Reviews: Traço, Troy RedFern, The Order, Ian Parry's Rock Emporium, Doro


Submerso (TRAÇO)

(2021, Independente)

O quarteto portuense Traço tem vindo a lançar singles atrás de singles desde 2018 (já foram cinco até fevereiro deste ano). Submerso é um trabalho ligeiramente mais longo porque traz quatro temas. Mas é pena que os Traço não arrisquem em juntar todas essas peças dispersas por vários lançamentos. O rock que apresentam em Submerso é bastante apelativo, num formato onde os ritmos se fundem fortemente com a guitarra e teclados. Um registo que lembra bastante os melhores momentos do rock dos anos 90, nomeadamente os saudosos Doutores e Engenheiros, quer pelo fraseado rítmico vocal, quer, essencialmente, pelo delicado de trabalho de guitarra. Traço é um coletivo que mostra ter ideias – dir-se-ia um traço distintivo - e que consegue criar bons momentos musicais. Para quando algo mais consistente em termos de material em vez de tantas peças soltas? [83%]



The Fire Cosmic (TROY REDFERN)

(2021, Red7 Records)

Troy Redfern é apelidado de rei britânico da slide guitar. E após uma longa ausência de lançamentos, desde 2013, com Werewolf Etiquette, o músico surge altamente inspirado em anos de pandemia, com dois álbuns e um single no ano passado e agora com The Fire Cosmic. Para este álbum, Redfern gravou nos mesmos estúdios por onde andaram Queen, Black Sabbath e Mott The Hoople e chamou uma constelação de estrelas, com foco nos extraordinários baixista e guitarrista Dave Marks e Rob “Bumblefoot” Thal, este apenas em On Fire. Influência dos estúdios, da banda ou de si mesmo, The Fire Cosmic é um disco carregado de uma intensidade crua num conjunto de malhas de rock que transpiram blues e onde a slide guitar tem (como sempre) um papel destacado. Numa marcada evolução em termos de escrita, são tantas as voltas e reviravoltas da guitarra de Troy Redfern que acaba por também trazer para este disco algumas influências do oeste americano e até algum funk. A ambiência vintage rock está muito presente e é acentuada pela explosividade que o britânico consegue sacar à sua guitarra. [83%]



Out Of Order (THE ORDER)

(2021, Massacre Records)

A ideia dos The Order era fazer uma tour de promoção a Supreme Hypocrisy, o seu mais recente álbum, até porque este lançamento havia alcançado a mais alta posição nas tabelas suíças, na história da banda. Mas a história é conhecida: surgiu a pandemia e nada foi feito. Nada mesmo? Não! Havia uma ideia já a borbulhar há algum tempo que agora tinha tudo para se posta em prática – fazer algumas versões acústicas dos seus temas. Esse projeto tornou-se realidade e os cinco temas escolhidos surgem juntos no EP Out Of Order. Essa escolha recaiu em Mama, I Love Rock ‘n’ Roll, do álbum Metal Casino, de 2007; Endlessly e Love Ain’t A Game To Play, ambas do álbum Rockwolf, de 2009; Sweet Stranger incluída nos álbuns Son Of Armageddon (2006) e Metal Casino; e Save Yourself, originalmente presente, precisamente no mais recente, Supreme Hypocrisy, 2020. Esta é uma experiência que resultou muito bem, num disco de 20 minutos muito agradáveis, com o coletivo suíço a demonstrar critério no momento de desligar a eletricidade. [89%]




Brute Force (IAN PARRY’S ROCK EMPORIUM)

(2021, Metal Mind Productions)

Depois do lançamento do 5º álbum a solo de Ian Parry, o antigo vocalista dos Elegy voltou-se para o seu projeto all star Rock Emporium, para trabalhar, criar e lançar Brute Force, o segundo disco, cinco anos depois de Society Of Friends. De novo, com um line up estelar (e mais uma sociedade de amigos!), Brute Force surpreende pela evolução apresentada em relação não só ao primeiro disco do projeto, como também em relação a toda a discografia do britânico que já leva cerca de 40 anos de carreira. Entre um hard rock poderoso e incursões por algum power metal neoclássico, como fica logo demonstrado na abertura In Isolation, Brute Force é muito mais que simples força bruta. Tal fica provado em duas sublimes incursões pelo funk – em My Confession (ainda por cima enriquecida com toques de progressivo) e a espetacular Dreamworld, com um baixo com um desempenho superior. Como também se demonstra nas duas excelentes e exuberantes baladas – Fairytale e Where Do You Go From Here – curiosamente as duas com belíssimos e riquíssimos pormenores de flamenco ao melhor estilo Paco de Lucia/Al di Meola. [84%]



Warlock – Triumph And Agony Live (DORO)

(2021, Rare Diamonds)

Originalmente lançado em 1987, Triumph And Agony foi um dos álbuns marcantes da década de 80 no metal germânico, europeu e até mundial. Afinal, quem é que nunca abanou a cabeça ao som de hits como All We Are, East Meets West, Touch Of Evil ou Three Minute Warning? E quem é que não se apaixonou por essa pequena loira chamada Doro Pesch quando ela cantava Für Immer ou Make Time For Love? Ou, finalmente, quem nunca se aventurou num pé de dança com Metal Tango? 34 anos depois este disco é apresentado ao vivo na íntegra. Aconteceu no Sweden Rock Festival, perante o entusiasmo de um público vibrante e com uma banda a acompanhar uma Doro, mais velha, mas sempre com a mesma energia. Esse registo foi capturado e é agora disponibilizado pela própria editora da cantora alemã, a Rare Diamonds, que já havia lançado, no ano passado o triplo álbum de compilação Magic Moments. Triumph And Agony é o álbum que é; Doro é a metal queen que todos conhecemos; a sua presença ao vivo é de uma entrega total… e o resto é saudosismo, paixão e uma bela forma de recordar um grande disco! [88%]

Comentários