Um dos aspetos mais curiosos dos Divine Weep é a sua
mistura entre heavy metal tradicional e black metal. Por isso, The
Omega Man é um disco que tanto pode agradar a uma vertente como à outra,
sendo que a junção está tão bem conseguida que, desde logo, é o garante de até
conseguir agradar aos dois. Sendo um disco que demorou cinco anos a criar,
fomos saber junto do baixista Janusz Grabowski como decorreu todo o processo,
sem esquecer de questionar o que faz um refrão em espanhol numa banda polaca.
Olá, Janusz, tudo bem? Em primeiro lugar, podes apresentar os
Divine Weep aos metalheads portugueses?
Olá! Estamos todos bem, obrigado. Apenas à
espera que a pandemia acabe para podermos finalmente fazer uma pequena tournée
para promover o nosso último álbum, The Omega Man!
Cinco anos depois, aqui estão de novo com uma nova dose de metal. Como olhas para The Omega Man, agora que cerca
de um ano se passou desde o seu lançamento?
Ainda gostamos dele, com certeza. Não o
ouvimos com muita frequência e também não fizemos tantos ensaios como
costumávamos fazer, mas quando finalmente nos reunimos para tocar algumas
músicas, ainda ficamos felizes com o resultado final e tocar essas malhas
divertiu-nos muito.
Existe algum conceito por trás de The Omega Man?
Bem, não é um álbum conceptual típico.
Musicalmente, a maior parte foi criada depois do nosso vocalista atual, Matt, após
se ter juntado à banda - com exceção de Riders Of Navia, que foi
originalmente apresentada no nosso EP de estreia em 2012. A maioria das letras
foi escrita por Matt e tocam em tópicos diferentes, embora na verdade duas
delas - Walking e a faixa-título - sejam ambas inspiradas no romance I
Am Legend de Richard Matheson.
Porque é que The Omega Man tem o
refrão em espanhol?
(Risos) Boa pergunta! Na verdade, surgiu da
improvisação de Matt, que estava a cantar em torno dessa melodia com algumas
palavras inventadas. Ele tinha essa palavra “orfanato” recorrente, achou que
devia significar alguma coisa (o retorno obsessivo dessa palavra) e decidiu
construir a frase inteira em espanhol em torno dela. O engraçado é que nenhum
de nós fala espanhol (incluindo Matt), por isso teve que passar um tempo com
isso (risos). Ainda achamos que o resultado é ótimo e o espanhol encaixa
perfeitamente.
O que é que têm feito durante este período de cinco anos entre
os álbuns?
Estivemos principalmente no processo de
alternar entre os vocalistas. Depois de gravarmos Tears Of The Ages, o nosso
vocalista Igor deixou a banda. Já tínhamos a tournée agendada, pelo que
tivemos que encontrar o vocalista adequado e nem todas as escolhas resultaram
boas - eventualmente tocamos com um total de 3 vocalistas durante toda a tournée.
O último foi Matt e foi definitivamente a nossa melhor escolha - depois dos
últimos espetáculos da tour, no final de 2017, começamos a trabalhar nas
novas músicas juntos, fazendo alguns espetáculos independentes em toda a Polónia
e Alemanha nesse entretanto.
Uma das primeiras e mais visíveis mudanças é que vocês já não
são uma banda de black metal. Quando e por que essa metamorfose começou a acontecer no
vosso som?
Na verdade, Divine Weep apenas foi
uma banda de black metal durante os seus primeiros anos, ou seja,
1995-1999. Depois disso, os membros fundadores (o guitarrista Bartek Kosacki
e o baterista Daro Karpiesiuk) tiveram uma longa pausa na atividade
musical e reformaram a banda em 2011, e, desta vez, como uma unidade de heavy
metal, já que, nessa altura, Bartek estava mais influenciado por bandas
como Scorpions, Iron Maiden e Def Leppard. Desde então, as
suas raízes de black metal têm ressurgido e a peculiar mistura de heavy
metal com elementos extremos em The Omega Man é o resultado.
Considerando este caminho evolutivo, onde poderão os Divine Weep
chegar no futuro?
Acho que continuaremos no caminho de
misturar heavy metal clássico com as nossas raízes black metal.
Todos nós passamos do heavy metal excessivamente doce e melódico e nos
inclinamos mais para elementos mais thrash/speed/extremos.
Esse futuro inclui a continuação de The Omega Man? Já estão a trabalhar nisso? Se sim, o que nos podes adiantar?
Na verdade, neste momento, fizemos uma
pequena pausa no trabalho no novo material para nos concentrarmos mais nos nossos
objetivos individuais. Por exemplo, eu estou a trabalhar a tempo inteiro no meu
estúdio de gravação, HiGain Studio. Parece que a falta de espetáculos resultou
em muitas bandas a trabalhar nas suas coisas, por isso tenho mais projetos e pedidos
do que nunca! Matt também está a crescer com a sua editora Ossuary Records
e atualmente está a trabalhar no novo álbum da sua outra banda, Hellhaim.
Após a gravação do álbum, fizemos uma longa pausa de tocar e recentemente
começamos a ensaiar as músicas, já que talvez dentro de alguns meses finalmente
seremos capazes de fazer alguns espetáculos. Novas músicas chegarão quando for
a altura, provavelmente não antes de 2022.
Por falar em futuro, o que têm planeado para quando estes
tempos de pandemia acabarem?
Fazer uma tournée, porra! Além da
programação obrigatória de shows na Polónia, provavelmente iremos
visitar a Alemanha, onde tocamos algumas vezes no passado - temos ótimas
lembranças desses momentos!
Muito obrigado, Janusz! Queres enviar alguma mensagem para os
vossos fãs?
Obrigado pela entrevista, Pedro! Mantenham-se
saudáveis e não deixem a pandemia derrubar-vos! Esperamos que tudo volte ao
normal em breve e um dia nos veremos de baixo de um palco. Visitem as nossas
redes sociais para mais novidades! Stay metal!
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