Reviews: Reylobo, Helltrail, Insane, Balmog, Morphium

 

El Octavo Pecado (REYLOBO)

(2021, Duque Promociones)

El Octavo Pecado é a proposta de estreia de mais um jovem coletivo espanhol, os Reylobo, que se assumem como praticantes de metal melódico, na linha do que fazem os seus compatriotas Saratoga ou Avalanch ou nomes mais internacionais como Avantasia ou Kamelot. Dentro desta linha, El Octavo Pecado surpreende pelas suas linhas melódicas, pela inclusão de belas texturas de piano e pelo trabalho de guitarra quase sempre executado de forma sofisticada. Todavia, este disco acaba por ser traído por três fatores que deveriam ter sido mais bem trabalhados e que afetam, de forma profunda, o resultado final: a introdução da eletrónica não é consistente com a restante instrumentalidade; fica sem se saber o porquê de Origen – curto e espetacular tema – estar colocado onde está, quebrando o ritmo; e, finalmente, o trabalho vocal com bastantes falhas e muito longe do exigível. [73%]


 


Always Shoot Twice (HELLTRAIL)

(2021, My Redemption Records)

Off A Six Foot Town foi o disco de estreia dos Helltrail que, na altura, se mostrou deveras competente na sua abordagem groove/thrash metal. Passaram dois anos e a banda alemã, aproveitando a pandemia, volta à carga. Desta vez com Always Shoot Twice, EP de apenas 4 temas e que serve para demonstrar o que o coletivo tem andado a criar. E o que tem andado a criar é muito bom. Mantendo as suas caraterísticas intactas – ritmos cheios de groove e passagens catchy – os Helltrail refinaram o seu aspeto na composição. São apenas 4 temas, é certo, mas, de uma forma global, as canções são mais consistentes. Destaque, ainda, para a inclusão do registo acústico em The Man In The Mirror a abrir outra via de exploração sonora futura. Um futuro que, face ao aqui apresentado, se aguarda com expetativa. [86%]


 


Victims (INSANE)

(2021, Dying Victims Production)

Victims é o segundo disco dos suecos Insane, banda que ao longo de uma década (entre dois EPs, três demos, um split, uma compilação e um álbum – Evil datado de 2017) tem sido sinónimo de thrash metal dark, sujo, sujo e claramente old school. Liricamente, Victims foca-se no obscuro submundo de assassinos suecos, invocando um aspeto ainda mais negro que o seu antecessor. Musicalmente, traz-nos uma bateria tresloucada, ritmos frenéticos, excelente trabalho ao nível dos riffs, harmonias a duas guitarras e solos, mas um registo menos conseguido no campo vocal. Os temas desenvolvidos (muitos acima dos cinco minutos), permitem ir incluído algumas nuances técnicas que enriquecem a sonoridade global. Finalmente, uma produção analógica, suja e pouco elaborada confere uma sensação de pureza ao thrash criado por este coletivo. [70%]



Eve (BALMOG)

(2021, War Anthem Records)

Sendo dos mais antigos coletivos do black metal espanhol (nasceram na Galiza em 2003), o seu pecúlio não é muito vasto, estando maioritariamente distribuído por demos, splits e EPs. Eve, quarto longa-duração, é o seu trabalho mais recente e volta a trazer aquelas atmosferas frias e terroríficas que sempre caraterizaram o quarteto. O black e o death metal cruzam-se, assim, de forma indistinta, mas sempre com intenção de ferir e violentar. Ainda assim, os galegos conseguem em muitos momentos ferir sem necessidade de serem brutos. Porque mesmo nesses momentos mais tranquilos, a sua frieza é assustadoramente cruel. Será uma forma de se aproximarem de algo mais avant-gard no movimento extremo? Pode ser, mas a banda afirma que não pretende inovar. Mas, a verdade é que se supera e ultrapassa barreiras. Orgânico, obscuro e depressivo, Eve é uma proposta a descobrir por mentes capazes de suportar a dor. [73%]


 

The Fall (MORPHIUM)

(2021, Art Gates Records)

Com mais de 15 anos de carreira, os Morphium são uma das bandas espanholas líderes da nova abordagem ao metal. O quinteto de Girona partiu para a composição do seu quarto álbum, cinco anos após The Blackout, sabendo bem as boas receções que o seu trabalho tinha tido. E The Fall volta a não se afastar daquilo que os espanhóis já nos habituaram. Doses extremas de agressão, muitas vezes descontrolada, que a espaços evolui para melodias quase infantis. Uma fórmula que tem dado resultado e que tanto cai no death metal, como no gótico, como no metalcore. Seja como for esta é uma abordagem crua e dura à componente mais atual do metal, sem que isso signifique de forma clara, uma abordagem que se torne atraente. Sê-lo-á para quem busca a agressão musical, mas não para quem procura rigor composicional. Que é como quem diz, este The Fall traz muita força e violência, mas pouca musicalidade, embora, naturalmente, seja apenas a primeira referência que interessa aos Morphium. E nesse sentido, objetivos alcançados. [70%]

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