Reviews: Agosto (I)

Pop 85/95 (NEAL SMITH)

(2020, Independente)

Neal Smith, que chegou a ser baterista de Alice Cooper, escreveu, entre 1985 e 1995 umas músicas totalmente sexy e politicamente incorretas que agora chegam ao público do século XXI nesta compilação. E basta olhar para a capa para se perceber que o Sr. Neal Smith não anda bem. O problema é que para além da capa absurda, também não há quase nada que se aproveite no conteúdo. Isto é pop da pior classe num conjunto de canções completamente datado e ultrapassado! Bem, pensando melhor ainda se consegue arranjar pior, quer agora, quer mesmo na era 85/95, mas isso não invalida que esta compilação, atualmente, seja completamente desnecessária. Aliás estes temas já eram desnecessários na altura, imaginem agora! São onze canções que estavam no passado e por lá deveria ter ficado. Aliás, se ficaram esquecidas durante tanto tempo, por alguma razão forte deve ter sido… [52%]

 


Movimento (O SOL QUE NOS CONSOME)

(2020, Independente)

Movimento é o primeiro trabalho de João Maia Henriques que desde Ferreira do Alentejo lança o seu projeto em solitário, O Sol Que Nos Consome. Este é um projeto criado com loops de guitarra e sintetizadores e letras todas em português. E o resultado surpreende pela positiva. João Maia Henriques consegue captar e transmitir muita emotividade na sua abordagem algures ali entre o post-rock, o industrial e o neo folk. Assim, Movimento é essencialmente emocional, ambiental, atmosférico e minimalista. E respira Portugalidade, não só nas letras (que numa faixa como Ser Humano assume a forma de declamação, numa linha Mão Morta), mas na alma. Uma alma que na forma de tocar a sua guitarra transporta muito do sentimento e da melancolia do fado. Uma agradável surpresa e um nome a acompanhar. [73%]

 


Accidental President (ACCIDENTAL PRESIDENT)

(2020, Tunecore)

Depois de já ter apresentado Rest In Peace em nome próprio, Bethany Neville regressa agora em formato trio, com os Accidental President e o seu trabalho de estreia homónimo. As influências são díspares e vão em várias direções (Maria Brink, Sisters Of Mercy, Evanescence e Alter Bridge) originando uma postura de rock alternativo que não estagna muito tempo no mesmo local. Neville traz a sua apresentação altamente teatral e profundamente interiorizada, mas Accidental President é, no global, um disco que denota ainda alguma imaturidade. Ainda assim, fixem este nome:  Dave Ben Lee, o guitarrista que tem um dos desempenhos mais extraordinários deste ano. E fixem, também, títulos como Rotten Child, Strength Inside ou The King Is Dead. São dos melhores momentos de um disco efusivo. [75%]

 


How Do We Want To Live? (LONG DISTANCE CALLING)

(2020, InsideOut Music)

Profundo e versátil, How Do We Want To Live? é o sétimo álbum dos alemães e volta a trilhar caminhos de um rock instrumental, único e pouco convencional onde apenas a faixa Beyond Your Limits é cantada, sem bem que ao longo disco vão surgindo narrações masculinas e femininas muito tranquilizantes, filosóficas e até algo futuristas, numa clara ligação entre o homem e a máquina. E, como sempre, as músicas dos LDC conseguem transmitir emoção unicamente apenas através dos sons dos instrumentos frequentemente sequenciados, com descargas de guitarras distorcidas e solos com trabalho melódico com a consequente criação de ambientes atmosféricos e vibrantes. E o que mais ressalta deste How Do We Want To Live? é o contínuo sentido de progressão e evolução que é mais notório no campo das sonoridades eletrónicas e na forma como elas envolvem a marca original das criações da banda. [73%]

 


Nemzeti Dal Ünnep (ROMANTIKUS EROSZAK)

(2020, Hammer Records)

Um ano após Betyarballadak, os Romantikus Eroszak, Romer de forma mais simplificada, transportam para palco toda a energia e alegria presentes nas suas composições. E assim surge Nemzeti Dal Ünnep, um disco que celebra os 25 anos de carreira da banda húngara e que passa em revista todos os seus maiores momentos, desde a fase mais rockeira à mais folk/celta. Gravado no Barba Negraban, em Budapeste, a 15 de março de 2019, este Festival Nacional de Música (título do álbum traduzido para português) traz 17 temas onde se incluem alguns verdadeiros hinos, como Óóólé e 100% Magyar. E também se mostra uma banda em permanente interação com um público ávido de divertimento, num concerto que se transformou numa verdadeira e genuína festa de rock-infuse-folk. [75%]

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