Nuno Filipe tem sido um músico que tem apostado em diferentes
projetos de estúdio, tentando explorar diversas sonoridades. Desde o metalcore de Synthetic
Rainfall ao power metal dos Endymion. Cada coisa no seu tempo, mas um
tema desaproveitado dos primeiros deu origem a uma nova via de criação – o melodic
death metal dos Thymele com o vocalista neerlandês Gerrit Dries e um solo de
guitarra do convidado repetente Kimon. Voltamos ao contacto com o músico
nacional para descobrir esta nova aventura.
Olá, Nuno, mais uma
vez, muito obrigado por esta oportunidade. Echoes of Tragedy é
o álbum de estreia do teu novo projeto Thymele. Como é que têm sido as reações
até agora?
Olá,
Daniel. Eu é que agradeço a oportunidade de poder divulgar este projeto
aqui com vocês e ter direito a esta entrevista, e quando digo obrigado, digo em
meu nome e do Gerrit. As reações têm sido bastante boas, tendo em conta que é
um nome novo no contexto do metal, de um projeto acabado de nascer, num
círculo pequeno de ouvintes, devido a não ter uma máquina de promoção por trás,
tem sido bastante positivo.
Em 2019, falamos
contigo em relação a um outro projeto teu, os Endymion. Como é que eles estão?
Ainda ativos?
Isto são projetos musicais de estúdio e não bandas reais,
como acho que mencionei na entevista na altura com Endymion. Gosto
sempre de tentar quebrar os padrões da minha própria previsibilidade quando
escrevo música. Dito isto, o intuito é sempre tentar algo novo. Os Endymion
foram um projeto que já tinha sido escrito em 2006/2007, mais ou menos por essa
altura. Esse projeto é um produto das bandas que ouvia e das influências dessa
altura. Há bastante tempo que não sou ouvinte frequente do power metal e
das suas derivações, logo, não está nada nos planos para breve, mas não quer
dizer que não possa acontecer algo algures no futuro.
Os Synthetic Rainfall
são o teu projeto de metalcore, os Endymion o de power metal
e os Thymele o de melodic death metal. Como consegues compor músicas em
tão diferentes géneros com um intervalo de tempo tão reduzido?
Por acaso não foi num intervalo curto de tempo! (risos)
Passou-se tempo, tempo a mais, por problemas típicos de projetos como estes.
Este material já estava escrito desde 2015 para aí. Demorou bastante, mas ao
menos acabou de uma maneira que excedeu as minhas expetativas, no fundo, isso é
o que interessa, é que fiquemos satisfeitos com o resultado final.
Como é que esta nova
aventura começou?
Por acaso, de uma maneira atípica. A primeira a música,
Eternal Shadow, foi uma sobra do que seria para ser metido no EP do
projeto Synthetic Rainfall. Mas depois de gravar a música, acabei por concluir
que não tinha nada a ver, decidi meter a música de lado, por não encaixar no
estilo. Com isso, criou-se um problema, que fazer com esta sobra? Que até para
mim, até foi uma música bastante bem construida, pensei que era um desperdício,
ficar assim na “gaveta”, decidi então, escrever mais 3 músicas no mesmo estilo
para um futuro EP. Bascimente foi isso.
E mais uma vez, à
semelhança dos Endymion, os Thymele também só têm dois membros, tu e o neerlandês
Gerrit Dries. Como é que os vossos caminhos se cruzaram?
Quem fez a capa do Ep de Endymion, foi o Augusto
Peixoto, que na conversa com ele, acabou por dizer que era o baterista
também de uma banda, os H.O.S.T, quem eu nunca tinha ouvido. Decidi
ouvir e pensei logo para mim que o Gerrit possuía o tipo de voz ideal que eu
queria para este projeto. Falei com ele, e pronto, estamos aqui hoje, quer
dizer que correu bem! (risos)
Porquê só dois membros?
Planeias abrir as portas da banda a outros elementos?
Apenas dois, porque é como já mencionei, é apenas um
projeto de estúdio, acho que dificilmente se vá expandir para outra coisa que
não isso. E dois são os que são precisos, porque cantar eu não sei mesmo, já
com o resto vou me safando! (risos)
Para além disso tens
ainda um convidado no épico de 10 minutos. O que pretendias atingir com a sua
participação?
Isso é simples, era adicionar ali um solo de guitarra,
neste caso um bom solo, apesar de ser um pequeno solo de guitarra, está ali bem
porque faz uma transição de duas partes, e como o Kimon já é um “velho”
conhecido, que fez solos para Syntehtic Rainfall, Endymion,
talvez até fosse previsivel aparecer aqui neste projeto, e os solos dele são
sempre uma mais-valia para qualquer música.
Ele conseguiu atingir
as tuas expetativas?
Sim, o Kimon é aquela máquina, partilhamos
alguns gostos em comum, e eu gosto da abordagem dele quanto aos solos, logo,
foi muito bom o ter novamente ali para uma participação.
Liricamente, sobre o
que fala Echoes of Tragedy?
Eu fiz as letras todas, mas ainda assim o Gerrit
ajudou-me em algumas partes. Fi-las porque teve quase de ser! (risos) Eu não me
considero grande escritor, nem pouco mais ou menos, mas com os problemas do
costume, de achar a pessoa certa para a secção vocal, isto arrastou-se muito
tempo e eu tive que por as mãos na “massa” e escrever as letras para não se
perder mais tempo do que aquele que já se tinha perdido. No fundo, as letras
abordam todas o mesmo, o sentido da vida, a morte e dos aspetos mais negativos
da sociedade.
Thymele é um nome
curioso. Que mensagem é que ele transmite?
Lamento desiludir, mas não esxiste nenhum significado
especial no nome! (risos) É apenas um nome que gostei e achei que ficaria bem
neste projeto.
Fizeste algum vídeo
para algum das músicas de Echoes of Tragedy?
Infelizmente não, pode ser que mais tarde, se consiga
algo mais.
Tens alguma coisa
planeada para promover este EP ao vivo?
Não, a ideia não era de todo essa quando criei este
projeto, até porque seria algo dificil para se executar ao vivo, porque algumas
músicas tem um componente orquestral relevante.
Obrigado, Nuno. Queres enviar alguma mensagem para os teus fãs?
Basicamente, obrigado por existirem! (risos) São eles que fazem com que as coisas valham a pena. É assim, eu faço música primeiramente para expressar ideias, sentimentos, contar uma história, escrevo mediante os meus gostos e padrões musicais, mas claro que ter um feedback e quando o feedback é bom, será isso que nos permite continuar cá a fazer algo, porque sabemos que alguém gosta do que fazemos.
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