Entrevista: Stula Rock

Formados em 2018, os Húngaros Stula Rock é um coletivo formado por experientes músicos da cena do seu país. Sem perder tempo, Örökifjú é já o segundo registo e que vem demonstrar, mais uma vez, o dinamismo e qualidade da cena húngara. Estivemos com o mentor Ádám Horváth a conversar sobre este álbum, a economia húngara e o futuro deste projeto que pode passar por apresentar versões em inglês. Confiram.

 

Viva Ádám, obrigado pela disponibilidade e parabéns pelo vosso álbum. Podes apresentar os Stula Rock em rockers/metalheads portugueses?

Antes de mais, saudações a todos os rockers portugueses! Estamos extremamente felizes por ver a nossa música chegar a pessoas a 3000 quilómetros de distância de nós. Estamos honrados e muito obrigado também pela boa review! Stula Rock é uma banda formada no final de 2017, e o nome da banda foi criado a partir da alcunha do nosso vocalista, Stula, e o estilo que mais amamos, que é o rock.

 

Com apenas dois anos, já têm dois álbuns lançados. É um início de carreira bem dinâmico, não concordas?

Felizmente, as estrelas recentemente alinharam-se muito bem para nós. Todos nós tocamos em muitos grupos, portanto, somos todos cantores e músicos bastante experientes. Esta banda é o resultado do nosso amor pela música e construção muito consciente das nossas carreiras.

 

E com muitas coisas (coisas boas, acrescentaria eu!) para mostrar aos fãs! Como foi o processo criativo para este novo álbum?

A maioria das nossas músicas foram escritas por mim, mas todos os membros têm o seu input. As letras também são minhas, os tópicos dominantes do primeiro álbum foram dificuldades de amor e relacionamentos, temperados com algum background psicológico. O tema principal deste segundo álbum é o tempo. Não é um álbum conceptual, mas todas as músicas estão conectadas pelo tema "tempo". O húngaro é uma língua bonita e muito difícil, mas é a nossa língua materna e é falada apenas por aproximadamente 15 milhões de pessoas no mundo. Sabemos que não podemos construir uma carreira internacional com músicas em Húngaro, pelo que estamos a planear gravar alguns destes temas em inglês muito em breve!

 

De facto, trabalharam todos os pormenores, certo?

Sim, no rock and roll deve haver um tipo de instintividade. Mas se tivermos isso em mente, acabaremos por criar novas versões de músicas com 40 a 60 anos, com nova instrumentação. Nós não queremos isso. É muito difícil criar algo realmente novo no mundo do hard rock e não podemos revolucionar o género, mas aspiramos prestar atenção a cada pequeno detalhe. No quadro geral, acaba como sendo algo com um sabor único.

 

E a verdade é que criaram um álbum poderoso, composto de grande diversidade e riqueza nos arranjos. Como conseguiram fazer essa mistura de forma tão fluida?

Queríamos obter um som absolutamente 2020, não queríamos que soasse como um álbum adicional e mais antigo comparado aos lançamentos atuais de bandas de rock/metal. Fomos muito cuidadosos com a instrumentação para fazer com que pareça muito bom e fluido quando se tratou da mistura. Usamos bateria desencadeada, guitarras reamplificadas que gravamos diretamente.

 

Já que falamos disso, nuns momentos estão próximos do melodic metal; logo a seguir já se aproximam do hard rock. Como geram estas situações? Ou seja, como é que se consideram? Uma banda de hard rock ou de metal?

Definimos a nossa música como Modern Hard Rock. Dentro disso há Metal, refrões cativantes e melodias fáceis de lembrar. É importante para nós não apenas tocar música para nós mesmos, mas fazer muitas pessoas felizes - e a nós mesmos, é claro. A banda é composta por muito talentosos e qualificados músicos e poderíamos fazer muito. O Jazz influenciou as músicas do Progressive Metal, mas não te podes divertir com elas e nem gostaríamos disso agora que temos mais de 40 anos.

 

Isso leva a outra pergunta - como funcionam as coisas no que diz respeito à composição e escrita nos Stula Rock?

Não compomos as nossas músicas numa sala de ensaios, porque infelizmente vivemos espalhados por todo o país, muito longe uns dos outros e não ganhamos a vida com a nossa música. Todos têm um estúdio em casa e enviamos uns aos outros as nossas próprias ideias. Eu sou o principal compositor da banda, as ideias de todos terminam comigo e gravamos os nossos álbuns em seu estúdio. Finalizamos as músicas na minha casa e também produzo. A opinião de todos é importante, somos todos muito bons amigos, mas eu tenho a decisão final em tudo.

 

Contam com alguns convidados neste álbum? Quem são eles e como essa cooperação se proporcionou?

Felizmente, temos muitos amigos entre cantores e músicos; portanto, se precisarmos de alguém que toque harmónica ou backing vocals, não será muito difícil encontrar a pessoa certa. Os vocais femininos e os backing vocals do álbum são de Flóra Velősy, a minha namorada, que é uma cantora muito profissional e talentosa.

 

Em qual projetos irão trabalhar no período pós-Covid-19?

Felizmente, agora Örökifjú está em um lugar muito bom nos tops musicais húngaros, já com 9 semanas, tendo aberto como número 2 quando foi lançado. Logo começaremos a tocar ao vivo novamente em concertos e há muito boas oportunidades pela frente. Infelizmente a Hungria não está em uma posição económica muito boa, como a Alemanha, por exemplo, ou os países do norte. Os nossos salários são de 1/3 ou 1/4 em comparação com países ocidentais, mas os alimentos e instrumentos custam o mesmo que em qualquer outro lugar da Europa. Nós não dizemos isso para reclamar, apenas dizemos que é um pouco mais difícil seguir em frente a partir daqui. Mas sempre fomos pessoas muito otimistas!

 

Muito obrigado, Ádám! Queres acrescentar mais alguma coisa?

Como dissemos, num futuro próximo, gostaríamos de gravar algumas das nossas músicas em inglês para abrir possibilidades internacionais para a banda. Se tudo correr bem, talvez possamos tocar em Portugal um dia! Infelizmente, nenhum de nós já esteve aí antes, mas sabemos que é um país bonito. Esperamos que este sonho se torne real em breve!

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