Crown Of Shame (TORMENTOR)
(2021, Iron Shield Records)
Uma banda chamada
Tormentor deve gerar muita confusão. São imensos os coletivos com este
nome a nível mundial e o mesmo acontece se apenas considerarmos o seu país de
origem, a Alemanha. Se pelo nome o quarteto de Guben pode custar a impor-se, o
mesmo não se passará pela música. Crown Of Shame é um EP de cinco temas
e cerca de meia hora do melhor thrash, a seguir a melhor escola
tradicional de uns Metal Church ou Kreator, por exemplo. Temas
longos e bem desenvolvidos que são tão capazes de mostrar a agressividade
típica do género, como linhas melódicas arrebatadoras (os melhores exemplos são
as segundas vozes criadas pelas guitarras em Crown Of Shame ou Slaved
To The Core). E se o single retirado deste EP foi a curta e direta Call
To Arms, os dois longos temas finais (o último a aproximar-se dos 10
minutos) mostram uma nova abordagem criativa dos Tormentor, com um potencial
doomy melancólico e uso inteligente de breaks. Uma porta que se
abre e que deixa enormes expetativas para o próximo longa-duração. [93%]
Secrets From The Past (DISASTER)
(2021, Iron Shield Records)
Os Disaster
são um trio colombiano e Secrets From The Past é a sua segunda proposta,
seta anos após a estreia Blasphemy Attacks. Problemas de formação com
algumas mudanças de membros estiveram na origem deste hiato. Uma longa espera
que chegou, finalmente, ao fim e de forma brilhante. Em pouco mais de meia
hora, o trio destila um thrash metal endiabrado em dez temas curtos, mas
onde cabe tudo. E neste tudo, incluímos ataques muito catchy de malhas
speed/thrash metal e um trabalho de guitarra assombroso. Chega a parecer
incrível como é que num álbum onde metade dos temas não chega aos três minutos,
consegue ser tão persuasivo e excitante. Ser direto torna-se evidente, mas
conseguir ser tão evoluído é raro. Com poder de fogo e ritmos endiabrados,
aconselhamos os nossos leitores a desvendarem estes Secrets From The Past.
[83%]
Moment (DARK TRANQUILLITY)
(2020,
Century Media Records)
Pioneiros do
chamado som de Gotemburgo, os Dark Tranquillity são ainda hoje um
dos mais importantes nomes do melodic death metal. O seu último álbum é Moment
e já data do final ano de 2020. Moment é um verdadeiro e único momento
de melodic death metal imperial! Provavelmente muito mais melodic
que death, com fantásticas linhas melódicas e onde o trabalho de
conjugação das duas guitarras chega a ser brilhante. As melodias nórdicas e
frias prevalecem, mesmo que a dose de bateria não seja extrema. Os vocais
agressivos dividem o protagonismo com a componente limpa, mostrando um Mikael
Stanne perfeitamente à vontade em qualquer dos registos (aproveita mesmo
para mostrar um belíssimo timbre nos vocais limpos!). O álbum é composto por 12
canções coesas e equilibradas, com a melancolia a ser acentuada por texturas de
piano que transportam uma paisagem quase gótica. Neste particular, de canções
bem escritas, bem tocadas, bem cantadas e com incríveis melodias, Moment
é um momento único na carreira dos suecos. Quem procura a devastação, deverá
procurar outros momentos que não este. [92%]
I Ruiner (LIKTJERN)
(2021,
Folter Records)
Não deixa de ser
estranho que os Liktjern tenham nascido em 1996 e, até ao ano passado
apenas tivessem lançado o EP Kulde, Pest And Dod. E, finalmente, após 10
anos a trabalhar em I Ruiner, eis que a banda norueguesa finalmente
apresenta o seu álbum de estreia, um disco carregado com a blasfémia, maldade e
frieza nórdica do black metal, ao mais puro espírito dos anos 90. Apesar
de algumas acelerações com inclusão de alguns blastbeats, I Ruiner
não marca pontos pela velocidade e brutalidade, mas sim pelo cortante desespero
de momentos mid-tempo e lentos. Os riffs sinistros encarregam-se de
acentuar ainda mais um ambiente funesto e de possessão doentia. [76%]
Abstrakt Sinne (NOCTURNAL NIGHTMARE)
(2021,
Talheim Records)
Depois de mais de
uma década ativos (e contando com o período em que se denominavam Fainted
Light) e a compor as suas composições de um black metal
autodestrutivo e depressivo, o duo que agora é conhecido como Nocturnal
Nightmare grava o seu primeiro longa-duração. Abstrakt Sinne é
gélido e cortante. E até a brancura do booklet nos faz tremer de frio.
Mas, o black metal ali escondido – também ele frio e despido de
quaisquer sentimentos – não é tão surpreendente assim. Longe de acrescentar
algo de novo (o que nem é o problema, visto que agora são poucos o que o
conseguem fazer em todos os subgéneros), perde-se em devaneios
filosófico-musicais e em temas tão longos que se tornam saturantes por se
tornarem demasiado previsíveis. O melhor momento é a abordagem doom do
tema final, Annullamento, a demonstrar que o duo tem capacidade para ser
mais incisivo. [73%]
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