Reviews: XANTHAN; EDIÇÃO DE AUTOR - V/A; DEATH DENIED; MEAN TO YOU; FOGOS

 

Succubus Swing (XANTHAN)

(2022, Independente)

Os Xanthan são um trio de rock experimental oriundo de Houston (Texas), que se estreia com Succubus Swing. Boz Miller (bateria), Max Miller (guitarras) e Corin Gatwood (baixo de seis cordas) assumem a criação de um disco repleto de diferentes nuances e linhas exploratórias que vai do rock mais tradicional e progressivo até algum metal de tendência menos convencional. De tal forma que a meio de Colliskeions: 23 – melhor tema do disco, por sinal – até parece que foram buscar riffs aos Slayer (primeiro) e Metallica (depois). Metade deste trabalho é vocalizado, o que acaba por ser uma má opção, pois os vocais nada acrescentam a um disco que tem uma dinâmica muito própria no campo instrumental. O trio está sempre a tentar alguma coisa nova em cada canção, o que torna o álbum interessante nesse aspeto, mas com tanto foco no aspeto da experimentação e inovação, acabam por esquecer um pouco o sentido estético da canção. Por isso Succubus Swing é um disco feito por músicos evoluídos que provavelmente só será ouvido, percebido e sentido pelos seus pares. [73%]



 

Edição de Autor – Advanced Promo Tracks (V/A)

(2022, Ethereal Sound Works)

É cada vez mais frequente dizer-se que o metal nacional está de boa saúde e que pode até concorrer com os melhores lá de fora. Não poderíamos estar mais de acordo. E a compilação que a revista Lusitânia (entretanto parada, esperamos que apenas momentaneamente) e a editora Ethereal Sound Works (ESW) nos apresentam com o sugestivo título de Edição de Autor – Advanced Promo Tracks, é a prova mais que evidente desse estado. São 9 temas de 9 bandas dos mais diferentes espectros musicais. Do punk dos Zurrapa ao black metal dos Caedeous, passando pelo glam dos Tones Of Rock, o modern metal dos Ho Chi Minh, o metal instrumental dos Phoenix Clove, o hibrid metal dos Adamant Code, o rock alternativo dos M. C. U., o heavy metal dos lendários Alkateya e o prog rock dos Artnat. Diferentes subgéneros unidos num denominador comum: a classe dos nomes e temas apresentados. Cronologicamente, esta história começa com os Zurrapa (que, curiosamente, fecham o alinhamento), com o tema Putas, Vinho & Rock ‘n’ Roll, presente no EP Zurrapa Som Sistema, de 2018, e fecha com três temas deste ano: Metal Rising, dos Alkateya (com a participação de Tim “Ripper” Owens) cujo regresso aos discos se prevê para este ano; Tormentis Aeterna dos Caedeous (tema presente no terceiro álbum do projeto internacional sediado em Lisboa, lançado este ano) e, a maior surpresa deste registo, Homem Sem Medo, do novo projeto de Fernando Girão, M. C. U., com álbum este ano pela própria ESW. Entre nomes mais consagrados e outros menos, esta compilação dá oportunidade para que se mostre o que de melhor se tem feito por cá nos últimos anos. [87%]



 

Transfuse The Booze (DEATH DENIED)

(2014, Independente)

O novo álbum dos Death Denied, Through Waters, Through Flames teve edição este ano pela Sarcophagus Records. E, ao mesmo tempo que tivemos contacto com a banda e com este novo álbum também o tivemos com o seu longa-duração de estreia, Transfuse The Booze que havia sido lançado em 2014. Portanto, para perceber a evolução criativa do grupo polaco começámos, precisamente por Transfuse The Booze. Este disco mostra bem como o metal sulista se conseguiu espalhar por todo o mundo. Estamos em Lodz, na Polónia, mas poderíamos perfeitamente estar no Texas. Os Death Denied afinaram as suas guitarras em tons bem graves e injetam ritmos de bateria e riffs de guitarra que vêm diretamente dos COC, na sua melhor fase. E quem fala em COC, sempre pode ir um pouco mais atrás no tempo e chega aos Black Sababth. Neste álbum não falta groove, não faltam riffs monumentais, não falta trabalho harmónico sacado às duas guitarras que conjugam sempre bem e não faltam vocais roucos e poderosos. E também há bastantes mudanças rítmicas que nos apanham de surpresa o que torna as composições e o álbum no geral bastante dinâmico. Agora, depois da estreia, veremos como a banda evoluiu para o álbum deste ano, o terceiro da sua discografia. [83%]



 

Strong (MEAN TO YOU)

(2021, Independente)

Mean To You é um projeto do Luxemburgo, desde 2016 assente apenas no baixista Mulles, isto depois de toda a formação ter abandonado o barco. Strong é o EP que se seguiu e onde Mulles surge acompanhado por músicos de sessão oriundos de diversos pontos do globo. São seis temas que cruzam o rock alternativo com o groove metal, com riffs sólidos, alternando momentos enraivecidos com outros em que a melodia se destaca e sem nunca deixar cair o sentido enérgico e musculado. Para nos situarmos melhor, poderemos dizer que os Mean To You se localizam algures entre os 3 Doors Down e os Pantera, embora nunca demasiado próximos nem de uns nem de outros. Vocal e instrumentalmente pouco arrojado, Strong vive, sobretudo da riqueza da secção rítmica, essencialmente das dinâmicas impostas pela bateria. São seis temas que não deslustram, embora também não sejam eles que irão colocar o nome dos Mean To You na rota dos nomes obrigatórios descobrir. [72%]



 

Corpses And Ashes (FOGOS)

(2022, Independente)

Formados há apenas um ano, apesar de contar com elementos que já tiveram experiências em coletivos como Obsidian Kingdom, Abrahel, Blazemth ou Erial, Fogos é nome da mais recente devastação sonora a chegar da Catalunha. Os nomes por onde passaram os seus membros não deixam dúvidas e Corpses And Ashes, disco de estreia, do quarteto é uma viagem sem regresso por um black metal visceral, niilista, direto e obscuro. Estilisticamente poderemos afirmar que apresenta reminiscências dos anos 90, embora com alguns pormenores mais contemporâneos, nomeadamente ao nível de uma produção que injeta alguma luminosidade (se é que este termo se pode aplicar nesta besta escura!) que permite extrair o essencial das suas composições tenebrosas. [70%]

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