Reviews: Maio (III)

The Great Magini (KULT OF THE SKULL GOD)

(2020, Rockshots Records)

Da cidade de Milão vem este coletivo com o estranho nome de Kult Of The Skull God que se estreia com The Great Magini. E, em 11 temas, o quarteto liderado pelo vocalista Lord Kalidon, mostra que as influências dos Army Of The Universe, a sua banda anterior (o homem tem tendência para as bandas com nomes compridos…) foram todas esquecidas. Portanto, desde logo, elementos eletrónicos ficam completamente fora. O que fica é uma abordagem orgânica a um rock/metal de influência gótica, com ritmos compassados e algo marciais, embora as melodias não tenham a negritude caraterística do género. The Great Magini procura trazer para a contemporaneidade nomes como Danzing, The Cult, New Model Army, Black Sabbath ou até Bauhaus, quando se assume com uma costela mais direta e crua. Dizem eles que a sua função é salvar o mundo dos rappers, pop stars e da mediocridade de rock. Não sabemos se conseguirão esse objetivo, mas pelo menos, para já, vêm bem armados (mesmo que já não seja uma armada do universo…) e com a vontade de mostrar como deve soar o rock ‘n’ roll cru e orgânico. [73%]

 


Project Genesis (RAVENLIGHT)

(2020, Novus Records)

Dois anos, dois singles e um EP após o seu nascimento, chegou a altura dos irlandeses Ravenlight mostrarem a sua competência. E, desde logo é raro ver um coletivo de symphonic metal com vocalista feminina ser composto apenas por… três membros. Um power trio que se apetrechou bem para Project Aegis, título desta sua estreia em formato longa-duração, e embora se note uma colagem bastante significativa aos Nightwish, nomeadamente da era Wishmaster, o certo é que este nem um disco tão mau como os que têm surgido ultimamente neste segmento. Rebecca Feeney mostra argumentos de uma excelente vocalista num álbum recheado de momentos interessantes, nomeadamente a partir do meio, com a criação de atmosferas agradáveis e temas sing-along. [73%]

 


Dämmerstund (MORNIR)

(2020, Independente)

Uma demo, um EP e um single foram os precursores destes 50 minutos de pagan folk metal impregnado de apontamentos death metal melódico que os Mornir apresentam em Dämmerstund, o disco de estreia. Um trabalho que até nem surpreende nos momentos iniciais, sendo preciso esperar pela 5ª faixa, Lebenshauch, para sermos surpreendidos com alguma criatividade e eloquência artística. Daí para a frente, os bávaros vão variando entre momentos muito pesados (como no inicio, frequentemente pouco interessantes) e outros mais orientados para estruturas folk e tradicionais (com o violino sempre muito – e de forma vibrante – intrometido), onde se notam os melhores registos no que diz respeito às composições, sendo o maior destaque atingido com Herr In Wind Und Tälern e nas suas estruturas progressivas e abordagens corais. [70%]

 


Mercic_6_2020 (MERCIC)

(2020, Independente)

César Palma (Cryptor Morbious Family) continua a sua aventura industrial nos Mercic. E, de forma sequencial, surge Mercic_6_2020, o mais recente disco do projeto que conta com a participação de Carlos Lichman, Victor Hugo Sapage (Congruity), Paulo Martins (This Fallen Curse), Nuno Pardal (Switchtense) e Gwen (Basurah). E quando dizemos que continua a sua aventura é porque esta nova proposta é a continuação lógica dos lançamentos anteriores. Ainda assim, nota-se menos inspiração nos cruzamentos estilísticos tão bem trabalhados no passado, embora seja de referir, pelo menos a partir do tema Fear Takes Control, uma tendência de abrandamento energético e maquinal em detrimento de um aumento de mais ambientes e melodia. Embora isso não signifique que os Mercic se estão a tornar easylistening ou mais voltados para o comercialismo. Nada disso. A sua costela de maquinaria dura continua, e bem, presente. Como presente continua a espaços, o que saúda, a utilização da língua portuguesa. [63%]

 


The Song Of Desolation (THY DESPAIR)

(2020, Rockshots Records)

Este coletivo ucraniano deve andar mesmo desesperado! Thy Despair é o seu segundo nome, depois de terem sido Thoughts Of The Desperate. E depois de dois singles e um EP (os mais recentes cantados na sua língua nativa), surge o primeiro longa-duração, The Song Of Desolation. E se não é uma desolação completa, não anda lá muito longe. O que aqui temos é mais uma viagem pelo mais que batido mundo da bela e do monstro. A componente da Bela tem, de facto, alguns momentos carregados de emoção; a parte do Monstro é realmente extremo. Da sua conjugação e com o adicionar de alguns teclados, conseguem-se alguns momentos com alguma teatralidade que deveriam ter sido mais explorados. Porque tudo o resto é um conjunto de banalidades e lugares comuns que carecem de mais empenho na composição, instrumentalidade e musicalidade. Um álbum apenas para o consumo imediato. [63%]

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