Não é muito vulgar, mas há hard rock em Malta! E os Upper Lip,
nome que agora nos ocupa, mostram que não têm medo de fazer frente aos maiores
nomes dos maiores países criadores deste estilo. Deep Within é a estreia
de uma banda que já acumula uma assinalável experiência, apresentando doses
maciças de um hard rock clássico assente nos grandes nomes dos anos 70 e
80. Para percebermos como é a vida de uma banda no arquipélago, fomos conversar
com o guitarrista solo Joseph Azzopardi.
Olá,
Joseph, tudo bem? Parabéns pela vossa estreia e obrigado pela tua disponibilidade.
Antes de mais, podes apresentar a banda aos rockers
portugueses?
Olá, Portugal e muito obrigado pelos
votos de felicidades. Somos os Upper Lip, uma banda de rock de
Gozo, Malta. Upper Lip começou esta jornada em 2013. Já tocou em vários
festivais pela ilha e tem muitos seguidores localmente. Upper Lip também
recebeu um feedback muito bom internacionalmente no seu álbum de estreia
Deep Within. O quinteto é composto por Chris Portelli nos vocais,
Joseph Azzopardi como guitarrista principal, Silvio Cini na
bateria, Marcel Paul Grima no baixo e Paul Cini na guitarra ritmo.
A banda Upper Lip é altamente influenciada por clássicos do rock
dos anos setenta e oitenta.
Upper
Lip é um novo e empolgante projeto. Podes contar-nos como tudo começou?
Bem, basicamente, a história remonta a
quase oito anos atrás. Naquela altura, Chris estava a ensaiar na garagem do seu
pai com alguns amigos. Eles tinham uma banda e estavam a aprender a tocar Highway
To Hell. Joe já tocava com uma banda de música country e
ocasionalmente tocava com outras bandas também. Chris convidou Joe para se
juntar à banda e eles começaram a fazer covers principalmente de AC/DC
e Led Zeppelin. A banda acabou depois de alguns meses. No entanto, Joe
achava que, juntamente com Chris, eles formariam uma nova banda com outros
músicos, mas demorou quase um ano para encontrar as pessoas certas. Foi nessa altura
que Joe conheceu Marcel e Silvio, que estavam numa banda com dois músicos que
mais tarde se tornariam membros fundadores da banda local de thrash Ascendor.
Marcel e Silvio juntaram forças com Chris e Joe e começaram a ensaiar na casa
de Silvio. Mais tarde, Chris encontrou Paul Cini numa festa, ele juntou-se à
banda e nasceram os Upper Lip.
Sendo
que a banda nasceu em 2013, porque demoraram tanto para lançar o primeiro disco?
Sim, demorou um pouco. Queríamos
produzir um álbum profissional. Isso exigiu uma quantia considerável de
dinheiro para o poder financiar. Para isso, a banda começou a fazer versões e a
tocar ao vivo o máximo possível. Upper Lip incluiu alguns originais durante
os espetáculos ao vivo, mas foi necessário mais trabalho antes de entrar em
estúdio. Antes do álbum Deep Within, a banda também lançou o seu
primeiro single em agosto de 2017. Foi então que nos começamos a
preparar para o estúdio e para o lançamento de um álbum completo. Infelizmente,
nesse período Silvio teve que deixar a banda por alguns motivos pessoais. Foi
quando Shaun Axiaq se juntou à banda e gravou cinco faixas connosco, mas
saiu depois de um ano. Paul Formosa juntou-se depois de Shaun e gravou o
resto do álbum. Originalmente, planeávamos lançar o álbum em 2020, mas depois de
ter surgido a pandemia, adiamos para 2021. Estamos felizes que finalmente tenha
sido lançado!
Que
outras experiências tiveram antes de Upper Lip?
Upper Lip foi
principalmente a primeira banda de rock para a maioria dos membros.
Silvio tocava com uma banda local, enquanto Joe tocava com um cantor country
chamado The Gozo Boy e às vezes também com outros cantores. Chris estava
num coro religioso quando era mais jovem e Marcel tocou numa banda da escola.
Paul Cini também esteve durante algumas semanas numa banda, mas depois
comprometeu-se com os Upper Lip.
De
que forma surge o nome da banda? Tem algum significado particular?
Criar um nome para a banda não foi fácil.
Passamos meses a discutir possíveis nomes que soassem bem e que também fizessem
sentido para nós. Foi quando estávamos agendados para tocar no nosso primeiro espetáculo
juntamente com duas outras bandas locais e que tivemos que pensar rapidamente
num nome. Joe começou a olhar para as influências e estava a passar pela sua
coleção pessoal de CDs quando encontrou o álbum Stiff Upper Lip dos AC/DC.
Já que os AC/DC são os nossos maiores heróis, foi apropriado, de alguma
forma, dedicar-lhes o nome da banda. Assim, Joe teve a ideia de usar o Upper
Lip. O nome soa glam, soa bem e exemplifica este género que gostamos
de tocar.
A
banda vem de Malta, um país sem tradições de hard
rock. Como é o dia a dia de uma banda de hard rock nas Ilhas?
Pode dizer-se que o hard rock não
é a música mais popular das ilhas. Apesar disso, no passado, houve numerosos grupos
de hard rock que lançaram as suas próprias músicas. Além disso, ainda
existem muitas pessoas que valorizam este tipo de música. Ser uma banda de hard
rock numa ilha pode ter os seus constrangimentos, nomeadamente nas
oportunidades ou na exposição em locais de maior dimensão. No entanto, isso
também ajuda a construir um tipo de resiliência.
Já
falaste dos AC/DC, mas que outros nomes ou movimentos citarias como as vossas principais
influências?
Temos muitas influências que vão desde rock,
metal, folk e até música country. Como mencionado
anteriormente, as bandas de rock clássico dos anos setenta e oitenta
desempenham um papel fundamental em termos de influência. Estes são alguns dos
principais nomes que admiramos: Led Zeppelin, Guns n ’Roses, AC/DC,
Rory Gallagher, Rush, Captain Beyond, Kiss, Rolling
Stones e muitos mais. Essas influências ajudaram a banda a aprimorar o seu
próprio som.
Como
definirias Deep Within para os leitores que não vos
conhecem?
Deep Within é um álbum
muito eclético. É composto por 11 faixas, que variam do full on hard rock
ao folk e soft rock. Há uma vibração no álbum que o torna fácil
de ouvir e interessante. Combina riffs de guitarra, solos, vocais de hard
rock e harmonias para criar uma mistura de rock que agrada a todos.
É um álbum que arrasa, que apela às emoções e tem uma vibe com a qual as
pessoas se identificam.
Como
decorreram as sessões de escrita e gravação? Correu tudo como planeado?
As sessões de gravação foram uma grande
aprendizagem para nós. Efetivamente aprendemos muito! Foi a nossa primeira vez num
estúdio desse calibre e planeamos gravar o álbum ao vivo. No início, foi
difícil, até que nos habituamos ao processo de gravação real. David Vella,
o nosso produtor, foi muito paciente connosco e meticulosamente mostrou-nos os
meandros da gravação. Depois de alguns dias, acertámos e gostámos muito. O
único contratempo que tivemos foi que o nosso baterista da época Shaun Axiaq
teve que deixar a banda, mas conseguiu gravar cinco faixas. Felizmente, Paul
Formosa da banda de thrash metal Ascendor entrou em cena e
completou o resto do álbum.
Como
foi o vosso resultado final na votação do concurso Battle
Of The Bands?
Não foi mau, acho que terminámos em 4º!
Obrigado pela oportunidade.
Mais
uma vez, obrigado Joseph. Foi uma honra fazer esta entrevista. Queres deixar
alguma mensagem para os teus fãs ou adicionar algo a esta entrevista?
Em primeiro lugar, muito obrigado Pedro
Carvalho. Além disso, também gostaríamos de agradecer aos nossos amigos e fãs
pela compra ou estreia do álbum e também pelo merchandising e se alguém
estiver interessado em obter uma cópia, podem visitar www.upperlipmusic.com.
Esperamos que a pandemia acabe rápido para que todos vocês possam ver-nos tocar
ao vivo. Mais uma vez, obrigado pelo vosso imenso apoio e continuem a arrasar!
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