Reviews: Agosto (II)

Bed Of Snakes (SHALLOW WATERS)

(2020, Independente)

Realmente promissora esta estreia dos Bascos Shallow Waters. Acima de tudo, porque dentro de uma linha mais extrema de metal, conseguem ser criativos e apresentar uma assinalável diversidade. Se a abertura de Bed Of Snakes se faz de forma de um death/black metal extremo, a seguir começam a abrir-se outros caminhos, como as aproximações ao metal melancólico dos Amorphis, nomeadamente com aquela tendência de ter uma guitarra numa segunda camada a desenvolver solos melódicos. Mas também acaba por tocar o romantismo melancólico dos Moonspell, quando as vozes se tornam limpas e graves. E no limite, até são os Type O Negative que parece que também por ali andam. A segunda metade de Bed Of Snakes volta a acentuar o peso de um death metal, agora com uma orientação mais melódica. [74%]

 


Pareidolia (MAD ROBOTS)

(2020, Edge Records)

Os Mad Robots regressam com o seu quarto álbum de originais intitulado Pareidolia, com o coletivo húngaro a continuar o seu trajeto pelo seu metal alternativo e progressivo, claramente dos tempos modernos. A diferença está na saída de Attila, membro responsável pela parte eletrónica, o que faz de Pareidolia um disco mais orgânico e mais orientado para o poder dos riffs da guitarra. Mas há outras diferenças que os tempos menos fáceis que a banda tem vivido transportam para uma composição muito forte em termos coletivos, mas pouco evoluída em termos de trabalho individual, nomeadamente ao nível dos solos, uma vertente que não é, claramente, uma aposta da banda. Pelo lado oposto, ressalva-se bastante criatividade na criação de estruturas nada tradicionais, o que até se percebe pelos títulos atribuídos (Aokigahara, Colors), nºs), e pelo dinamismo imprimido nestes 9 temas divididos por 38 minutos. [70%]

 


Alien Factor (DARK ARENA)

(2020, Pure Steel Records)

Alien Factor foi o primeiro disco dos Dark Arena (antigos Arena e, posteriormente, Arenah), banda sedeado em Cleveland e que contava nas suas fileiras com o vocalista Juan Ricardo (Ritual, Sunless Sky, Wretch) e com o mago da guitarra Paul Konjicija, infelizmente falecido a 10 de maio de 2019. Alien Factor foi originalmente lançado, de forma independente, em 2006 e deve ter passado ao lado de muita gente. Para bem desta peça e, acima de tudo, para bem do espetacular guitarrista que era Paul Konjicija e que fica bem demonstrado neste disco, a Pure Steel Records procede ao seu relançamento. Musicalmente trata-se de uma obra de puro power/prog metal americano que deverá agradar aos fãs de bandas como Fates Warning, Leviathan ou Nevermore. Sólido e compacto, Alien Factor deixa muito espaço para Paul Konjicija brilhar num conjunto de temas que têm como outros pontos altos a forte aposta nas estruturas rítmicas e nas texturas de alguma complexidade. [73%]

 


Grit Your Teeth (VEGA)

(2020, Frontiers Music)

O novo álbum dos Vega intitula-se Grit Your Teeth e, na opinião de Nick Workman, a banda correu alguns riscos na tentativa de criar algo diferente, sem se preocuparem com o estilo. E isso é verdade porque Grit Your Teeth navega entre um rock musculado e o heavy metal, sempre com os riffs bem acesos e musculados. Porém, por outro lado, não ficam dúvidas que este é mais um álbum da fábrica Serafino Perugino, cada vez com mais lançamentos na mesma linha editorial e, portanto, cada um deles cada vez com menos identidade própria. De facto, O principal problema de Grit Your Teeth é que pertence aos Vega, mas poderia pertencer a qualquer outra banda da Frontiers. Isto, sem desprimor por alguma qualidade aqui apresentada, mas que custa a aparecer, com os primeiros temas a fazer facilmente os menos teimosos desistir rapidamente. Mas o disco vai em crescendo especialmente até ao épico Battles Ain’t A War, uma autêntica malha que apetece ouvir vezes sem conta. Mas, a partir daí e até ao final volta a ser mais do mesmo. [73%]

 


Uncrown (AGES)

(2020, Black Lodge Records)

Este duo sueco conhecido como Ages não tem uma carreira muito longa (apenas nasceram em 2011), mas apenas com um álbum antes deste Uncrown mostram-se um dos nomes mais competentes da nova geração de black metal melódico. E se The Malefic Miasma, de 2015, já tinha deixado boas indicações, elas são ultrapassadas por este novo disco. Uncrown mostra harmonias como é raro ouvir no black metal, muitas vezes construídas por cima de devastadores blastbeats. E depois, com um extremo bom gosto de incluir guitarras acústicas limpas, num contraponto que se revela delicioso. Ouçam malhas como A Hollow Tomb, Undivine, The Death Of Kings Of Old e Pyres e, quando derem conta, estão a trautear as sensacionais harmonias criadas pelas seis cordas. Para Uncrown se tornar mais memorável apenas falta um pouco mais de dinâmica vocal e mais algum arrojo nos solos. [76%]

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