitulado A Time Called Forever. Lozanova começou com o seu
parceiro Konstantin
Dinev em 2010,
até cada um seguir o seu caminho – ela na Alemanha, ele nos EUA, isto já depois
do álbum de estreia Miracle ver a luz do dia um ano depois. Já com
Dinev, de novo, no barco, Lozanova começou a trabalhar em A Time Called
Forever em 2018 com um longo conjunto de 12 canções criadas por Jens Faber
(Dawn Of Destiny),
que também
toca todos os instrumentos. Dizemos longo, porque algumas não conseguem
acompanhar o ritmo nem a qualidade de outras. Nesse aspeto merece especial
referência os primeiros temas que são verdadeiras grandes canções, mesmo que os
guturais não estejam lá a fazer rigorosamente nada. Mas curiosamente, é na fase
que eles menos surgem que notam mais fraquezas em termos de composição e
arranjos. [77%]
Shadow Rising (STORMBURNER)
(2019, Pure Steel Records)
O álbum de estreia intitulado Shadow Rising do quinteto sueco que dá pelo nome de Stormburner começa bem e acaba bem. We
Burn é uma malha do melhor power metal nórdico, a lembrar Hammerfall, embora
com uma bateria demasiado maquinal e Ode To War é uma faixa de metal
épico com coros envolventes e uma melodia que lembra The Crown & The
Ring. O problema está em tudo o que existe neste intervalo. Ainda se
destaca uma secção central harmónica em Ragnarök e uma compassada Men
At Arms que se revela competente. Mas tudo o resto é uma abordagem pouco
criativa e nada apelativa a um power metal que segue as regras dos Manowar e com
uma componente vocal que chega a ser irritante com tanto guinchinho. [62%]
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