Reviews: Setembro (II)

 

My Shelter (SEASON OF DREAMS)

(2020, Pride & Joy Music)

Season Of Dreams é o novo projeto de Jean-Michel Volz, principal compositor dos A Taste Of Freedom. A sua ideia de criar uma banda power metal levou a criar este projeto com o qual lança My Shelter, apenas entre ele próprio e os irmãos Nyberg (Johannes e John). No entanto, ficam bem patentes as deficiências de querer fazer (quase) tudo a solo. E onde se mais nota? Por exemplo, no irritante som da bateria, muitas vezes mais próximo dos típicos martelinhos da dance music do que duma bateria de metal. Depois, a procura de aproximações aos Blind Guardian/Iced Earth também não resultam. Conseguem ser mais confusos que os primeiros e falta a genialidade dos segundos. Pode resumir-se My Shelter como tendo muita força e pouco discernimento, sendo salvo por alguns momentos melhor conseguidos e, essencialmente, por um enorme trabalho vocal. [68%] 



Reflections (ASSIGNMENT)

(2020, Massacre Records)

Os dois primeiros temas – Trilogia Balkanica e Mercyful Angel – estão carregados de história porque se referem e é uma homenagem ao vigésimo aniversário dos bombardeamentos da NATO na Sérvia. Mas, se a abertura traz um sabor a exotismo, o tema que se lhe segue está carregado de sentimentos negativos e de uma camada de obscuridade. O quinto álbum dos Assignment chama-se Reflections e abre assim. Depois entra num rodopio de momentos interessantes com outros mais desinspirados, sendo que a ponta final é, claramente, mais empolgante. Mas isso só acontece porque os alemães voltam a mostrar que não respeitam barreiras e por isso, os dez temas incluídos no álbum respiram diferentes atmosferas. Isto num registo onde se estreia um novo baterista (Michael Kolar) e conta com os convidados Inés Vera-Ortiz, Maria Jose Pot e Marco Ahrens. [75%]


 

The Outer Limits (SELENSEAS)

(2020, Rockshots Records)

Depois do EP de estreia, em 2016 e do primeiro longa-duração, За гранью возможного, um ano depois, os russos Selenseas, liderados por Vladislav Tyushin assinaram pela editora italiana Rockshots Records e relançaram esse álbum, com uma distribuição internacional e alterando o original idioma russo pelo inglês. Mas essa não é única diferença: em 2019, o talentoso Mikhail Kudrey juntou-se à banda moscovita, pelo que estas regravações trazem um adicional de qualidade ao nível vocal. Mas, para se conseguir um som mais poderoso e épico, os Selenseas, acabariam por decidir fazer, também, a regravação de praticamente todos os instrumentos. E, já agora, como quem não quer a coisa, resolveram ainda adicionar alguns convidados: Sergei Lazar (Arkona, Rossomahaar), Ivan Garin, Andrey Zodchiy (ex-Dis Pater), Alexey Verbitsky (Legenda) e Gamil Makhmutov (ex-Ethno-Sound). E, já gora, dois bonus track: a versão editada para rádio de The Mirror e uma versão alternativa de The Milky Way. The Outer Limits é um disco que pica muitas áreas diferenciadas (folk, prog, doom e hard rock), mas é, essencialmente, no power onde se situa, criando um mundo próprio de misticismo, mitologia, fantasia e filosofia que se entrecruza com as harmonias das guitarras e teclados atmosféricos. [76%]


 

Unholy (DROW)

(2020, Nail Records)

Os Drow têm vindo a lançar os seus temas a conta-gotas. Em 2014 foi lançado um single, um EP e um split e depois os húngaros desapareceram. É que a banda que nasceu das cinzas dos MorteM e que se orientava numa onda de sludge/stoner passou por algumas alterações e Unholy, o seu novo trabalho já se apresenta numa zona mais dentro do death metal.  Unholy, EP de 4 temas foi lançado, originalmente, como um anexo da revista HammerWorld e, desta forma, pode chegar a milhares de metalheads de todo o mundo. Assim foi possível o contacto com o exotismo do death metal cantado em húngaro e um conjunto de quatro temas umbilicalmente ligados entre si (ou não tivessem todas o título com o mesmo prefixo) que constituem uma unidade que mostra continuidade. São apenas quatro temas que se revelam de audição fácil e interessante o que faz com que fiquemos à espera de algo mais substancial. [72%] 



The Waymaker (THE WAYMAKER)

(2020, Melodic Passion Records)

Os The Waymaker são uma das mais novas propostas saídas do fértil solo escandinavo, embora, seja exagerado afirmar que se trata de uma nova sensação. A banda em torno do sensacional vocalista Christian Liljegren (aqui em muito bem conseguidos duetos com Katja Stefanovic) e do virtuoso guitarrista Jani Stefanovic promove o seu metal de inspiração neoclássica (bem da escola sueca) bem condimentado por linhas melódicas competentes. Para além do referido trio, Alfred Fridhagen assume a bateria e CJ Grimmark executa o solo na versão do clássico dos Stryper Soldiers Under Command. Isto num registo próximo dos nomes onde estes músicos estiveram/estão envolvidos (Narnia, Divine Fire, Golden Resurrection) e, claro, próximo do seminal trabalho de Yngwie J. Malmsteen. Poderoso e dinâmico, este álbum de estreia procura, ainda, incutir alguns elementos de modernidade que os afastem um pouco mais dos nomes citados. Isso é conseguido, embora seja, precisamente, aí onde mais se notam as fragilidades e inconstâncias deste trabalho. [75%]

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