O primeiro disco dos Damn Sessions é o companheiro das grandes e
pequenas travessias. Das inquietantes, das relaxantes, das feitas à luz da lua,
das feitas com o brilho quente do sol, das nostálgicas e das rejuvenescedoras.
Este trabalho homónimo saiu no dia 28 de junho e apresenta uma poética
romantizada na busca do conforto na melancolia e com uma atmosfera densa e
fumarenta. Pedro Pereira (vocalista) foi o elemento destacado para conversar
connosco a respeito deste novo e excitante projeto nacional.
Olá, Pedro, como estás? Obrigado por despenderem algum tempo com
Via Nocturna. Para começar, podem falar-nos da génese deste novo projeto, Damn
Sessions? Como e de onde nasceu esta ideia e motivação de se juntarem neste
projeto?
Olá! Antes de mais gostaria de agradecer
o convite para trocar umas palavras e desejar que esteja tudo bem convosco. O
projeto começou em setembro de 2006, num dia em que Rogério vislumbra, por
entre dunas, em terras mais a sul, Johannes Sebastian Dope, personagem
essa que se tornou figura central para muitas das estórias que até hoje vêm
sendo escritas. Em 2016 começa a tomar forma a atual formação e em 2017 chega o
Marco Diogo para a bateria.
Pode afirmar-se que este
é um projeto fruto da pandemia?
Podemos dizer que a conclusão do cd/disco
é fruto de trabalho durante a pandemia, na tentativa de compilar e
"arrumar" o que tinha sido feito até então. Começamos a gravar o
disco em dezembro de 2019 e em fevereiro de 2020 o mesmo estava
"fechado". Faltava a masterização, decidir o alinhamento, a capa, o
lançamento… em março o mundo "acabou"! Ficou uma espécie de vazio,
mas tudo foi acontecendo aos poucos. Através do Rui Rodrigues
conseguimos a masterização levada a cabo pelo Paulão (Paulo Vieira) e,
mais tarde, enviamos a maquete ao Daniel Makosch, que nos fez uma
primeira proposta.
Algum significado para
um nome como Damn Sessions? Como surgiu?
O nome Damn Sessions surge da
constatação do quanto era, e continua a ser, difícil conseguir reunir a malta
para tocar regularmente. Há sempre um imprevisto e é muito isso, damn!!
Que nomes ou movimentos
mais vos influenciam? De onde vem a inspiração para os vossos temas?
Falando por mim, todos nós temos
diferentes influências. Eu venho dos Nirvana, Moonspell, Obituary,
Bad Religion, Ratos de Porão, Kyuss, Sleep, mas
também dos Film Noir, de Almodóvar, Scorsese, Burton,
Tarantino, Kusturica e do cinema europeu que vou seguindo. Do
cheiro a eucalipto e a esteva no verão, do cheiro a lenha queimada no inverno, mas,
acima de tudo, das experiências muito próprias que vamos vivendo.
De que forma, nas vossas
próprias palavras, definiriam a sonoridade Damn Sessions?
Love, rage, liquor
and smoke inside.
O primeiro álbum já está
cá fora, numa edição Raging Planet Records. Como se proporcionou essa ligação a
esta editora?
Esta ligação veio através do Rui
Rodrigues (baixista) que sugeriu enviar a maquete ao Daniel Makosch,
uma vez que já tinha edições com outras bandas feitas pela Raging Planet.
Naquela altura, (junho/julho 2020) estávamos cada um de nós para seu lado e, de
repente, dou por mim a correr para a porta de uma Junta de Freguesia de uma
aldeia da Beira Baixa, em busca de wi-fi para enviar o som ao Daniel.
Podemos dizer que tivemos muita sorte em ter o Daniel a acreditar em nós.
Conseguiu editar, já nos conseguiu um concerto no RCA, e neste momento,
também com a ajuda da Eliana Berto, mentora da Ride The Snake, já
chegamos à Eslovénia!
Todos vocês têm ou vêm
de outras experiências musicais anteriores? Esses projetos/bandas ainda se
mantêm? Há novidades a respeito de algumas dessas bandas?
O Rogério esteve em dois projetos, os Myself
a Grunt com o Marco na bateria e, um pouco antes, numa banda com muita
aceitação aqui na zona, os Mistake. Nesta tocavam com o Pedro Coelho,
excelente guitarrista, que fez parte da formação inicial dos Damn Sessions
mas decidiu abandonar o projeto e não chegou a gravar a arte final de damn,
mas contribuiu muito para a feitura deste álbum. Curiosamente o mesmo Pedro
Coelho, tinha também um projeto comigo e com o Rui Rodrigues que
nunca chegou a palco, mas também um outro com o Marco Diogo, chamado Caroço.
O Rui é também baixista em Acromaníacos, banda que sigo há mais de vinte
anos, e que está a preparar novo lançamento. É, de momento, a par de Damn
Sessions, o único projeto, dos mencionados acima, que se encontra ativo.
Como é feito o trabalho
de composição na banda?
Quando cheguei à banda, já havia muito
material composto. A aceitação do Rogério foi enorme e permitiu-me pintar um
pouco mais a nossa personagem. No terceiro ou quarto ensaio já estava eu,
também, a escrever e mais tarde a compor. As composições vão surgindo muito
naturalmente, entre copos e convívios esporádicos. Posso dar o exemplo da Laura:
eu tinha a letra escrita, o Fred Gracias tinha uma melodia, o Rogério,
numa noite, juntou os pontos e, às três da manhã, entre um copo e outro,
tínhamos a música feita, só faltava o Fred ceder a melodia. Na Immortals,
outro exemplo, o Marco entra estúdio adentro a gritar pelo clube dele, enquanto
nós estávamos a compor, num momento bem intimista, mas depois de algumas
voltas, fez-se!
Este é um projeto para
continuar ou pensam ficar por aqui?
Enquanto houver estrada para andar, vamos
continuar!
Já há algum vídeo
retirado deste álbum?
Deste álbum, contamos já com dois vídeos:
o da Super Raga e o da Laura, que contou com a ajuda do Paulo
Mahjong e com a edição do Rogério.
E quanto a estrada, já
há alguma coisa planeada, agora que, aparentemente, as coisas começam a
melhorar?
Para já, não! Já houve vislumbres, mas só
para serem cancelados.
A terminar, mais uma vez
obrigado, Pedro e dou-te a oportunidade de acrescentar algo mais ao que já foi
abordado nesta entrevista?
Voltando à primeira questão, não posso deixar de referir o Mário Pereira, o primeiro vocalista de damn, nosso road manager e também o Fred Gracias, o primeiro baterista de damn e nosso técnico de som. Sem eles nada disto era possível, obrigado! Obrigado, também à Via Nocturna pela oportunidade, interesse e partilha.
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