Reviews: Maio (II)


Crossover (DAVID CROSS & PETER BANKS)
(2020, Cherry Red Records)
David Cross foi membro dos King Crimson. Peter Banks dos Yes. Portanto, já se imagina o que pode resultar da junção destes dois músicos. A base para Crossover nasceu a 10 de agosto de 2010. Nessa altura, numa tarde de louca improvisação, Cross & Banks gravaram as partes de guitarra e violino. Mais tarde, entre 2018 e 2019, já depois do falecimento de Peter Banks, que ocorreu, como se sabe, em 2013, uma lista de notáveis convidados (Pat Mastelotto, Tony Kaye, Billy Sherwood, Randy Raine-Reusch, Andy Jackson, Oliver Wackeman, Jay Schellen, Jeremy Stacey e Geoff Downes) juntaram-se para encorpar estas faixas com uma diversidade de envolvências que vão desde o hard rockeiro Hammond, a efeitos sonoros, com passagem pela world music e pela música de meditação oriental. São oito temas de pura improvisação, de interpretação livre e de talentosos desempenhos, embora de musicalidade e melodia reduzidas. Um disco que vale, essencialmente para os muitos amantes de todo o legado de Peter Banks. [72%]


Rude Awakenings (MONDAY SHOCK)
(2020, Independente)
Monday Shock é o novo projeto musical liderado pelo produtor italiano Oscar Burato (fundador das editoras Street Symphonies e Logic Il Logic Records), sendo que Rude Awakenings é o trabalho que tem funções de apresentação. O EP é composto por quatro faixas, sendo que a primeira e tema título é uma curta introdução eletrónica a lembrar os Orchestral Manoeuvres In The Dark. Os restantes três temas, Blind, Your Side e Spirit Of Life, trazem o espírito de um rock melódico moderno, onde as linhas catchy, os elementos acústicos e o trabalho vocal marcam presença. Para já são apenas três temas – que, efetivamente, abrem o apetite para mais – que se focam no hard rock/glam dos anos 80 com um pouco de atitude punk dos anos 90. Um projeto que merece ser acompanhado no futuro. [80%]


Killing It For Life (MUSTASCH)
(2020, Tritonus Records)
Os Mustasch costumam ser descritos de muitas formas diferentes – crus, charmosos, abomináveis, geniais. E é a sua atitude descomprometida que leva a que a que muitos destes objetivos lhes sejam aplicados. E não será com Killing It For Life que isso vai mudar. A banda continua a seguir o seu caminho – umas vezes melhor conseguido, como acontece com a espetacular Before A Grave, outras pior, como a abertura Where Angels Fear To Tread. Mas uma coisa continua a ser verdade: o hard rock apresentado pelos Mustasch foge a todas as regras estabelecidas e não tem receio de enveredar por caminhos menos óbvios. Como volta a suceder num Killing It For Life arrojado, diferenciador e diversificado, embora os temas mais longos sejam aqueles onde isso é conseguido de uma forma mais eficaz. Este é um registo que nem sempre é fácil de perceber, mas vais sempre muito para lá da vulgaridade e de sonoridades corriqueiras. [76%]


Laura (LIANE)
(2020, Independente)
Já lá vão 4 anos desde que uma ilustre desconhecida minhota, de nome Liane, surpreendeu com esse fantástico disco intitulado Colibri. Passaram quatro anos, Liane trocou o seu Portugal por Londres onde se encontra a estudar e a… compor. Mas a compor de uma forma diferente. E isso fica cabalmente demonstrado neste seu EP de seis temas batizado de Laura e dedicado a alguém muito importante na vida da artista – a sua mãe. Durante oito meses Liane trabalhou neste conjunto de seis temas que se mostram diferentes do que conhecíamos. Desde logo porque são instrumentais e, portanto, não é possível ter acesso à delícia da sua voz; e depois porque os caminhos da composição a levaram para um patamar de música clássica contemporânea, minimalista, introspetiva e muito expressiva, numa linha daquilo que torna único um compositor como Rodrigo Leão, por exemplo. Numa primeira abordagem estranha-se, mas depois começa a perceber-se toda a capacidade de manipulação sonora, de conjugação de sons e de emotividade que cada nota carrega. Ainda assim, sentimos falta da sua voz e da sua presença mais enérgica! [80%]


Distant Thunder (HABU)
(2020, Independente)
Têm sido oito anos emocionantes para o trio britânico Habu. Dois álbuns, abrir para Uli Jon Roth, tocar no Cambridge Rock Festival e o reconhecimento de um dos novos nomes a ter em consideração na cena rock britânica. Distant Thunder é o seu terceiro álbum e mostra a banda a seguir, mais entusiasticamente, o caminho de um prog rock. Por isso, as referências a Yes, Pink Floyd e The Flower Kings surgem ao longo do disco, mas sempre bem dissimuladas. Até porque Distant Thunder é um disco com muitas passagens de rock clássico que evoluem para entusiasmantes progressões. E sempre sem descurar o importante aspeto que são as linhas melódicas, como se percebe no refrão de Whirlwind ou em These Walls. Simultaneamente, Andy Clarke traz na sua guitarra algo da NWOBHM e até do proto-metal. [77%]

Comentários