Alegadamente (RAZIA)
(2021, Independente)
[Lançamento: 25/abril/2021]
Bem-vindos à terra do
faz-de-conta. Assim
reza a primeira frase do novo álbum dos Razia, Alegadamente. Esta
frase e, aliás, todo o primeiro tema, Acorda P’rá Vida como que fazem o
resumo do que trata este disco. O que também é logo, naturalmente, confirmado
pelo seu título genérico. Alegadamente pega numa série de questões
judiciais que, de alguma forma, abalaram (e ainda abalam) a vida nacional e
transforma-as em hinos punk. Os personagens principais são José
Sócrates, Fátima Felgueiras ou Manuel Palito. Outros
personagens que nunca faltam neste desfilar de atrocidades (embora neste caso
mais políticas) são Pedro Passos Coelho, Paulo Portas e Cavaco
Silva. Claro que, enveredando por esta via, felizmente para os Razia
(infelizmente para o comum cidadão!), não lhes vão faltar motivos para poderem
dar liberdade à sua escrita, pois ainda há alguns nomes que também merecem os
seus mimos. Até agora apenas falamos da temática... e a música? Bom, Alegadamente
é um disco de punk. Isso já sabemos. Mas consegue introduzir algumas nuances
muito interessantes. Por exemplo, há quatro temas a roçar e a ultrapassar os 4
minutos de duração (no caso de Irrevogável vai quase aos 5!), o que é
raro em canções deste género. E isso acontece porque o quinteto consegue de
forma inteligente ir introduzindo algumas mudanças e evoluções de enorme
sentido estético que, naturalmente, os torna menos diretos e mais
interessantes, sem nunca perderem o sentido cru do punk. Depois, ainda
há o aproximar ao thrash metal pelo aumento do peso das guitarras. E
isso acontece, essencialmente, na abertura Acorda P’rá Vida e em O
Polvo. No meio de descarregar tanta revolta, de tanta incitação à rebelião,
de tantos tiros disparados em todas as direções, Balada de Valongo
dos Azeites (para os mais distraídos, freguesia do concelho de S. J. Pesqueira,
terra natal do já falecido Manuel Palito, autor dos célebres crimes de Trevões)
surpreende pela sua abordagem num inicial estilo UHF, com uma tremenda
evolução e com um refrão que nunca mais sai da cabeça. É, de facto, o hino
maior de um disco que tem outros. E de um disco que prova que o longo tempo que
passou desde Rebaldaria foi muito bem aproveitado. [84%]
Highlights
O Polvo, Balada de
Valongo dos Azeites, Acorda P’rá Vida, Irrevogável, Dopamina
2.
Inshallah
3.
O Polvo
4.
Vejo-me Grego
5.
Balada
de Valongo dos Azeites
6.
Irrevogável
7.
Dopamina
8.
Cavaquistão
9.
Vira
a Barcaça
10.
A
Partir de Agora (Razia Neles)
Line-up
David Barroso - guitarras
Gonçalo Taborda - vocais
Hugo Carvalho - bateria
João Gregório - guitarras
Pedro Costa - baixo
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