Entrevista: Sankt Velten



Com criações musicais que não de encaixavam nos Darkness, o guitarrista Arnd resolveu por em prática o seu alter-ego, os Sankt Velten. O primeiro disco The Discreet Charm Of Evil, lançado em 2019, mostra a nova faceta do diabo – sofisticada e charmosa – num conjunto de temas diferentes da sua banda base (naturalmente), mas igualmente empolgantes. O aqui multi-instrumentista Arnd fala-nos da necessidade da existência deste projeto.

 

Olá, Arnd, como estás? O que te motivou a iniciar este teu novo projeto, os Sankt Velten?

Olá Pedro, até agora estou muito bem, tirando o facto de não poder fazer concertos. Isso deixa-me lixado. A ideia de Sankt Velten surgiu em 2014. Sempre tive muitas ideias que não se encaixavam musicalmente nos Darkness e queria colocá-las em prática. Apenas demorou algum tempo para perceber isso.

 

De onde surge esse nome da banda - Sankt Velten? Qual é o seu significado?

Sankt Velten é um termo alemão muito raramente usado para designar o diabo. Descobri isso quando li um livro da Guerra dos Trinta Anos.

 

De uma banda com cinco membros, como nos Darkness, passas para uma dupla (se não considerarmos a colaboração vocal de Catharina Damonica) nos Sankt Velten. Quais foram os teus objetivos?

Primeiro queria começar os Sankt Velten. Tinha escrito as dez músicas e queria fazer um álbum e depois procurar músicos. Conheci Piper Ibrahimovic numa tour que Eure Erben e a sua banda War-Head fizeram juntos. Piper é um baterista brilhante, um trabalhador musical meticuloso e uma das pessoas mais porreiras que já conheci. Ficou imediatamente claro para mim que ele tinha que ser o baterista do álbum. E também coproduziu e misturou. Portanto, no início não havia necessidade de mais músicos.

 

The Discreet Charm Of Evil é diferente do teu trabalho nos Darkness. Portanto, de que forma definirias este álbum para quem não o conhece?

Isso é muito difícil de explicar. De qualquer forma, para um artista é difícil descrever o seu próprio trabalho. Na maioria das reviews a música foi descrita como heavy metal, metal melódico ou power metal. A verdade está algures no meio. Para mim é simplesmente heavy metal, não preciso de nenhum outro género.

 

Referes-te a este álbum como tendo uma malícia subtil. Mas, também poderemos afirmar que este é um álbum onde o diabo mostra o seu charme?

Sim, podes dizer isso. O demónio é um sedutor e sempre exerceu uma grande atração. Eu acredito que no passado, o diabo era necessário como um menino chicoteador por todas as coisas más que a igreja e o estado fizeram. É por isso que ele foi retratado de uma forma tão assustadora. Se ele realmente existisse hoje, provavelmente seria uma pessoa bonita, charmosa e lisonjeira de fato e gravata. No álbum eu apresento-o assim.

 

Podes falar um pouco sobre o conceito - tanto musical quanto lírico – subjacente a este álbum?

Sankt Velten é o meu alter-ego musical, eu escorrego mentalmente para o papel do diabo. O diabo sempre foi responsabilizado por todos os males, ele não tem nada a perder. Desde o início foi feito para isso. Ver o mal e o horror no mundo do ponto de vista dele, liricamente, abre perspetivas muito grandes para mim. Ele sabe que o verdadeiro mal vem daqueles que o consideram responsável. Além disso, Sankt Velten é um demónio moderno. Ele não aparece com chifres, cascos, fumo e enxofre. O verdadeiro mal hoje em dia veste fatos caros e pode ser encontrado na economia, política e capital. As letras tratam desses tópicos da perspetiva do anjo caído, que não tem culpa de nada.

 

O álbum foi lançado por uma pequena editora alemã. Como tem sido a distribuição do formato CD/digital até agora?

Bem, para ser honesto, é muito difícil. A editora pertence a um grande amigo meu que dirige um estúdio. Lá eu cantei e masterizei o álbum. A editora não tem distribuição física, apenas distribuição online. A distribuição online tem sido muito boa, estamos representados em mais de 300 plataformas de download, incluindo todas as mais conhecidas. Para os CDs, trabalhamos em conjunto com pequenos distribuidores. Isso é muito trabalhoso, mas mesmo assim temos alcançado alguns pequenos sucessos. Por exemplo, uma edição no Japão será lançada sob licença da Rock Stakk Records de Osaka.

 

Haverá alguma oportunidade para termos os Sankt Velten em palco?

Claro! Tenho usado o tempo de pandemia para treinar novos músicos. Quem conhece um pouco do meu trabalho musical pode esperar um reencontro com velhos conhecidos. Mais tarde haverá mais informações. Assim que tudo acabar, também trarei os Sankt Velten a palco.

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