Puzzle (FARRA FANFARRA)
(2022, Independente)
Festa, alegria e boa disposição é o que o
projeto Farra Fanfarra tem apresentado ao longo dos seus 15 anos de
existência. As comemorações deste aniversário fazem-se com o lançamento do
álbum Puzzle que logo a abrir deixa toda a gente de queixo caído
com a versão de Born To Be Wild. O rock a cruzar-se com todos os
sopros que fazem parte da família Farra Fanfarra de forma perfeita e com
Carlos Godinho a incendiar a coisa com a sua guitarra. Puzzle é uma
amálgama criativa que, através da música, do teatro, do circo e do humor,
resulta num momento de puro entretenimento, pensado para todas as idades – e
que se baseia em música que vai da América Latina aos Balcãs, passando por
África e pela Europa, num verdadeiro registo eufórico intercultural. [86%]
Senhora Mentira (CAVALO AMARELO)
(2022, Independente)
Os nomes que fazem parte deste Cavalo
Amarelo já por aqui andaram há mais de vinte anos. Eram os Fé Lusitana.
Agora regressam e para que não haja confusões, e como forma de cortar com o
passado, são os Cavalo Amarelo que se estreia com Senhora Mentira
disco lançado no... Dia das Mentiras, dia 1 de abril. Mas este disco é para ser
levado a sério! Apesar da mudança de nome e do natural crescimento dos seus
constituintes, Senhora Mentira ainda está muito ligado ao rock
dos anos 80. Entre os nomes nacionais, GNR e Ban; entre os
além-fronteiras, New Order ou The Smiths. A abertura com o
tema-título agarra o ouvinte pelo seu tom folk trazido pelo violino de Dalila
Marques e fortalecido pelo dueto entre o vocalista Paulo Maçarico e Carlos
Moisés. A seguir, Asas (de Papel), envereda, definitivamente, pela
energia do rock que irá fazer parte de grande parte do álbum, com as
guitarras salientes e com o adequado protagonismo. A exceção é a balada em tons
de sofrimento interior que é Anjo És. Rock sempre em português, com
energia e atitude, Senhora Mentira é, uma mentira muito bem contada e
que apetece ouvir. [75%]
Eigreen (EIGREEN)
(2022, Lux Records)
Quando a um irmão e uma irmã se juntam alguns
amigos, nascem os Eigreen, um jovem projeto nacional com boas ideias,
mas ainda com algumas dificuldades em as explanar. O trabalho homónimo de estreia
navega entre uma fusão de jazz, trip-hop, indie ou rock.
Por vezes minimalista e introspetivo, outras vezes a mostrar-se mais energético
e até com groove. De Yes a Pink Floyd, passando por outras
vivências mais experimentais, Eigreen é um curto disco que vai inserindo
apontamentos acústicos, passagens mais pop e teclados elegantes. É
composto por diferentes fases, que representam a ligação de Francisco
Frutuoso ao disco e que são entrecortadas por alguns interlúdios acústicos.
O coletivo está no bom caminho, embora a consistência possa ser melhorada.
Percebe-se, ainda, que há aqui potencial para mais altos voos, assim não percam
a sua capacidade de viver no risco. [79%]
Troika (D’VIRGILIO, MORSE, JENNINGS)
(2022, InsideOut Music)
A meio dos confinamentos e das perturbações
causadas pela pandemia, Neal Morse escreveu algumas músicas ligeiramente
diferentes do que era habitual. E a ideia avançou para juntar alguém, não só
que também pudesse cantar (misturando diversas vozes, portanto), mas que também
fossem compositores, para assim cada um contribuir nas músicas dos outros. Foi
esta a base de nascimento do projeto que junta o próprio, Ross Jennings
(Haken) e Nick D’Virgilio (Spock’s Beard), uma troika
de excelentes músicos e cantores que optaram por assinar o álbum com os seus
próprios nomes e intitulá-lo, precisamente, de Troika. A música
apresentada assenta em bases acústicas, num formato musicalmente mais simples
(embora acabe por haver bastante instrumentação) e em intensas harmonias vocais.
Ambas as vertentes (musical e vocal) revelam-se fortemente orgânicas, bem
inspiradas no rock dos anos 60 e 70 e com alguns momentos de muito belo
efeito. [85%]
Ignite (IGNITE)
(2022, Century Media Records)
Em 2019, essa instituição californiana de hardcore
punk que dá pelo nome de Ignite, chegou a uma encruzilhada. Depois
de 25 anos a cimentar a sua posição no meio com base em cinco álbuns, tiveram
que procurar uma nova voz. A viverem em plena pandemia, a procura por um novo
vocalista também se transformou na escrita do conjunto de canções mais
expansivas até à data. Por isso, o seu mais recente disco se intitula
apropriadamente de Ignite porque a banda voltou claramente às suas
influências hardcore dos primórdios, destacando-se como um dos esforços
mais fortes até agora. E desta forma, logo a abrir com Anti-Complicity Anthem,
vemos os Ignite a disparar em todas as direções numa faixa melódica,
política, pungente e dirigida. Mais política surge em The River, embora
outros temas se destaquem como as reviravoltas sucessivas em The Butcher
In Me. Já agora, o novo vocalista é Eli Santana. [66%]
Comentários
Enviar um comentário