Entrevista: Bloody Sam

 


Ainda são um projeto novo, mas já têm algumas histórias engraçadas para contar. Os algarvios Bloody Sam são mais um exemplo de uma banda totalmente filha da pandemia. Começaram com um power trio, mas agora estão transformados num power duo. E satisfeitos com o formato. El Paso Hotel é o disco de estreia, mas já está outro a ser desenhado. Ray Van D conta-nos tudo.

 

Olá, Ray! Obrigado pela disponibilidade! O que te motivou a começar este novo projeto Bloody Sam?

Olá, Pedro. Obrigado, eu. Bloody Sam surgiu durante a pandemia. Parámos de tocar e comecei a escrever e gravar novas canções de forma a me manter ocupado e de poder lidar com a situação, uma espécie de terapia. As canções tinham um som diferente, não encaixavam em Stone Breaker e foi um momento onde decidi assumir mais a guitarra elétrica. Algo que até então ainda não me tinha sentido preparado.

 

Portanto, podemos considerar os Bloody Sam como um projeto filho da pandemia?

Absolutamente.

 

Quando se dá a junção com o João Ventura e com o Vasco Moura?

Nós já tocamos juntos há alguns anos, embora com o Vasco há mais tempo que com o João. Quando as canções começaram a tomar forma, cresceu a vontade de fazer um power trio. O Vasco e o João foram uma escolha óbvia pela ligação que temos, tanto a nível de amizade como a nível musical. Há uma química especial entre nós que não consigo explicar.

 

Curiosamente, os Bloody Sam começaram como um trio. O que se passou para passarem a duo e porque optaram por continuar neste formato?

Quando estávamos a planear o lançamento do álbum, começamos a falar sobre irmos para a estrada, marcar concertos, promover o álbum. O Vasco com o talento e musicalidade que tem e sendo músico de sessão, começou a ter bastante trabalho com vários artistas de renome e tornou-se difícil podermos marcar concertos ao vivo em formato trio. Não queríamos apresentar um projeto que ao vivo não fossem os mesmos elementos. E ainda porque o lugar do Vasco é muito difícil preencher, tanto pela pessoa que é, como musicalmente. Falei com o Vasco e chegamos a acordo, tanto porque não estava a ser fácil para ele como para nós. Numa situação desafiante, achei que poderia ser interessante tornarmo-nos num power duo.

 

Já agora, este formato será para continuar ou têm em vista aumentar o número de membros?

Nunca digo que desta água não beberei, mas por enquanto estamos muito satisfeitos com este formato.

 

Estas composições apresentadas em El Paso Hotel foram compostas já com o projeto em andamento ou já são temas que cada um tinha na gaveta?

O Doesn’t Matter Anymore já existia e foi aquela que deu o mote para avançar com o resto. Comecei a partilhar as canções com o Vasco e ele mandou uma malha que se tornou no Watcha Gonna Do. O Follow Your Soul foi uma canção que trabalhei com o João até encontramos o beat certo para ela, acho que fizemos umas 9 versões diferentes. O resto das músicas são um misto de canções que tinha na gaveta e outras que surgiram com o projeto em andamento.

 

Em termos de influências, que nomes ou movimentos mais vos influenciaram na criação destas canções?

Acho que somos bastante ecléticos em termos de influências e gostos, mas destaco Led Zeppelin, Kyuss, QOTSA, STP.  É apenas Rock n roll com psicadelismo à mistura- flutuando entre o stoner rock e o blues rock.

 

Quando e porque surge o nome Bloody Sam para o projeto e El Paso Hotel para o álbum?

O nome Bloody Sam surge como uma homenagem ao realizador Sam Peckinpah que tinha como alcunha Bloody Sam, por ser um dos primeiros a mostrar sangue nos seus filmes. Uma das canções que também deu o mote ao projeto é a La Fuga de Vejer que é na verdade uma descrição bastante real sobre o que nos aconteceu no pico da pandemia quando estávamos a tocar em Vejer de la Frontera (Espanha) e tivemos de voltar a Portugal antes que fechassem as fronteiras. O facto de termos ficado num hotel chamado El Paso e de termos de passar por terras como El Colorado, despertou-me uma imagem de um típico Western em que 3 foragidos tentam chegar à fronteira antes do amanhecer. O Vasco, amante de cinema, sugeriu o nome Sam Peckinpah e eu lembrei-me da alcunha- Bloody Sam. Tudo pareceu certo.

 

Como decorreram os trabalhos com o Vítor Bacalhau?

Muito natural. Por nos conhecermos há muito tempo, tudo foi superfluido e tranquilo. Na verdade, foram alguns dias passados entre amigos a gravar num ambiente super criativo e relaxado. O Vítor para além de ser um talentoso guitarrista tem vindo a revelar-se um excelente produtor que segue uma linha  sonora muito própria que nos agrada bastante.

 

Este é um projeto apenas para um álbum ou há ideias para mais lançamentos no futuro?

Estamos neste momento a trabalhar nas novas canções para o próximo álbum que deverá sair em 2023.

 

E quanto a estrada? O que têm feito e o que ainda têm planeado?

Lançamos o álbum em abril no Teatro Tempo em Portimão através da Associação Marginalia e no mítico Bafo de Baco em Loulé. No dia 14 de agosto estivemos no BFF (Boliqueime Food Fest).

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