A pandemia trouxe, de facto, muitos problemas. Mas para
alguns (muitos) músicos trouxe o tempo e disponibilidade para criarem com
tranquilidade. Aconteceu isso com Oliver Hartmann (ex-At Vance, Avantasia,
Echoes) que assim conseguiu criar, aquele que será provavelmente o melhor álbum
do seu projeto Hartmann, Get
Over It. Um disco de fino recorte melódico que não deixará ninguém
indiferente. Dentro de alguns dias o músico partirá em tournée pela
Alemanha, mas antes disso teve tempo para conversar com Via Nocturna.
Olá,
Oliver, como estás desde a última vez que conversamos? Get
Over It é o teu novo álbum. Como decorreu o processo que te trouxe até este
álbum?
Estou bem, obrigado. Bem, estamos
todos a olhar para trás em dois anos e meio dessa pandemia ainda em andamento, portanto
tem sido um momento estranho e louco para todos nós desde o lançamento do nosso
último álbum 15 Pearls And Gems em abril de 2020. Além da nossa pequena tournée
acústica do verão passado, claro que sobrou muito tempo. Assim, decidi usar o
tempo de uma maneira sensata e trabalhar em músicas para um novo álbum.
Tu
costumas estar sempre muito ocupado, por isso posso perguntar em que projetos
estiveste envolvido nos últimos dois anos?
Como a maioria dos músicos,
também não tive muito que fazer nos últimos dois anos. Um concerto ao vivo ou
uma transmissão ao vivo aqui e ali e alguns trabalhos de estúdio, mas nada
regular ou contínuo. Pelo amor de Deus, a situação mudou nesta primavera e tivemos
a oportunidade de tocar as nossas datas da tour adiada com os Avantasia,
entre junho e final de agosto, muitos espetáculos com o meu tributo aos Pink
Floyd, Echoes e também alguns festivais com Hartmann.
Quando
começaste a trabalhar neste novo álbum e quais foram os teus principais objetivos?
Como eu disse, tive muito tempo
livre que quis usar de maneira sensata. Se há um aspeto positivo da pandemia,
foi a oportunidade para sair da 'roda de hamster' normal em que todos estamos e
a quantidade de tempo que tive para escrever músicas para um novo álbum. Isso
deu-me a possibilidade de permanecer naquele fluxo de trabalho especial que
precisas para escrever novas músicas. Foi sempre um pouco mais difícil nos anos
anteriores encontrar o tempo e o clima certo para trabalhar na composição e na
produção devido às longas tournées com Avantasia, Echoes e
outros projetos. E foi uma possibilidade de transformar o clima negativo de
toda a pandemia em algo positivo. Acho que, num certo ponto, simplesmente temos
que parar de nos lamentar e reclamar com a nossa situação e fazermos tudo o que
pudermos para mudar isso. Para superar isso. Foi exatamente o que eu fiz e que
levou ao título do álbum.
Como
Hartmann, Hands On The Wheel de 2018 foi o teu último
álbum de estúdio. Que diferenças vês entre os dois álbuns?
Musicalmente não mudamos muito.
Mas acho que o novo álbum Get Over It soa um pouco mais homogéneo do que
todos os outros anteriores. Toda a produção soa muito natural e estou
totalmente feliz com isso. Acho que a principal diferença foi a duração do
processo de escrita.
Qual
foi a metodologia de trabalho desta vez?
Acho que é sempre a mesma coisa
quando trabalhas num novo álbum, já que queres dar sempre um passo em frente e
fazer o melhor álbum que já fizeste. Desta vez, tínhamos mais de 25 músicas
mais ou menos finalizadas para escolher, mas decidimos levar apenas 11. Não
queríamos ter nenhuma música no álbum que parecesse um filler ou que não
se encaixasse cem por cento, portanto simplesmente pegamos nas melhores que
também se encaixam perfeitamente. Também ouvimos demos e músicas mais
antigas que não entraram nos discos mais recentes. Uma delas é a balada Can't
Keep Away From You, uma faixa que já foi escrita há 7 ou 8 anos, mas nunca
chegou a entrar em nenhum álbum, embora eu ache que é uma ótima música.
Entretanto,
tiveram momentos de comemoração com 15 Pearls And Jams.
Isso permitiu-vos voltar mais forte e com novas ideias?
Sim, em 2020 comemoramos o nosso
15º aniversário com a banda o que levou à ideia de 15 Pearls And Gems que
é uma mistura de novas músicas, faixas ao vivo e versões especiais de faixas pop
principalmente dos anos 80.
Nesse
álbum tinhas incluído cinco músicas novas. Mas, nenhuma delas foi incluída agora
em Get Over It, certo?
Sim, Get Over It inclui
apenas novas músicas. Nenhum deles são remixes ou foram incluídos em
outros álbuns antes.
A
arte da capa é bem simples – só tu com a tua guitarra. Indica que este poderá ser
um álbum mais pessoal ou não?
Já tínhamos uma arte finalizada
no início deste ano, mas sinceramente não me sentia feliz com ela, por isso
decidimos mudá-la novamente. Definitivamente é um álbum muito pessoal e depois
do álbum de estreia Out In The Cold em 2005 acho que estava na altura de
voltar a mostrar o meu rosto novamente numa capa (risos).
Quem
são os músicos – o núcleo da banda e convidados – que estão contigo neste
álbum?
Trabalhamos mais ou menos com a
mesma formação, exceto o nosso segundo guitarrista Mario Reck que deixou
a banda no início de 2020. Markus Kullmann tocou bateria, Armin
Donderer no baixo e o meu bom amigo Jimmy Kresic fez alguns teclados
adicionais em alguns faixas. Além dessa formação também Ina Morgan, membro
dos Avantasia, fez alguns backing vocals. Já trabalhamos juntos
no álbum de estreia e ela simplesmente tem uma voz que dá uma vibe
especial aos coros.
Para
as funções de produção, voltaste a trabalhar com Sascha Paeth. Foi um trabalho
tranquilo?
Sim, Sascha Paeth, que é
um excelente produtor e engenheiro, foi o meu parceiro de produção novamente
para este este álbum. Trabalhamos juntos há muito tempo e ele sabe exatamente o
que eu quero em relação ao som e à produção. É sempre um prazer trabalhar com
ele e ele também fez um trabalho incrível neste álbum!
O
que nos podes dizer sobre os outros projetos em que estás envolvido?
Durante a pandemia eu, Jimmy
Kresic e Dennis Ward trabalhámos juntos em mais um novo projeto. Mas
devido ao facto de todos nós estarmos envolvidos em outras coisas de momento,
ainda demorará algum tempo até que esteja finalizado. Além disso, estou a
tentar não fazer parte de muitas coisas ao mesmo tempo para me poder concentrar
mais nos Hartmann e nas minhas outras bandas ao vivo como Avantasia
e Echoes.
Tens
planada alguma tournée ou alguns espetáculos ao
vivo?
Após o lançamento de Get Over
It em 16 de setembro, começaremos a tournée no final deste mês,
principalmente espetáculos na Alemanha, mas também estamos ansiosos para
anunciar mais algumas datas de para a Espanha e outros países no próximo
primavera. Espero que um belo dia também em Portugal.
Muito obrigado, Oliver, mais uma vez. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Eu quero mandar um olá para todos os teus leitores e fãs de Hartmann por aí e esperamos – não, temos a certeza – que gostem do novo álbum!
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