Never Say Never (ARKADO)
(2020, AOR Heaven)
Never Say Never é o primeiro álbum dos suecos Arkado e, embora este
seja um nome recente, a verdade é que a banda não é assim tanto. Eles já por cá
(leia-se Suécia) andaram nos anos 80, com o nome de BB2 (Better Be
Together), tendo lançado o single de apoio à equipa de futebol do Ödakra
IF, um tema que ainda hoje se canta todos os domingos nos estádios onde
joga. O regresso ocorre em 2018 com a mudança de nome para Arkado que é
o nome da equipa lido ao contrário. Never Say Never é um conjunto de
onze temas arranjadinhos e bonitinhos de AOR, com doses
demasiado elevadas de teclados. Tudo bem feito, como manda a tradição, mas sem
nunca conseguir empolgar, nem mesmo nas baladas. Um ou outro tema,
nomeadamente, os localizados no início do álbum ainda fazem pensar que pode
estar aqui um grande disco dentro do género, mas rapidamente, a coisa
cai na monotonia e no sistemático recurso a estruturas mais que usadas no
género. Ainda assim, saliente-se algumas linhas melódicas interessantes que os
fãs do género poderão apreciar. Em relação a todos os outros, seguramente que
passará completamente ao lado. [72%]
The Air Below The Water (AUTUMN TEARS)
(2020, Dark Symphonies)
Uma orquestra completa, diversos instrumentos
tradicionais (kamancheh, bansuri, duduk), mais de 40
músicos, dois discos com cerca de 90 minutos de música neoclássica. Um disco ao
nível do que os Autumn Tears já nos habituaram, nomeadamente com o
lançamento de 2019, Colors Hidden Within The Gray. The Air Below The
Water, é de forma exuberante, um passo em frente da banda e apresenta uma
arrojada peça que só encontra paralelo em The Beloved Antichrist dos Therion.
O trabalho orquestra é majestoso e o vocal, muitas vezes em registo operático,
é magistral. Uma obra-prima de enorme intensidade sinfónica, de um classicismo
pulsante e de um virtuosismo vibrante. [90%]
5 Years Of Modern Funk (V/A)
(2020, Austin Boogie Crew Records)
A Austin Boogie Crew Records é uma editora
independente especializada no funk moderno, um género underground
que partilha alguns elementos do DNA de nomes como Bruno Mars, Tuxedo
ou Anderson. A editora existe desde 2014 e tem como motivação a promoção
de artistas que se inspiram no boogie dos anos 80 e no som fortemente
sintetizado que parece ter-se revitalizado na última década. 5 Years Of
Modern Funk traz a representação da editora com 12 artistas (Diamond
Ortiz, Solar Shield, Rojai, Trailer Limon, Starship
Connection, XL Middleton, Lowmac, Computa Games, B
& The Family, Moniquea, Jonny Tobin e Spence) num
total de 21 temas, que, partindo do funk clássico, conseguem orientar-se
para diferentes direções como R & B, eletrónica, hip-hop e
até indie. O objetivo será dar a conhecer o roster da editora,
nessa série de nomes, todos eles desconhecidos, pelo menos aos amantes do
género. Mas, face à sua especificidade e à sua forma de um funk com
pouca musicalidade e muita tecnologia, fica-se a perceber que nomes como James
Brown, Earth Wind & Fire, Prince, Kool & The Gang
ou Temptations tão depressa não serão esquecidos e que 5 Years Of
Modern Funk terá interesse apenas para os verdadeiros aficionados. [52%]
The Great Adventour – Live In Brno
2019 (THE
NEAL MORSE BAND)
(2020, InsideOut Music)
A álbuns grandiosos sucedem-se tours
grandiosas. Em tours grandiosas escolhe-se um local. Nesse local
grava-se o espetáculo. Com esse espetáculo gravado lança-se um álbum ao vivo
grandioso. Têm sido assim os últimos anos de Neal Morse seja em nome
individual seja com a The Neal Morse Band que, no fundo, é praticamente
a mesma coisa. Os álbuns sucedem-se e
mesmo que se possa considerar que é um exagero (e de facto, chega a ser!), a
verdade é que a qualidade da música do americano ultrapassa qualquer sentimento
de saturação. E da mesma forma que The Similitude Of A Dream Live In Tilburg
(2017) sucedeu a The Similitude Of A Dream (2016), The Great
Adventour Live In Brno 2019 (2020) sucede a The Great Adventure
(2019). E, pelo meio, ainda houve Morsefest 2017: Testimony Of A Dream
(2018). Percebem o que queremos dizer? Quanto a este álbum, foi gravado na
República Checa, onde a banda tocou pela primeira vez, tendo apresentado o
álbum The Great Adventure na sua totalidade. Um momento único de rock
progressivo extraordinário, apaixonante, intenso e complexo executado por um
conjunto de virtuosos. Há mais para dizer? Nada, a não ser que a história se
encarregará de colocar Neal Morse ao nível de génios como Yes, Genesis
ou Pink Floyd. [97%]
Ignition (NEWMAN)
(2020, AOR Heaven)
O primeiro álbum em três anos de Steve Newman e
do seu projeto Newman está aí e chama-se Ignition. O sucessor de Aerial
traz quase uma hora de melodic rock com algumas pitadas de AOR,
espalhada ao longo de 12 temas. Ignition é um disco elegante, com bons ganchos
melódicos e boas melodias. Vocalmente muito bom (registam-se os melhores
desempenhos em Life In The Underground e Promise Me), é no campo
instrumental onde perde alguns pontos pela sua postura muito colada aos
registos tradicionais, sendo que The Island é a única exceção. Este é um
disco que até começa mal (era desnecessária aquela aproximação à pop de Michael
Jackson do tema título) e que só à quarta faixa, Worth Dying For,
consegue chamar a atenção. Claro que a partir daí há outros momentos muito
bons, sendo de destacar, logo a seguir, os coros iniciais a capella e
posterior inclusão de agradáveis linhas de piano em To Go On Loving You
e as rockeiras Moving Target e Wild Child. [74%]
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