Reviews: Robert Jürjendal, Imperia, Powergame, Winterleaf, Vrademargk


Vesi Leiab Tee/Water Finds A Way (ROBERT JÜRJENDAL)

(2021, New Dog Records)

Diz-se que a música instrumental tem o poder da imaginação. Até certo ponto é verdade, mas não propriamente com Vesi Leiab Tee/Water Finds A Way do guitarrista estónio Robert Jürjendal. De facto, este disco é a continuação da conceção de uma abordagem colorida que o instrumentista tem feito com a sua guitarra. Só que desta vez, os tons parecem mais esbatidos, as harmonias menos inspiradas e as linhas melódicas menos conseguidas. De uma forma cinematográfica, muitas vezes intimista e minimalista, e outras bastante mais experimental, Vesi Leiab Tee/Water Finds A Way procura, por um lado, criar ambientes e, por outro, criar texturas que possam ser utilizados em ambientes. E nesse aspeto afasta-se da tendência mais rockeira do seu álbum anterior, Simple Past (Strangiato Records, 2016), de tal forma que agora a bateria até deixou de ser usada, com exceção de algumas percussões programadas. O resultado é que acaba por ser menos apelativo. [69%]



The Last Horizon (IMPERIA)

(2021, Massacre Records)

Mesmo num formato de um longo duplo álbum, The Last Horizon, o mais recente trabalho dos Imperia, revela-se como o seu mais épico. The Last Horizon revisita diversos estilos, desde o rock gótico a canções de metal, passando por belas baladas e elementos folk e até um momento – To Valhalla I Ride – com influência viking. Este é o sexto álbum da banda liderada por Helena Iren Michaelsen e onde se estreia o baterista Merijn Mol, sendo que merece destaque a presença de Henrik Perelló, da Finnish National Opera Orchestra a tocar violino em Starlight e Where Are You Now. Outro convidado é John Stam que faz o solo de guitarra em Only A Dream. [70%]



The Lockdown Tapes (POWERGAME)

(2021, Iron Shield Records)

Quem tem como mascote uma figura que usa máscara fica logo em vantagem nestes tempos estranhos que vivemos. Brincadeiras à parte, o confinamento retirou as bandas dos palcos, mas aumentou o trabalho de criação. Por isso, os Powergame, a banda da mascote com máscara, El Diablo Negro, lança The Lockdown Tapes, um EP de cinco temas com muito para dizer: serve de apresentação do novo guitarrista, Marc-Philipp Längert que já deixa um ar da sua graça; tem como finalidade diminuir a ansiedade dos seus fãs entre lançamentos, enquanto não chega o sucessor de... Masquerade; conta com a participação de Jarvis Leatherby, dos Night Demon, que compartilha o microfone com Matthias Weiner em Shellschok, tema original dos Tank, aqui com uma vibrante interpretação; finalmente, mostra alguns novos apontamentos na sua evolução criativa com o épico de quase 9 minutos, Vengeance From The Grave, num misto de Bathory com Manowar. Portanto, um EP lançado em tempo de confinamento e pandemia, que deixa muitas pontas soltas à procura de respostas num próximo longa-duração. [80%]



Leaves Of Winter (WINTERLEAF)

(2021, Independente)

Elias Elias, membro dos Ephemeral, banda grega de death metal melódico, regressa com um novo projeto no formato one-man-band. Chama-se Winterleaf e, naturalmente, é o resultado destes tempos de confinamento. O primeiro EP, Leaves Of Winter, recupera muito do trabalho melódico dos Ephemeral, embora consiga ter uma abordagem mais doom e menos death metal. São três temas, um dos quais uma introdução, onde Elias assume todos os instrumentos, sendo a exceção o tema Darkest Of My Days, que conta com a colaboração do guitarrista dos Paladine, John Kats. O trabalho de guitarra é excelente, as linhas melódicas são bastante apelativas e todos os ambientes criados são perfeitamente negros e angustiantes. Uma muito boa estreia, portanto. [85%]



Arrelats (VRADEMARGK)

(2021, Independente)

Oito anos sem um disco. Mudanças de line-up, recuos, pedras no caminho, desânimo. Mas os Vrademargk fizeram vingar a sua vontade de voltarem a marcar forte presença. E aí está Arrelats, o seu mais recente disco e que se revela iniciador em muitos aspetos - pela primeira vez em formato quarteto e pela primeira vez totalmente cantado em catalão; e o oposto noutro – o regresso do baixista Germán Padierna. Mais forte e profundo que nunca (com a natural ajuda da utilização da sua língua própria), Arrelats apresenta um conjunto de canções death metal onde a força e a brutalidade se conjugam com a fineza dos arranjos e as linhas melódicas em temas com sucessivas mudanças rítmicas. Orgânico, dinâmico e genuíno, Arrelats mostra-se devastador quando tem que ser, épico quando assim é preciso e até momentânea e pontualmente introspetivo. [76%]

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