Esperar Pra Ver (PERPÉTUA)
(2021,
Independente)
Esperar Pra Ver começou a ser pensado no momento de formação dos Perpétua e foi tornado realidade ao longo de 2020. A sua edição veio mostrar uma jovem banda firmemente apoiada no movimento indie e pop alternativo, apostando na língua portuguesa. E se as duas primeiras músicas deixam algumas boas referências pela sua aproximação ao disco, Esperar Pra Ver acaba por mostrar muitas influências do pop/rock português dos anos 80, refletindo nomes como Rádio Macau, António Variações, Ban ou Três Tristes Tigres. Mas, excetuando essa influência disco inicial e alguma distorção mais suja em Falei de Cor, todo o álbum se desenvolve de uma forma algo monocórdica, sem grandes devaneios técnicos e sem correr grandes riscos ao nível da composição. De uma maneira geral, como o próprio título sugere, vamos esperar para ver, porque para já este é um disco que se mostra pouco arrojado, sem chama e sem intensidade, mas a banda denota ter algumas ideias interessantes, que deverá desenvolver melhor no caminho que tem pela frente. [65%]
Set The World On Fire (LIAR)
(2020,
Escape Music)
Nos meados e finais dos anos 70 os Liar lançaram dois álbuns, na altura classificados como muito bons. A NWOBHM ainda não tinha chegado em toda a sua glória, por isso a sua orientação apontava mais no sentido do classic rock, de nomes como Free ou Thin Lizzy. Set The World On Fire, com o apoio de uma grande editora, foi o segundo (e último da banda) desses lançamentos, originalmente, em 1977 e, na altura tornou-se célebre por ter sido um dos primeiros picture-discs a sair para o mercado, tendo permitido à banda fazer uma tour com os Styx. Mas decisões posteriores acabariam por deitar por terra aquele que era um projeto com enorme potencial. Porque, de facto, este álbum é muito bom. A forma equilibrada como as guitarras acústicas são introduzidas, alguns vocais numa linha Queen, a tendência para a inclusão de uma forte componente sinfónica e orquestral e alguns temas a serem inspirados pelo rock sulista (com a inclusão da slide guitar) ficaram, certamente, na memória de muitos. A tão aguardada, por muita gente, reedição deste excelente trabalho surgiu no final do ano passado pelas mãos da Escape Music, com remasterização do próprio Steve Mann, embora seja limita a 1000 cópias. Já antes, a editora britânica tinha promovido o lançamento de Sunset Plaza Drive, aquele que seria o terceiro álbum da banda, um disco gravado nos estúdios de Stevie Wonder, Crystal Studio, mas que nunca chegou a ser efetivamente lançado (embora tenha havida uma prensagem de teste em vinil, na Alemanha). [84%]
Kontra (KÄRBHOLZ)
(2021,
Metalville Records)
Com um impressionante conjunto de lançamentos (de todos os tipos), os Kärbholz são uma das mais bem-sucedidas bandas do chamado movimento deutsh rock, dos últimos 10 anos. E os seus últimos lançamentos têm todos ficado bem posicionados nas tabelas alemães. O facto de cantarem na sua língua nativa pode potenciar esse interesse no seu país que não é acompanhado além-fronteiras. Quanto a Kontra, o seu mais recente lançamento, o quarteto volta a apostar em temas curtos, crus, diretos, que certamente resultarão ao vivo e que assentam em estruturas de punk rock com alguma agressividade vocal, muita energia e atitude, riffs pesados e barulhentos. E assim se apresentam durante a primeira metade, quase sem grandes mudanças. Estas surgem depois. Elementos acústicos, violinos, harmónicas, influências celta, baladas e um florescimento de sentimentalidade que julgávamos inexistente. A segunda metade de Kontra, de facto, confere outro dinamismo sem perder a essência da banda. [74%]
Turn On The Power (MINDLESS SINNER)
(2020,
Pure Steel Records)
Depois do álbum Poltergeist, do ano passado, a Pure Steel Records tem promovido o relançamento dos primeiros trabalhos dos Mindless Sinner em vinil. Primeiro foi o EP Master Of Evil de 1983, ainda em 2020, e agora será a vez do primeiro longa-duração da banda sueca, Turn On The Power, de 1986. Mais de trinta anos se passaram, mas toda a magia do metal clássico daquela década está lá presente. As influências dos Judas Priest, da NWOBHM, dos Riot e dos Twisted Sister misturam-se neste disco que em pouco mais de meia hora promete por os verdadeiros fãs do metal a saltar. E é ouvindo estas pérolas do seu passado que se percebe como é que, atualmente, os Mindless Sinner criem metal tradicional da forma que apresentaram em Poltergeit. Quanto a esta reedição em vinil, é mais um documento histórico (e musical) de inegável valor. [85%]
Clad In Black (HELSTAR)
(2021,
Massacre Records)
O primeiro sinal da nova vida dos Helstar na sua nova casa, a editora germânica Massacre Records, foi dado com o single Black Wings Of Solitude lançado em outubro de 2020. Um novo lançamento surge agora em formato duplo e de nome Clad In Black. O primeiro CD inclui os temas já presentes no single (o tema título e a cover dos Black Sabbath, After All (The Dead)), dois temas novos e, por sinal, indicadores de uma orientação musical muito bem cuidada e trabalhada (Dark Incarnation (Mother Of The Night) e Across The Raging Seas) e duas novas e estonteantes versões para Restless And Wild (Accept) e Sinner (Judas Priest). O segundo CD traz, na sua totalidade, o álbum conceptual em torno da vida do Conde Drácula, Vampiro, o seu mais recente longa-duração de originais, lançado em 2016 pela EMP. Com uma temática muito orientado para as trevas, não podemos deixar de referir que todos estes temas (os já existentes, as versões e os novos) brilham de uma forma intensa. E isso deixa boas indicações para um próximo álbum de originais. [90%]
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