Reviews: Heir Apparent, The Quill, Three Dead Fingers, Unforged, Asphyx

 

Graceful Inheritance (HEIR APPARENT)

(2022, Hammerheart Records)

As gerações mais velhas devem lembrar com saudade os Heir Apparent e o seminal álbum de estreia Graceful Inheritance. As gerações mais novas, se não conhecem, têm agora mais uma oportunidade para tomar contacto com uma das mais grandiosas estreias dos anos 80. Graceful Inheritance foi originalmente lançado em 1986 pela Black Dragon Records e tornou-se num autêntico álbum de culto. Para isso também contribui as intermitentes aparições da banda e a sua curta discografia. Mas o maior contributo foi dado por um conjunto de canções de uma clareza técnica ainda hoje não muito vista e com um sentido de musicalidade rara na altura e em músicos tão jovens. A nova prensagem trazida pela Hammerheart Records recupera a capa e a sonoridades originais e, por isso, Graceful Inheritance soa como se estivéssemos nos anos 80, mas a sua qualidade intrínseca nunca o faz parecer datado. Pelo contrário, estes temas carregados de inteligência construtiva soam atualizados e acima de muito que se faz atualmente. [92%]



 

Live, New, Borrowed, Blue (THE QUILL)

(2022, Metalville Records)

Os The Quill são uma banda ativa há muitos anos e, por isso, haverá, naturalmente, muito material perdido que vai sendo redescoberto. E depois do lançamento de Earthrise, os suecos ficaram com muito tempo livre fruto das restrições associadas à pandemia. Assim, foi altura de procurar e juntar algumas pequenas pérolas. Que, como o nome do álbum indica, vão destes temas novos a temas captados ao vivo e algumas versões. Há temas que vêm das sessões de gravação de Earthrise, nomeadamente Keep On Moving, com mais de minuto e meio comparativamente com a primeira versão e a dupla Children Of The Sun/Burning Tree que tinham ficado fora do álbum por questões de tempo. Há, espaço para prestar homenagem aos seus ídolos com algumas versões e a possibilidade de sentir a banda ao vivo em temas captados no Sweden Rock Festival 2019. [84%]



 

All Worlds Apart (THREE DEAD FINGERS)

(2021, Art Gates Records)

Os Three Dead Fingers são conhecidos por terem sido formados por membros que na altura tinham entre 10 e 11 anos. Isso foi em 2015 e o seu trabalho já rendeu Breed Of Devil, o primeiro álbum e agora All Worlds Apart, após assinarem pela Art Gates Records. O coletivo sueco mistura melodic thrash/death com os princípios do groove, sludge e do modern metal. Assim como se os Sepultura, os Soulfly, os Machine Head e os Lamb Of God se misturassem nos sucessivos twists que as guitarras (de tons graves) proporcionam. Mas, há outros momentos, por exemplo The Albino Trees, que aé abre em tons de um surpreende blues, onde a velocidade ganha outros contornos e aí a postura aproxima-se dos Amon Amarth ou Arch Enemy. Ou, no tema-título, em que se arriscam algumas singelas melodias com vocais limpos e até conseguem criar cenários composicionais com algum requinte. De resto, o quinteto mostra alguns laivos de criatividade, mas que acabam por ser diluídos em outros momentos onde não consegue ser convincente. [70%]



 

Eye For An Eye (UNFORGED)

(2021, Fastball Music)

É curiosa a forma como os Unforged se apresentam com a sua estreia Eye For An Eye. Desde logo, salta a vista a postura de rebelião, vingança e antissistema em títulos como Serial Killer (com letras muito fortes), Eye For An Eye, Antihero ou Fight For Your Life. Musicalmente, associado a um groove metal poderoso, a lembrar Pantera, surgem momentos de thrash tradicional, na linha dos primórdios dos Metallica. O tema título acaba por se destacar pela sua evolução, mas o trabalho harmónico de Scream For Me também fica na memória. Vocalmente, há momentos com vocais limpos e altamente melódicos e outros de intragável berraria. O que resulta num Eye For An Eye com variabilidade na construção, na temática, nos vocais e nos ritmos. [75%]



 

Necroceros (ASPHYX)

(2021, Century Media Records)

Com este nome ou como Soulburn e incluindo paragens pelo meio, os neerlandeses Asphyx são dos mais antigos nomes do movimento death metal do seu país ainda em atividade. E para trás, numa longa carreira, ficam registados alguns álbuns marcantes dentro deste movimento. Infelizmente não podermos dizer o mesmo de Necroceros, o seu último trabalho. E isto porque o seu death metal já raramente consegue empolgar, mais parecendo uma criação provinda de um trabalho obrigatório. E se a ideia, à partida para este álbum, era inovar e procurar alguma frescura, nada disso foi conseguido. O que fica é um conjunto de algumas boas malhas e muito mais-do-mesmo. [72%]

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