Entrevista: Feanor



Foram cinco anos, mas valeu bem a pena. O novo álbum dos Feanor, Power Of The Chosen One é um claro passo em frente em relação a We Are Heavy Metal. Com um novo baterista que, efetivamente, é um regresso, com David Shankle (Manowar) como membro oficial e permanente dos argentinos e com o microfone novamente entregue a Sven D’Anna (Wizard), este é uma demonstração de verdadeiro metal, como aliás toda a entrevista que Gustavo Acosta nos concedeu. 

 

Olá, Gustavo, obrigado pela oportunidade. Como estás desde a última vez que conversamos, em 2016? Novo álbum lançado, uma nova obra-prima do verdadeiro metal. Quais são as tuas primeiras impressões a respeito de Power Of The Chosen One?

Olá, Pedro! É um prazer conversarmos novamente! Estou muito satisfeito com o resultado geral até agora e o feedback positivo da comunidade metal. Depois do nosso álbum anterior, foi muito importante e relevante para nós darmos um novo passo sólido à frente para consolidar a nossa direção e validar a nossa presença na comunidade metal. Estou certo de termos conseguido isso.

 

Em 2016, com We Are Heavy Metal, tiveste o David Schankle como convidado; agora é membro pleno da banda... Deve ser uma verdadeira honra para ti e para todos os fãs de metal argentinos ter uma lenda como ele a tocar nos álbuns de Feanor?

Sim, foi realmente agradável compor este álbum tendo-o a bordo. O processo de composição e trabalhar com ele não foi nada além de puro prazer e surgiu suavemente como a seda sobre o corpo de uma senhora nua numa noite árabe.

 

Como e quando conseguiram os Feanor convence-lo a entrar para a banda?

Depois do nosso último espetáculo no Brasil na primeira tournée que fizemos juntos, apresentei-lhe a ideia de trabalharmos juntos, não como convidado, mas juntos como membro pleno para recriar connosco os seus dias dos Manowar, saindo do seu sistema as músicas que ele tinha em mente para os Manowar. Ele concordou, já que os Feanor são o coletivo perfeito para cultivar material de metal verdadeiro.

 

Portanto, já se comprometeu totalmente com o processo criativo deste álbum?

Sim, a primeira música que ele fez nos Manowar foi Ride The Dragon e a primeira música que ele apresentou sobre a mesa para os Feanor foi Rise Of The Dragon, na qual fiz todas as letras refletindo o seu tempo passado, presente e futuro e Sven fez todas as melodias vocais. É claro que todos contribuíram para a faixa, incluindo o nosso baterista com os seus grooves e cortes. Depois surgiu com Fighting For A Dream mais ou menos exatamente o mesmo que em Rise Of The Dragon e em cada música ele contribuiu com alguma coisa ou ideia.

 

Olhando para este álbum, ele apresenta metal real e verdadeiro, mas também muito diversificado. O que te motivou a apresentar o álbum dessa forma? Trabalhaste especificamente neste aspeto ou simplesmente aconteceu?

Aconteceu assim, já que algumas faixas nasceram após as ideias de Sven, algumas outras de David e o resto de mim e do Scorpion. Cada um de nós tem a sua própria assinatura e acho que isso insufla um ar fresco ao álbum como um todo.

 

The Return Of The Metal King é a vossa música mais longa já escrita. Podes descrever a experiência de compor uma música de 20 minutos como esta?

Sim, eu já tinha toda a ideia na minha cabeça antes de gravar qualquer coisa. Eu queria fazer aquela música uma experiência de “olhos fechados”, onde descobres novos sons e detalhes conforme te concentras na música e repetes a faixa. Também sabia que não queria estragar o sentimento geral com solos irritantes. Foi muito importante para mim ter a sensação de “o que vai acontecer agora”. Queria surpreender com novas paisagens musicais ao virar da esquina, por isso, no início tens o meu baixo acústico, depois tens uma música doom, o meu baixo acústico novamente juntamente com a guitarra clássica de David e Scorpion. E, depois, vamos com força total com uma secção de alta energia, antes de desaceleramos novamente.

 

Este álbum também marca a mudança de baterista, já que Frank era apenas um músico de sessão. Desde quando está o Emiliano na banda?

Emiliano gravou o primeiro álbum dos Feanor, Invincible, em 2005 e também fizemos alguns outros discos juntos noutra banda chamada Montreal, portanto, ele faz parte da família Feanor e é um verdadeiro prazer tê-lo de volta, já que é a mesma sensação de um sapato velho, onde enfias o pé e nada funciona mal. Ele está totalmente adaptado, é rápido, é louco, é esperto, gosta de beber - tem todos os ingredientes necessários aos Feanor.

 

Continuando no aspeto dos músicos, contas, mais uma vez, com o mago Sven D’Anna para os vocais. Podemos considerá-lo o frontman ideal para os Feanor? E também pode ser visto como um membro Feanor a tempo inteiro?

Ele é meu irmão, comi o pão dele na casa dele, bebi a cerveja dele e passei muitos bons momentos com a família dele. Ele é muito mais que um cantor, é um verdadeiro irmão do metal. Lembra-te que a primeira vez que tocou nos Feanor foi há 20 anos no álbum de 2000 Esto Es Para Vos, onde gravou a música Houses Of Fire. Desde então, o nosso relacionamento é muito longo e resistente ao teste do tempo- Também para mim foi um verdadeiro privilégio ter gravado e composto duas músicas para o seu novo álbum com os Wizard, que, aliás, chegou aos tops oficiais alemãs pela primeira vez! Uma verdadeira honra para mim.

 

No que diz respeito à instrumentação, podemos ver que usas alguns instrumentos antigos e tradicionais. É a primeira vez? Qual foi o objetivo desta abordagem?

Eu senti necessidade de elevar a fasquia em termos de execução e instrumentação para decorar adequadamente a canção The Return Of The Metal King, com ornamentos e um sabor mediterrâneo particular. Portanto, tocar o oud e bouzouki para mim foi uma jornada realmente única. Tive aulas com as pessoas certas e passei muito tempo a aprender os segredos destes instrumentos e, novamente, espero que os ouvintes gostem dessa dinâmica.

 

E também tem um coro com 40 vozes. Isso torna o vosso som ainda melhor e mais épico, não concordas?

Porra, sim, foi tão porreiro pedir a cantores profissionais e coristas e ver e perceber como depois das suas intervenções a música foi para um nível diferente, foi realmente incrível.

 

Também tens um pianista convidado, Juan Roleri. Qual é o seu papel no álbum?

Juan é um pianista treinado em música clássica, é muito famoso na Argentina e é um bom amigo meu. Eu toco piano e compus todas as partes e arranjos de piano, mas senti que um pianista clássico treinado poderia adicionar um tom especial à faixa Mirror, portanto convidei-o para tocar a minha partitura naquela seção e claro, foi uma performance fabulosa e sincera.

 

Gravaram na América do Sul, EUA e Alemanha. Como foi feita a gestão de todo o processo nestes tempos complicados?

Foi difícil, mas superamos. David tem o seu próprio estúdio e Sven também. Contratamos o estúdio mais caro aqui e todos nós criamos este álbum bem oleado. Eu tenho um amigo na DUKE TV, ele adora molho picante e disse-me que esse álbum é mais quente do que tudo que ele provou, portanto, o bom resultado é uma coisa comprovada.

 

E a partir de agora, o que está a banda a preparar para os próximos meses?

É difícil fazer tournées, portanto, provavelmente começaremos a compor novas músicas, e tentaremos treinar mais em termos de bebida para ter uma preparação consistente no verdadeiro espírito do metal antes de realmente começar a escrever qualquer coisa.

 

Obrigado, Gustavo, mais uma vez, foi uma honra fazer esta entrevista. Gostarias de deixar alguma mensagem para os vossos fãs?

Em primeiro lugar, quero agradecer a oportunidade de estar no teu site, claro também graças ao nosso selo Massacre e ao seu apoio. Se algum leitor tiver curiosidade sobre a nossa música não deixe de nos procurar, pois estamos presentes em todos os meios de comunicação. Sites, Spotify, Facebook, Youtube, o que quiserem. Se nos quiserem encontrar, com certeza conseguirão. Continuem a apoiar a música metal e vamos tentar ficar juntos como uma família do metal até que possamos fazer uma tournée e nos encontremos novamente tomando uma cerveja como verdadeiros metaleiros.



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