Os Symphonity já nos habituaram a longos intervalos
de tempo entre lançamentos. E, mais uma vez, isso acontece com Marco Polo, uma fantástica opera
metal criada em torno da vida e das viagens do mercador, embaixador e explorador
veneziano. Desta vez as razões para este hiato são explicadas pelo baixista Tomas
Sklenar que também nos fala de todo o processo de criação deste álbum
grandioso.
Olá, Tomas! Antes de
começar, deixa-me dizer que é um prazer fazer esta entrevista. Marco Polo é o
título do vosso novo álbum e é lançado 6 anos depois do último. Por que demoraram
tanto entre esses lançamentos?
Olá, Daniel, é um prazer falar contigo! Existem
diferentes razões pelas quais demorou tanto tempo entre o lançamento atual e o
último álbum. Primeiro, a banda passou por algumas mudanças pessoais e demorou algum
tempo para estabelecer completamente a nova formação. Em segundo lugar,
gostamos de fazer as coisas corretamente, pelo que dedicamos o nosso tempo para
terminar esse álbum e torná-lo o melhor possível para nós.
Precisamente, como
referiste, entre King Of Persia e Marco Polo mudaram quase toda a formação.
O que levou a essa revolução?
Isso mesmo, o único ex-membro que permanece é Libor.
Aqui está a razão. Após o lançamento do álbum King Of Persia, a banda
não pôde sair em tournée para o promover. Os motivos foram diferentes,
alguns membros tiveram problemas de tempo, alguns problemas de saúde. Foi
quando Libor decidiu fazer uma grande mudança de line-up e enquanto
procurava por novos membros, ele procurava não apenas grandes músicos e
pessoas, mas a prioridade era estabelecer um line-up que fosse capaz de
sair em tournée e tocar regularmente ao vivo.
Podemos dizer que
encontraram agora essa estabilidade?
Sim, posso dizer que criamos um núcleo forte e que
estamos mais fortes do que nunca. Acredito que podemos fazer grandes coisas
juntos. De qualquer forma, nunca se sabe o que pode acontecer. Por exemplo, um
dos nossos cantores – Konstantin – é da Ucrânia e no caso de tocar ao vivo, por
enquanto ele não pode viajar do seu país, logo esse é o problema que temos que resolver
agora. Espero que a situação melhore em breve.
Este é claramente um
álbum conceptual. Podes contar-nos a história por trás dele?
É a nossa tentativa de criar uma banda sonora de metal
sobre a vida de Marco Polo. Existem muitos projetos de operas metal, mas
queríamos criar algo mais único, então fizemos um álbum que tem elementos de
banda sonora, mas, por outro lado, ainda é um álbum de metal forte. Cada
música é dedicada a uma parte específica da vida e jornada de Marco Polo que se
distingue não apenas pela letra, mas também pela música. Usamos diferentes
instrumentos étnicos relacionados as partes específicas do mundo por onde Marco
passou. Cada música tem uma atmosfera e mood únicos. Por exemplo, a
música Mongols é muito agressiva no início, representando a imagem que
as pessoas comuns tinham desse povo, mas depois fica mais suave e melódica – à
medida que Marco os conhece melhor, ele percebe que não são apenas guerreiros
brutais. Como outro exemplo posso citar Prisioner cuja atmosfera sombria
representa os pensamentos de Marco durante a sua prisão em Génova.
O que vos levou a
escrever um álbum sobre Marco Polo?
A ideia veio toda de Libor. Uma das suas primeiras
inspirações veio depois de ter visto uma série de TV dos anos 80 sobre Marco
Polo, que incluía belas músicas de Ennio Morricone. Libor inspirou-se e
começou a criar as primeiras notas das músicas atuais Venezia e Crimson
Silk. Naquela altura, ele não fazia ideia se escreveria apenas duas músicas
com esse tema ou se seria alguma pequena saga como parte do álbum. Como podes
ver, tivemos ideias suficientes para criar todo um álbum conceptual.
Achas que a sua história
de vida ainda é significativa nos dias de hoje?
Bem, Marco Polo e a sua história são muito inspiradores.
Nos tempos em que havia apenas uma verdade oficial e era perigoso pensar por
conta própria e fazer algum pensamento crítico, opunha-se a todos e não tinha
medo de dar opiniões desconfortáveis. Ele teve uma visão que o fez não ter medo
de viajar durante muitos anos além das fronteiras do mundo conhecido.
Como foi o vosso processo
de composição para este álbum? Mudaram alguma coisa em relação aos discos
anteriores?
Libor é o principal compositor deste álbum. Ele fez
todas as músicas enquanto diferentes membros participam com as letras. Eu
percebo isso como uma consequência natural da mudança de formação e acredito
que, no futuro, mais pessoas estarão envolvidas na composição de novas músicas.
Comparado aos discos anteriores, este álbum é provavelmente o mais pesado e
contém muito mais elementos sinfónicos do que usamos antes.
Os novos membros foram
autorizados a participar deste processo de composição?
Sim, o processo de escrita foi aberto a todos, portanto
há algumas passagens que discutimos muito juntos antes de chegarem à forma
final. Cada membro tem a liberdade de criar ou editar a sua própria parte
enquanto Johannes fez algumas orquestrações.
O artwork também é uma obra-prima. Podes dizer-nos quem
foi o responsável?
Gostamos muito do artwork! O autor é Dušan
Marković e ele fez um trabalho incrível. No passado ele fez o artwork
do single Crimson Silk (2019) e gostamos, portanto, perguntamos se
gostaria de participar no álbum e o resultado final é impressionante! É
definitivamente o melhor artwork dos Symphonity até agora!
Para a mistura e masterização, trabalharam com
uma equipa lendária: Mika Karmila e Mika Jussila. Como foi a experiência de
trabalhar com eles?
Foi absolutamente incrível. Ambos são verdadeiros
profissionais e estamos satisfeitos por terem aceitado trabalhar no nosso
álbum. O trabalho deles é preciso e rápido, não tivemos que resolver nenhum
problema pelo caminho. Aquela malta dos Finnvox Studios enviou-nos o
resultado e dissemos “Uau, isto está perfeito”. O som é diferente dos nossos
álbuns anteriores misturados e masterizados por Sascha Paeth, mas acho
que soa incrível. Deixemos os fãs julgarem.
Mesmo que já tivessem
um álbum lançado sob o nome Nemesis, em 2006, mudaram o nome para Symphonity.
Por que aconteceu essa mudança?
Foi apenas por razões práticas. O nome Nemesis
foi usado por mais de uma banda, portanto procuramos algo mais original. Foi
assim que foi criado o nome Symphonity. É a ligação das palavras Symphonic
e Eternity.
Neste momento, estás incluído
em mais algum projeto?
Muitos de nós temos alguns projetos musicais
paralelos, mas a principal prioridade de todos nós é promover o novo
lançamento. Tudo o resto é inferior. Estamos focados em fazer a melhor
divulgação possível do novo álbum e fazer o mundo saber que os Symphonity
também são uma banda ao vivo e que as nossas apresentações ao vivo são ainda
melhores que os álbuns de estúdio. Os Symphonity têm o line-up
mais poderoso da sua história e agora está na altura de mostrar isso! É por
isso que os outros projetos não têm prioridade agora.
Quais são os vossos planos
de tournée
para este álbum? Portugal está incluído?
Gostaríamos de divulgar este álbum em tournée,
essa é uma das nossas prioridades. Por outro lado, não depende apenas de nós. De
momento, não posso dizer datas específicas, pois estamos a trabalhar nisso, mas
acredito que poderemos anunciar em breve. Se for possível, teremos o maior
prazer em visitar também Portugal! Verifiquem o nosso site regularmente
e participem na nossa lista de e-mails gratuitamente, para que sejam os
primeiros a saber as próximas datas da tournée.
Obrigado, Tomas, queres
enviar alguma mensagem aos vossos fãs portugueses?
Obrigado pelas tuas perguntas, Daniel! Gostaríamos de
dizer OBRIGADO a todos os nossos fãs e apoiantes em Portugal, nós apreciamos
isso. Aproveitem o nosso novo álbum, stay heavy e vemo-nos (espero) numa
tournée em breve!
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