Reviews: Setembro (I)

 

Milyen Kár (DIABOLUS IN MUSICA)

(2020, Edge Records)

Após um primeiro EP, lançado no ano passado, os Diabolus In Musica (que não devem ser confundidos com os catalães de Symphonic Metal), atingem 2020 com um novo trabalho, Milyen Kár. E o que os magiares nos trazem é um conjunto de cinco temas, quatro versões dos Ordog (conjunto compostos pelos mesmos artistas) e uma versão totalmente em húngaro de All Along The Watchtower de Bob Dylan. Contando com um violino, duas guitarras e duas vozes, Milyen Kár é um disco 100% acústico, sólido e equilibrado que durante os seus (curtos) vinte minutos não perde o fôlego, tendo como único defeito o facto de ficar a saber a pouco. [82%]

 


Out Of The Blue (PETER CARLSOHN’S THE RISE)

(2020, Jono Music)

Entre os Jerusalem, The Rise, Veni Domine e XT, o sueco Peter Carlsohn ainda arranjou tempo para lançar a sua estreia em nome próprio. Out Of The Blue é o título do disco que apresenta alguns momentos muito interessantes. Destacaremos, por exemplo o funk em I Want It All, a balada bluesy Shine Your Light, as melodias épicas presentes em Why e Sing The Song, a atmosférica e psicadélica The Dream e a hardockeira Kiss From Above. Mas, no global, todo o disco segue uma linha de enorme irregularidade. Primeiramente, porque os restantes temas ficam muito aquém destes e porque, mesmo os citados, sendo certo que se destacam, pediam outros desenvolvimentos. Porque Out Of The Blue é um disco demasiado formatado para canções-tipo onde falha, completamente, a componente do inesperado e da evolução. Acresce um trabalho vocal medíocre e nem o soberbo trabalho de baixo salva este disco. [66%]

 


Live In Black And White (HANNAH ALDRIDGE)

(2020, ICEA)

Hannah Aldridge é uma artista que se pode classificar como estando no segmento do southern rock com influências dark roots. A sua vida tem sido mais preta que branca, fruto de relações falhadas e de abuso de diversas substâncias. A música serve como uma catarse para todas essas experiências negativas e, portanto, não pode ser colorida. Neste seu novo álbum, o seu primeiro ao vivo, gravado em Londres, a artista do Alabama deixa antever que quer, realmente, regressar às suas raízes. Por isso mostra-se como nunca a vimos: apenas ela e uma guitarra acústica, num registo totalmente intimista e totalmente despido de desnecessários recursos instrumentais e artificialismos. São dez temas, mais dois de encore, onde colaboram Walt Aldridge (seu pai e lendário músico country), Robbie Cavanagh, The Black Feathers, Goat Roper Rodeo e Dani Nicholls. [71%]

 


Auto Reconnaissance (THE TANGENT)

(2020, InsideOut Music)

Altamente ativo e muito criativo, Andi Tillison continua o seu trajeto no acelerado regime de lançamento de álbuns. Mas o britânico, que é muito bom a criar composições, não é assim tão bom a criar canções. E neste novo álbum Auto Reconnaissance isso fica ainda mais evidente. Naturalmente, essas criações são do mais exuberante prog rock que há, muito influenciado pela escola dos anos 70 de nomes como ELP ou Van Der Graf Generator. E para as executarem só um naipe de exímios executantes. E, de facto, num Auto Reconnaissance longo, são esses momentos (destreza individual e devaneios experimentalistas) que ficam na memória, para além de uma interessante abordagem funk em The Tower Of Babela, o melhor e, curiosamente, mais curto tema do disco. [75%]

 


Transitory (DR. CHRISPY)

(2020, Interplanetary Records)

Depois a ideia absurda de lançar um álbum de música eletrónica com remixes em formato… eletrónico, o Dr. Chris Boshuizen, ou melhor, Dr. Chrispy, regressa com um longo EP – sete temas em meia hora de exploração sónica, manipulação maquinal e trabalho ao nível dos samples, ou não fosse ele engenheiro aeroespacial! São sete temas onde os beats e a maquinaria se sobrepõem a tudo e são eles próprios quem conduz os monólogos ou diálogos. A formatação dançável está muito presente, e os ritmos são bem trabalhados. O que faz, apesar de tudo, de Transitory um produto com bastante mais substância e consistência que o anterior VHS Remixed. Mais uma vez, são importantes as diferentes contribuições de outros elementos exteriores ao próprio Dr. Chrispy que conferem alguma personalidade a cada tema. [66%]

Comentários