Entrevista: Rage



Os Rage estão de volta! Rapidamente, apenas um ano após Wings Of Rage (fruto da pandemia e dos confinamentos) regressam aos discos com Resurrection Day e ao formato quarteto que tão bom resultado deu nos anos 90 em álbuns como Black In Mind ou XIII. Aliás, é o próprio Peavey Wagner, que nos concedeu mais uma entrevista, quem reconhece que foi nessa época que mais se orientaram quanto às novas músicas e também ao material ao vivo.

 

Viva Peavey! Como estás desde a última vez que conversamos? Agora com um novo álbum a ser lançado em breve, o que podem os fãs esperar de Resurrection Day? Podemos dizer que é um álbum típico dos Rage?

Tem todas as marcas registadas dos Rage e vem com um ótimo som novo. Isso é típico!

 

Mas, mesmo num típico álbum de Rage, apresentas sempre algumas variações e surpresas. O que tens desta vez?

Eu acho que a música Travelling Through Time é um pouco inovadora para os Rage. Baseou-se num tema de dança do compositor renascentista Giorgio Mainerio. Mudamos o ritmo e adicionamos novas partes e grooves. A fantástica orquestração de Pepe Herrero (Maestro da Lingua Mortis Orchestra) leva-o de volta às suas origens...

 

Foram muito rápidos com este lançamento, cerca de um ano depois de Wings Of Rage. A pandemia acelerou o processo?

Sim, claro. Que mais poderíamos fazer com todo este tempo?

 

A saída de Marco Rodriguez afetou a banda ou o seu processo criativo?

Na verdade, não. Como eu componho o básico da maioria das nossas canções (acordes, melodias, base dos riffs e grooves), há sempre uma estabilidade. E como Jean, Stefan e até Lucky adicionaram muitas ideias fantásticas ao material, o processo criativo funcionou de forma fantástica.

 

De qualquer forma, graças à sua saída, estão de volta a um formato quarteto. Quais foram as tuas principais intenções com esta mudança?

A ideia de colocar um segundo guitarrista já nasceu ainda o Marcos estava no ativo. Infelizmente ele teve que nos deixar por problemas pessoais que o obrigaram a desistir. É mais fácil tocar as nossas músicas ao vivo com duas guitarras e dá-nos mais liberdade no que diz respeito aos arranjos de guitarra em geral.

 

Quem são os novos elementos da banda e como os descobriste?

O Stefan foi a nossa primeira ideia, já que ele era o guitarrista da banda lateral do Marcos (Diolegacy) e como ele já fazia parte da nossa organização, ele também trabalha para a nossa agência de management/booking Luckybob. Jean conhecíamos de vários espetáculos que tocamos, onde ele apareceu com a sua banda Angelic. Os dois trabalham muito harmoniosamente juntos...

 

Com que rapidez os novos membros entraram no que podemos chamar de “Espírito dos Rage”?

Demoraram talvez uma ou duas músicas para entender o que há nessa banda. Ambos já conheciam e gostavam de Rage antes.

 

Já tiveram a oportunidade de cooperar na composição das novas canções?

Como já expliquei, sim, fizeram um trabalho fantástico...

 

Agora voltam a ser um quarteto, como aconteceu no final dos anos 90 com clássicos como Black In Mind ou XIII. Podemos dizer que o som atual dos Rage está mais próximo dessa época de que qualquer outra da existência da banda?

De certa forma sim. Essa época foi pela qual mais nos orientamos quanto às novas músicas e também ao material ao vivo.

 

Em meados de 2020, lançaram uma nova versão de The Price Of War, do álbum Black In Mind, como single. Já estavas a tentar ver como funcionavam numa música originalmente tocada por um quarteto?

Queríamos apresentar a nova formação ao público da melhor maneira, para que todos os fãs pudessem ouvir e ver como a banda soaria e se pareceria. Pensamos que essa música era um bom exemplo.

 

Depois de HTTS 2.0, presente em Wings Of Rage, trazes The Price Of War 2.0. Por que tens optado por estes remakes das tuas próprias canções? É para continuar no futuro?

Isso é uma coisa normal de fazer para uma banda, isso é tão antigo quanto os Rage.

 

Para os arranjos orquestrais trabalhaste novamente com o espanhol Pepe Herrero. Que instruções lhe deste para ele desenvolver o seu trabalho?

Não muito, basicamente demos-lhe as nossas pré-produções das músicas. Contei-lhe um pouco das minhas ideias para a introdução do título da música, apenas isso. Para que interferir? Ele é um músico notável.

 

Para além dele, o produtor é outro espanhol - Dani González Suárez. No último álbum foste tu o responsável. Porque mudaste desta vez?

O Marcos já não estava envolvido, por isso pedimos ao Dani. Ele conhece melhor a banda há muito tempo.

 

Ao escolhê-lo, estavas a tentar colocar o vosso som ao vivo num álbum de estúdio?

Não, não foi essa a intenção. Dani tem o seu estúdio há muito tempo e é um experiente produtor e misturador. Queríamos que sua a perícia fizesse com que as nossas músicas soassem da melhor forma possível (que mais?)

 

O primeiro vídeo foi Virginity, uma verdadeira música de thrash metal cru. Por que escolheram essa música em particular?

Pensamos que era perfeito para apresentar o álbum aos fãs, pesada e rápida, assim como groovy com melodias hínicas...

 

E a respeito do aspeto lírico? Cantas sobre o que neste novo álbum?

É uma visão filosófica da evolução cultural da humanidade desde a idade da pedra até agora. Há 10.000 anos atrás, na era neolítica, houve uma mudança muito importante nos nossos hábitos. Antes, vivíamos com a natureza como nómadas, caçando e colhendo apenas o que precisávamos, vivendo em pequenos grupos, a população da terra não era grande. Depois viramo-nos contra a natureza, tornamo-nos fazendeiros, começamos a estabelecermo-nos, passamos a criar gado e a juntar bens, enquanto a população crescia com todos os efeitos negativos sobre o nosso planeta e o seu meio ambiente, como guerras, aniquilação da biodiversidade e colapsos climáticos. No Antigo Testamento da Bíblia, isso é descrito picturicamente como o “Paraíso perdido”... Um grande tópico...

 

Da última vez que conversamos, tinham agendado um espetáculo em Portugal no verão. Entretanto, tudo foi adiado devido à pandemia. Ainda irá acontecer?

Com certeza!

 

Obrigado, Peavy! Mais uma vez, foi uma verdadeira honra fazer outra entrevista contigo. Queres deixar alguma mensagem para os teus fãs ou acrescentar algo mais a esta entrevista?

Espero ver-vos a todos novamente em breve! Obrigado pelo vosso apoio!



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