Entrevista: Bodyguerra



Guido Stoecker fundou o projecto Bodyguerra em 2010, tendo estreado com Freddy... Nothing As It Seems em 2013. Depois o projeto ficou como que estagnado e só voltou a carburar em pleno quando o guitarrista alemão começou a trabalhar com Ela Sturm, que, para além de estar ligada à parte comercial, se revelou uma poderosa vocalista e uma fantástica compositora. O resultado é o novo álbum, Fire & Soul, numa nova editora, Fastball Music. Guido Stoecker contou-nos tudo.

 

Olá, Guido! Em primeiro lugar, deixa-me dizer que é uma verdadeira honra fazer esta entrevista. Tens um passado notável com alguns projetos, mas desde quando criaste estes Bodyguerra?

Olá, Pedro. Agradeço muito estar aqui, é um prazer conversar contigo. Bem, Bodyguerra foi fundado por mim em 2010. A banda tinha uma formação diferente, o primeiro vocalista era um antigo colega meu de escola. Tocamos juntos na nossa primeira banda, fazendo covers das nossas bandas favoritas. Tínhamos 11 ou 12 anos, algo assim. Depois, em 2010, encontramo-nos novamente e começamos a escrever o que mais tarde se tornou o álbum Freddy. E fizemos muitos espetáculos, etc. A formação real surgiu logo antes da pandemia, o que, claro, foi um desastre total, especialmente para os artistas. Ela já existia antes, é uma AoR Manager certificada, tratava do lado dos negócios. O que eu inicialmente não sabia era o facto, que também é cantora e compositora. Assim, quando a pandemia atingiu o mundo e virou tudo de cabeça para baixo, Ela e eu começamos a escrever músicas e isso tornou-se a formação real. O baixista foi encontrado por um amigo nosso e o baterista veio de uma universidade próxima.

 

Enquanto Bodyguerra, Fire & Soul é teu novo álbum, depois de Freddy... Nothing As It Seems, de 2013. Por que estiveste tanto tempo sem lançamentos?

Oh, é uma longa história. Muitas razões. Primeiro, a minha antiga editora faliu. Fui informado por acaso quando lhes liguei a pedir os royalties. Eles não informaram os seus artistas. Em segundo lugar, o antigo vocalista tomou algumas decisões privadas. Ficou claro que ele não poderia continuar no meu caminho. Quando chegou a altura da tournée com a Graham Bonnet Band em 2018, eu precisava de uma nova formação completa. E por último, mas não menos importante, houve alguns negócios que efectivamente foram um desastre. Sem entrar em detalhes, mas algumas pessoas tiveram que deixar o meu acampamento. Não me comprometo, é o meu nome, o meu dinheiro. A partir daí as coisas voltaram a correr bem. Normalmente estaríamos em tournée em 2020 com a David Reece Band, mas isso foi cancelado. Portanto, quando surgiu a ligação com a Fastball, pudemos antecipar um pouco o fim da situação. Agora Bodyguerra está de volta aos trilhos.

 

As canções deste álbum resultam da tua cooperação com a nova vocalista Ela Sturm. Quando começaram a trabalhar juntos?

No final de 2019 começamos a escrever músicas, antes ela era responsável pelo lado comercial. Ela é muito criativa nas suas composições. Escreveu as letras e melodias de Steelheart, Stay Free e Breakout apenas num dia. No dia seguinte, a faixa-título Fire & Soul veio em seguida. Depois gravamo-los diretamente. Foi fácil e natural.

 

Portanto, todas estas músicas são recentes ou tens algumas que eventualmente tenham vindo de sessões de composição anteriores ao longo dos anos?

Ambos. Principalmente é material novo, mas algumas ideias datam de antes. A abertura do álbum Stay Free foi escrita por volta da produção do álbum de estreia. Foi um pedido de um clube de andebol da minha antiga cidade natal. Foi usado como fanhymne durante algum tempo, mas com diferente melodia e letra. Eu trouxe-a e muito mais ideias para Ela e ela escolheu aquelas em que se sentiu inspirada. Constantemente escrevo material novo. Portanto, tínhamos mais do que o suficiente para escolher. Para duas músicas, Behind The Clouds e Believe, as letras e melodias foram escritas primeiro. Eu compus a música em torno dessas melodias. Isso não é muito familiar para mim, porque no rock normalmente começa-se com um riff de guitarra e constrói-se a música a partir desse ponto. Podes ouvir a diferença quando perceberes isso. Essas duas músicas têm uma estrutura mais harmónica e de acordes.

 

O álbum é muito diversificado, o que o torna muito interessante, deixa-me dizer. Podes explicar como as músicas crescem em Bodyguerra? És o compositor principal?

Em termos musicais, sou principalmente eu, mas não sou um escritor lírico. Essa é a parte da Ela. Às vezes sugiro um tema para a letra ou uma determinada palavra, talvez uma pequena mudança na melodia. Mas isso não acontece com muita frequência. Quando nos aproximamos do assunto, a Covid entrou no mundo. Logo, não pudemos ensaiar. Tudo ficou online. Ela e eu gravamos uma demo, depois mandamos para o baterista. Ele gravou uma ou duas versões, fizemos algumas correções e depois mandamos para o baixista. Normalmente, eu desenvolvo uma ideia musical a tal ponto que soa muito bem para mim. Essa demo vai para a Ela. Por outro lado, quando a melodia é criada primeiro, eu ouço e penso sobre a emoção principal da música, como é. E transformo isso em música. No final, posso dizer que transformamos essa situação horrível em algo bom. Concentramo-nos no álbum. Isso ajudou muito neste período de confinamento.

 

Contas com alguns músicos adicionais no álbum. Qual foi a tua ideia quando os convidaste?

Aconteceu um pouco por acaso. Believe e Xmas Is Special foram escritos quando as sessões principais no estúdio já estavam concluídas. Believe foi gravada no Empire Studios por Rolf Munkes. A Fastball queria aquela melodia do álbum. Por isso, perguntei a Rolf se ele queria contribuir com um solo de guitarra como convidado. Xmas foi escrito por alturas do Natal de 2020. Hermann, o baterista, é um velho amigo meu. Ele estava por perto, perguntei-lhe se ele poderia tocar aquela música. Gravamo-la no estúdio de gravação Go. E o dono é um ótimo pianista e teclista. Acabou por contribuir com o feeling de Natal com sinos a tocar.

 

Também duas faixas bónus foram incluídas no álbum. Sendo tão diferentes do resto do álbum, que tipo de músicas são?

A primeira, 100 Mann und ein Befehl, era a música preferida do pai de Ela. Pouco antes de ele falecer, ela prometeu-lhe fazer uma gravação. Eu não conhecia a melodia. Ela explicou-me. Originalmente era uma balada de 1960, uma canção de homenagem militar, um assunto sem assunto hoje em dia, mas foi o single que mais vendeu naquele ano na Billboardcharts. Naquela altura, também era cantada pelo cantor alemão Freddy Quinn com letra diferente e em alemão. Não traduzido, apenas um tópico diferente nas letras. Descreve as emoções quando um jovem é forçado a partir para uma terra estrangeira e a sua namorada está à sua espera e a torcer por ele em casa. Toda a tristeza que se cria numa situação como essa. Para cumprir a promessa de Ela, tornou-se a primeira bonustrack. Xmas Is Special foi escrita a partir das letras e melodias. Eu senti essa abordagem mais blues, meio Rock ‘n’ Roll. É basicamente uma espécie de melodia de blues. Apenas queríamos criar algo diferente de toda essa música que é tocada no mundo durante o Natal... tu sabes o que eu quero dizer.

 

Como foi o processo de gravação? Correu tudo como planeado?

O processo de gravação foi muito fácil. Os músicos desta formação são ótimos. Toda a gente sabe o que tem que fazer. Colocou-se primeiro a bateria, de seguida das guitarras rítmicas, esquerda e direita, depois o baixo, seguido pelos vocais com todos os coros. No final gravamos os solos. A banda ficou apenas 15 dias no estúdio, incluindo todas as sugestões e mudanças criativas. Às vezes Rolf Munkes, ele também foi contratado como coprodutor, tinha algumas ideias, principalmente para os coros. Tentamos de tudo e escolhemos o que achamos ser o melhor. Finalmente, o álbum foi misturado e masterizado em duas semanas. É assim que deve ser. Estou muito satisfeito com os resultados.

 

Obrigado, Guido! Foi uma verdadeira honra e prazer. Gostarias de acrescentar algo mais ou enviar uma mensagem aos teus fãs portugueses?

Tenho que te agradecer, Pedro. Uma mensagem aos fãs portugueses. Parece que há muita procura pela nossa música em Portugal. Muitas mensagens positivas têm chegado, estações de rádio a tocar os nossos novos singles. Tenho uma certa afinidade com o mundo ibérico. Sem conhecer ao pormenor as diferenças culturais entre Espanha e Portugal, mas adoro muito esse estilo de vida. E o gosto musical que se mostra. Portanto, obrigado pelo vosso apoio, sejam felizes, fiquem seguros, não tenham medo e ROCK ON!



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