Entrevista: Angstskríg



São apontados como a nova esperança do metal extremo do norte da Europa. E Skyggespil é o nome do seu trabalho de estreia, uma edição a cargo da Despotz Records. Vestem-se de negro, não mostram a face mantêm o anonimato. Para já fica a saliência da sua música e esta entrevista com um dos membros anónimos dos Angstskríg.

 

Obrigado pela disponibilidade e parabéns pela estreia, Skyggespil. Em primeiro lugar, podes apresentar a banda aos black metalheads portugueses?

Sim, somos os Angstskrig de Copenhaga, Dinamarca. Tocamos tudo o que seja black - black n roll, black metal, blackened death, mas o núcleo é black. Negro como eu. Começamos a banda em 2019 quando começamos a compor, fomos para o estúdio e agora, dois anos depois, estamos prontos para lançar o nosso álbum de estreia.

 

Mas o vosso trajeto começou há décadas. O que aconteceu neste intervalo? Por que pararam a vossa atividade?

Sabes como é, a vida aconteceu. Fomos criados juntos. Estudamos com o mesmo mentor, aprendemos a ser criativos juntos, mas a vida acontece e leva-te por caminhos diferentes, mas a separação foi apenas na área criativa das nossas vidas. Mantivemos sempre contacto próximo, a criatividade junto com a vida profissional e a vida académica. Seguimos caminhos diferentes, mas sempre esteve nas nossas mentes que nos reuniríamos mais uma vez e seríamos criativos juntos. Em 2019 chegou a altura de juntarmos forças e começarmos a criar novamente.

 

Podemos dizer que os caminhos que levaram à vossa separação também levaram à vossa reunificação?

Pode dizer-se isso, sim. Precisávamos ter experiências separadas para continuar o nosso processo criativo juntos.

 

São apontados como a próxima grande esperança da cena do metal extremo nórdico. O que vos diferencia das outras gerações do estilo? O que adicionam ao género e o que mantém?

Acho que guardamos a maior parte, Angstskrig está nas nossas vidas, somos a consequência de décadas de história do metal. Não pretendemos criar algo completamente novo. A nossa singularidade é a maneira como colocamos as diferentes partes e peças juntas que colecionamos de outros artistas. A forma como o montamos é única, mas não inventamos algo completamente novo.

 

Tanto o nome da banda quanto o nome do álbum estão na vossa língua nativa. O que significam? Por que decidiram usar o dinamarquês?

Angstskrig significa um grito de angústia. É uma palavra que esteve sempre nas nossas mentes, desde que éramos muito pequenos. Porque esta era uma palavra difícil na escola, porque é a palavra em dinamarquês que tem mais consoantes consecutivas. E quando quisemos encontrar o nome, na verdade não precisámos pesquisar muito, porque da maneira como soamos e parecemos, esse nome encaixa perfeitamente. E Skyggespil, o título do álbum, é Shadow Play. Escolhemos esse título porque Skyggespil é uma espécie de diagnóstico da modernidade. É a forma como pensamos como pessoas modernas. Pensamos que é de alguma forma superficial, não chegamos à realidade das coisas. Tendemos a estar num estado metafísico em algum lugar nas clouds e não na terra. É por isso que escolhemos o título Skyggespil. É uma imagem muito forte nas nossas mentes. A razão pela qual usamos a nossa língua nativa é a melhor maneira de nos expressarmos. Conhecemos as nuances desta língua, não sabemos inglês tão bem como dinamarquês. É para nos comunicarmos melhor, que escolhemos o dinamarquês.

 

Aposto que também é melhor criar paisagens na tua própria língua do que em inglês…

Exatamente, exatamente…

 

Como conseguiram incluir estes músicos de nomeada na vossa estreia?

São amigos nossos e não sabemos como fazer um solo decente, somos péssimos em solos. Felizmente, temos bons amigos que poderíamos chamar, convidá-los para participarem e fazerem parte do projeto. Estavam disponíveis e estou muito agradecido pela sua contribuição. Levaram estas músicas e este álbum para um novo nível. Sabíamos que eles eram bons, mas não sabíamos que eles eram tão bons. Estamos muito agradecidos. Foi apenas a distância de um telefonema. São muito bons amigos.

 

Skyggespil e Lucifer Kalder foram os dois primeiros vídeos retirados deste álbum. Por que estas escolhas?

Porque pensamos que eram as músicas que queríamos que o mundo ouvisse primeiro. Não são representativos do álbum completo. Têm a sua vida própria, mas são partes separadas de um todo. Só porque achamos que, naquele momento, aquelas duas músicas eram as mais fixes. E ainda achamos. Era do género - aqui vamos nós, mundo. Sentimos que essas eram as escolhas certas.

 

Atualmente estão envolvidos em mais algum projeto?

Nós, não. Mas de outras formas, sim. (risos)

 

Por que razão se apresentam sempre de preto?

Sentimos que é assim que a nossa música se parece. Queríamos incorporar a música e foi isso que resultou. Talvez escrevamos um álbum disco a seguir e então teremos outro aspeto. Mas é assim que a nossa música está agora.

 

Quais são os principais objetivos que gostariam de cumprir quando esta pandemia acabar?

Queremos ir para a estrada. Queremos levar a nossa música às pessoas. Queremos conhecer as pessoas. Queremos cheirar as pessoas e depois queremos que nos cheirem. O primeiro objetivo é ir para a estrada. E isso pode ser duro suficiente, pelo que se vê agora. Já temos novas canções escritas, por isso pretendemos divertir-nos ainda mais e produzir ainda mais música e álbuns. Para tocar em espetáculos cada vez maiores. O objetivo é divertir-nos o máximo possível.

 

Obrigado! Queres enviar alguma mensagem para os vossos fãs?

Sim, estou ansioso por vos ver a todos. Já vai muito tempo.



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