Entrevista: Saints Trade

 


Naquele momento certo para se ser herói, tudo se pode desvanecer. O melhor, nestas situações é arregaçar as mangas, aplicar-se e trabalhar. Foi, mais ou menos, isso que aconteceu aos Saints Trade. No final de 2019 lançavam Time To Be Heroes, mas não tiveram tempo para o ser, porque logo a seguir o mundo (e principalmente o seu país, Itália) parava devido ao covid. Dentro de uma gaiola, em confinamento, a força foi encontrada e assim se começou a construir The Golden Cage. O trio (que agora já é um quarteto, como perceberão) reuniu-se para voltar a falar connosco.

 

Olá, pessoal, como estão? Mais uma vez, obrigado pela disponibilidade. The Golden Cage é o vosso novo álbum. Qual foi o processo que vos levou a este álbum depois de Time To Be Heroes?

Olá, Pedro, muito obrigado pelo interesse – é muito bom falar sobre o nosso novo álbum para os leitores da Via Nocturna! Time To Be Heros foi lançado em dezembro de 2019 e tínhamos grandes expetativas para esse álbum, mas infelizmente a inesperada situação de pandemia impediu todas as possibilidades de tocar essas músicas ao vivo. Como fomos obrigados a ficar em casa sem saber o que iria acontecer com as nossas vidas, começámos a pensar no futuro de forma positiva, tentando trabalhar velhas ideias e compor novas músicas. Em poucos meses, tínhamos quinze músicas prontas para serem selecionadas para o novo álbum, com a ajuda do nosso amigo, mentor e produtor Roberto Priori.

 

Time To Be Heroes foi lançado há três anos. O título deste novo álbum está ligado com as vossas experiências durante esse período, ou seja, durante os confinamentos?

Sim, claro – durante o primeiro confinamento na Itália vivemos uma situação estranha e pesada, mas num lugar seguro como em casa. Segura, mas limitante, por isso a concebemos como uma gaiola, mesmo que seja de ouro: na capa (feita mais uma vez pela AeglosArt) também podes ver uma chave de ouro, que significa a decisão, ou o próprio destino – essa chave está dentro da gaiola ou fora?

 

Então, é por isso que incluíram uma música chamada Lockdown Blues?

Lockdown Blues nasceu como uma brincadeira entre mim e o meu cunhado durante um telefonema no período de confinamento: ele sugeriu-me ver o lado positivo daquele momento e colocar o clima num Lockdown Blues. Ele escreveu a letra e eu escrevi uma peça que homenageia mais o Rock N Roll (com uma pitada de Honky Tonk) do que o Blues. Essa é a nossa maneira de exorcizar a memória daquele momento difícil.

 

Há três anos, Time To Be Heroes foi bem recebido. Qual foi a vossa ideia quando começaram a trabalhar num novo álbum?

Confusão, frustração, raiva... esses foram os nossos principais sentimentos depois de lançar o álbum e perceber que não tínhamos oportunidade de o tocar ao vivo, portanto decidimos escrever um novo álbum o mais rápido possível para o ter pronto para melhores momentos, para arrastar no novo setlist ao vivo também as músicas de Time To Be Heros.

 

Mais uma vez, mantêm a mesma formação. Qual a importância dessa estabilidade?

É fundamental, mas não é fácil mantê-la. Ser um trio facilita a tomada de decisões e a organização do tempo e reuniões, mas é como uma mesa sem uma perna, por isso achamos extremamente necessário adicionar um ou mais elementos para enfrentar os próximos espetáculos.

 

Parece que este pode ser o vosso melhor álbum até agora. Também olham para ele dessa forma?

Neste álbum queríamos dar um ou dois passos à frente álbum, melhorar as nossas composições e trabalhar juntos no equilíbrio do som para obter o melhor resultado até agora. Portanto, sim, este é o melhor álbum que escrevemos – também graças ao trabalho com Roberto Priori, mas estamos extremamente orgulhosos do que fizemos anteriormente.

 

Na vossa opinião, que diferenças há entre este novo álbum e os anteriores?

A experiência fez-nos crescer – como músicos, como compositores, como homens... portanto a nossa música cresceu connosco, hoje em dia está mais “madura” e “consciente” mesmo que toquemos o bom e velho Hard Rock! Mais uma vez, Roberto fez a diferença – assim como a bateria de Paolo Caridi.

 

Desta vez trabalharam algum aspeto de forma diferente?

Com certeza: somos uma banda old school que ensaiava semanalmente, portanto o contacto humano é muito importante na altura de compartilhar ideias de novas músicas. Desta vez tivemos que ser mais tecnológicos e suprir a distância com telefonemas, videoconferências, gravação em casa e partilha de arquivos. Não foi fácil mesmo.

 

Têm alguns convidados no álbum, não é verdade? Podem apresentá-los?

Sim, o nosso principal convidado é o poderoso Paolo Caridi na bateria: ele cobre uma posição muito quente, já que na altura não tínhamos um baterista permanente. Escolhemo-lo pelos trabalhos que ele fez com o Roberto: aprendeu as nossas músicas rapidamente e trouxe força, ideias e, acima de tudo, entusiasmo, não sendo apenas um “convidado” mas sentindo-se parte deste projeto mesmo não fazendo parte da banda.

Pier Mazzini também é convidado nos teclados e backing vocals sendo mais uma vez o “nosso Billy Preston” com um trabalho incrível. A nossa colaboração começa em 2015 quando tivemos que gravar o nosso primeiro álbum Robbed In Paradise e continua: ele sabe perfeitamente o que fazer com as nossas músicas e nós damos espaço para as suas ideias de arranjos, encaixando-se perfeitamente.

Por último, mas não menos importante, o nosso Padrinho Roberto Priori, convidado mais uma vez com um solo incrível na música Once And For All.

 

Um desses convidados é precisamente um baterista. Por que não têm um baterista permanente nos Saints Trade? Ainda é difícil encontrar um substituto da Joana…

Como já foi dito, pedimos ao Paolo para cobrir a posição de baterista neste álbum... ser um trio não é fácil, mas tivemos que encontrar o substituto certo para a Joana, que foi um elemento realmente importante desde o início. Depois de muito tempo, perguntamos a Fabrizio (que é meu amigo de longa data) para se juntar à banda para alguns espetáculos – mas o entusiasmo dele era exatamente o que precisávamos! Por isso, pedimos-lhe que fosse o nosso 4º elemento – por isso a história abriu um novo capítulo...

 

Estão prontos para ir para palco? O que têm planeado?

Sim, absolutamente prontos! Por enquanto, agendamos alguns espetáculos como uma tournée de verão de aquecimento em alguns festivais e situações ao ar livre, mas estamos a planear uma tournée durante o outono e inverno, e esperamos ter a oportunidade de tocar fora do nosso país.

 

Muito obrigado, mais uma vez. Querem enviar alguma mensagem aos vossos fãs?

Obrigado, Pedro, foi um grande prazer conversar contigo! Para todos os leitores e fãs, dizemos: continuem a rockar e a apoiar-nos – nós esperamos levar a nossa música a todos vocês o mais rápido possível! Se quiserem, podem encontrar-nos no Facebook e Instagram, sintam-se à vontade para entrar em contato connosco!


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