Reviews: Maio (I)


Essentia (VICTORIA K)
(2020, Rockshots Records)
Essentia é a estreia da cantora australiana Victoria K, num disco que carrega a relevância da produção de Lee Bradshaw, da participação de Michalina Malisz dos Eluveitie e das influências de Evanescence, Nightwish ou Within Temptation. E se muitas vezes nos referimos a este género como tendo uma deficiente aposta na componente sinfónica, desta vez isso não acontece muito por culpa do majestoso trabalho da Budapest Scoring Orchestra, dirigida por Zoltán Pad e com arranjos do próprio Bradshaw. E mesmo que este álbum seja um projeto a solo, acaba por ter o desenvolvimento de uma banda completa capaz de projetar as composições da vocalista de Melbourne. Mas, na sua essência esta estreia traz os prós e contras de centenas de outros lançamentos do mesmo género. Naturalmente, o destaque da orquestra real é um fator decisivo na diferenciação. Assim como algumas músicas como Surreal, Forsaken ou Shroud Of Solitude. [70%]


The Shade Of Holy Light (SABER TIGER)
(2019, Sliptrick Records)
Obscure Diversity foi o fantástico álbum de originais que os nipónicos Saber Tiger lançaram em 2019. Um dos temas presentes nesse disco era a balada The Shade Of Holy Light que acaba de receber uma nova roupagem. O coletivo pegou nessa belíssima canção e aplicou-lhe doses de orquestrações que a engradeceram. Havia, por isso, que oferecer essa prenda aos fãs. E essa surge na forma de um EP onde surge a dita versão juntamente com mais duas da mesma canção – a original que estava no referido álbum e uma ao vivo. Três abordagens distintas ao mesmo tema que permitem verificar como ela soa em estúdio, como os Saber Tiger a tocam ao vivo e qual o resultado com as majestosas orquestrações adicionadas. Para poderem oferecer, ainda mais aos fãs, este EP acaba por ser aumentado com mais seis faixas bónus, todas ao vivo, captadas no mesmo concerto e das quais, 4 exclusivas para o lançamento mundial efetuado pela Sliptrick Records. Para quem gosta de power/prog melódico, bem trabalhado, com dinâmicas ao nível das duas guitarras e um vocalista muito forte, tem em The Shade Of Holy Light o acompanhamento perfeito para Obscure Diversity. Pelo menos, enquanto um novo disco de originais não chega. [89%]


Singing Songs Of Desperation (FATUM AETERNUM)
(2020, Independente)
Quase a completar os seus quinze anos de carreira, os Fatum Aeternum, banda de Haifa, Israel, apresentam Singing Songs Of Desperation, o seu novo EP que serve para amenizar a espera por um próximo lançamento, visto que Luxury Overdose já viu a luz do dia em 2018. Como é tradicional na música dos israelitas, as suas influências são díspares, mas assentam fundamentalmente num rock/metal gótico que, por via do uso do violino, os aproximam dos My Dying Bride. Neste novo EP, notam-se algumas boas ideias que deveriam ter sido um pouco mais exploradas, denotando a banda ainda uma estranha crueza e imaturidade. Dentro dessas ideias referem-se os diálogos vocais com teatralidade (que assumem pormenores de enorme qualidade nos jogos vocais presentes em Toy), a excelente canção que é Chemicals Of Loneliness e a melodia orelhuda de Would, curiosamente todos presentes na segunda metade do EP. [70%]


3 (SVEN GALI)
(2020, Independente)
3, o novo EP dos Sven Gali junta os singles de 2018, Kill The Lies e de 2019, You Won’t Break Me, aos quais se juntam os novos temas Now e Hurt. Uma atitude que faz o coletivo aparentar estar em campos da pop ou do hip hop, que funciona apenas com singles. No metal isso não funciona muito bem assim e todos sabemos isso, por isso, 3 acaba por ser um lançamento desnecessário. Para piorar a coisa, a tentativa de fazer um metal moderno (o facto do produtor dos dois singles anteriores ter sido David Bendeth, nome associado aos Paramore, Breaking Benjamin e Bring Me The Horizon, pode ser a razão), revela-se um fracasso. Nota-se pouca mestria na arte de fazer grandes canções e apenas o excelente desempenho do vocalista Dave Wanless é merecedor de referência. Tudo isto, contrariando bastante a sua postura ao longo de uma carreira centrada no hard rock mais tradicional. [63%]


100 (RAVENSCRY)
(2020, Independente)
Sendo o quarto álbum de uma carreira superior a uma década, seria de esperar muito mais dos italianos Ravenscry. A banda nascida em 2008, em Milão, estava em silêncio há três anos, desde o lançamento de The Invisible. A sua onda situa-se na zona onde muitas bandas atuais se encontram – chamam isto de metal sinfónico ou gótico. Mas, normalmente, não tem nem uma coisa nem outra, a não ser uma senhora que anseia ser soprano e umas quantas linhas de melancolia. Este novo álbum do coletivo intitula-se 100, mas está muito longe dessa marca. Melodicamente fraco, instrumentalmente pouco evoluído (parece que alguém se esqueceu de dizer a estes senhores que os solos fazem parte intrínseca do metal!), criativamente básico e vocalmente limitado, 100 é um disco altamente desinspirado e onde tudo parece extremamente forçado. [55%]

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