Os músicos são letões; o mentor
está na Alemanha. Mesmo assim, foi possível formar os Anthia, um projeto que se
pode enquadrar na definição de death metal progressivo. E,
de facto, Gaslighter, trabalho de estreia do power trio consegue, surpreender pela abordagem o mais
progressiva que se possa imaginar às sonoridades mais extremas. O mentor
Herman Rigmant falou-nos desta promissora estreia.
Olá, Herman, obrigado pela disponibilidade. Anthia é
uma banda nova, por isso podes apresentá-la aos metalheads portugueses?
Olá, sou Herman, guitarrista e mentor dos Anthia. Obrigado por esta possibilidade
de falar. Formalmente, eu apresentaria os Anthia
como uma formação de Death Metal
Progressivo. Especialmente porque as raízes de todos os membros da banda são
profundas na cena progressiva dos anos 90. Ao mesmo tempo, diria que o elemento
progressivo da nossa música não é o foco principal. Tentamos fazer as músicas
agressivas, melódicas e o mais confortável possível para ouvir. Somente se aprofundarem
os arranjos encontrarão as camadas cada vez mais progressivas e quão
aconchegante às vezes a música é feita. Ouçam e dêem a vossa opinião.
Quais
são as vossas principais influências?
Como disse anteriormente, os músicos dos Anthia vêm da cena Death Metal Progressiva dos anos 90, logo as principais influências
são heróis como Cynic, Atheist, Death, Pestilence. Mas o
tempo passa e o mundo está tão cheio de grandes artistas. Assim, diria que
somos influenciados por tudo. E se falarmos de mim pessoalmente, mencionaria
uma pilha de nomes de Börk, Dead Can Dance e Cocteau Twins até Imapaled
Nazarene, Entombed e Carcass. Alguém disse que todas as
novidades vêm de tentativas malsucedidas de plágio (risos). Faz sentido.
Como surge o vosso nome? Tem algum significado?
Anthia
é uma espécie de escaravelhos predadores. O seu habitat são os desertos do Afeganistão,
Síria e arredores. Eles são muito agressivos, vorazes e parecem muito mmmmm… sexy (risos)! (o nome completo dessa espécie é Anthia sexguttata). Também a palavra Anthia é muito simétrica. Começa e termina com ‘’A’’. Eu gosto
deles, a minha esposa também os acha também, portanto foi assunto de piadas de
família durante muito tempo. Um dia eu comecei a banda e o nome Anthia surgiu de uma forma natural.
Por que decidiste avançar como um power trio?
Apesar de sermos originários de Riga (Letónia), os
membros do Anthia moram em
diferentes países. Eu moro na Alemanha (portanto, Anthia é formalmente uma banda alemã). O resto dos elementos está
em Riga. Conhecemos há muito tempo e trabalhar juntos como trio é fácil e
divertido. O tempo da criação surgiu juntamente com o COVID19, parecia quase impossível
de nos reunirmos durante tempo suficiente para ensaiar uma coisa tão
complicada. Pode ser que agora, após o lançamento do Gaslighter, discutimos a possibilidade de tocar ao vivo… Veremos.
Apesar
de a banda ser alemã, como referiste, todos vocês são da Letónia e tocam ou
tocaram em bandas de lá. O que te fez mudar para a Alemanha?
Mudei-me para a Alemanha por motivos pessoais. A minha
família já morava aqui há 20 anos antes de eu vir. Tinha muitos amigos musicais
aqui, fiz aqui muitas tournées com as
minhas bandas anteriores. E, finalmente, comecei a aprender alemão e na altura
ofereceram-se um lugar no Krefeld City
Theatre como técnico de som. Aceitei esta oferta e fiquei aqui. Já lá vão 9
anos.
Tens
vários convidados a colaborar em Gaslighter. Podes apresentá-los e falar sobre a importância deles
para a vossa música?
Sim, tivemos alguns convidados que fizeram um ótimo
trabalho no álbum. Gostaria de apresentá-los: Katharina Kurschat - fez as partes femininas nas músicas Prayer e Chairborne. Katharina é uma atriz do Krefeld City Theatre, onde trabalho. O seu jogo emocional no álbum de
Anthia não tem preço. Raafat Daboul também é ator do Krefeld City Theatre. Ele representa a
convocação do Rei de Anthias em língua árabe na música Anthia. Raafat vem originalmente da Síria a região onde habita Anthia.
Nik Arhipov fez as partes vocais
melódicas nas músicas Procrastination
e Exaltation. Nik é o vocalista da
banda de metal letã Trenkill Method. Martin Tiltnieks tocou
flautas na música Procrastination.
Ele é um membro da banda folk letã Obscurus Orbis.
Na música Origin Of Species, incluem
alguns trechos do livro de Charles Darwin. Quando surgiu essa ideia? E de que
forma é feito esse cruzamento com os vossos aspectos musicais criativos?
Se te lembras do tempo pouco antes do COVID19, o
principal assunto da comunicação social era a defesa do Meio Ambiente e do
Aquecimento Global. Greta Thunberg, Fridays for Future Son e por aí
adiante. Juntamente com as ações reais tendentes a evitar retrocessos
catastróficos para a humanidade e outras espécies baseadas na ciência, nasceu
algum movimento religioso populista e rápido que histericamente reivindicou o
ser humano como inimigo da natureza, gritando pateticamente “O planeta está em
perigo”! “O planeta precisa da nossa ajuda!” A letra de Origin Of Species não contém apenas citações de Darwin, mas de George Carlin Salvem o Planeta e, como apogeu, a citação do Dr. Jan Malcolm do Jurassic
Parc. E aqui está o principal motivo da música e a minha opinião sobre o
tema ambiental:
A vida, uh... encontra um
caminho.
O Planeta vai muito bem.
Estou aqui há quatro bilhões
e meio de anos.
A vida, uh... encontra um
caminho.
Com ou sem homens! Mesmo que
o povo esteja lixado!
Como descreverias Gaslighter
para quem não vos conhece?
O álbum Gaslighter
é uma espécie de uma viagem de música metal,
um pouco mais de meia hora de duração. Cada curva da estrada abre para uma
visão inesperada. É melhor não voltar atrás. Todas as músicas são diferentes, portanto,
se parares a meio, nunca saberás o que aconteceu depois…
Como decorreu o processo de gravação? Correu tudo
como planeado?
O processo de gravação foi o usual para bandas
internacionais hoje em dia. Reenvio contínuo de faixas e TABs entre nós via internet.
Lentamente, ir juntando tudo. A única coisa que fizemos fisicamente juntos foi
a gravação vocal com Serg, porque a performance vocal tem algo parecido com a
ação teatral. É bom trabalhar com quem canta em modus de tempo real. Para sentir. Para discutir cada ideia de performance.
Para beber vinho, afinal. Eu ainda acredito que os vocais e as letras são o
elemento principal de todas as músicas. Não importa o quão complexas e fixes sejam
as outras partes instrumentais. Mas as outras partes da música também tiveram
soluções interessantes nascidas de uma forma de discussão. Por exemplo, podes
ouvir 2 linhas de baixo a tocar ao mesmo tempo no verso da música chamada Anthia. Foram ambas oferecidas por Serhio,
o baixista. E as duas ficaram tão boas que lhe pedi para as combinar em
polifonia…
Sendo o vosso álbum de estreia, qual foi o principal
objetivo?
O
objetivo principal? Simplesmente criar. Criar livremente sem limites, planos,
dependência. Livre de qualquer esperança de primazia global (risos). E, claro,
a sensação de segurar o CD nas tuas mãos como resultado. Pedaço de plástico,
que contém os teus pensamentos mais íntimos, as melhores soluções musicais tuas
e das pessoas mais próximas (companheiros da banda)… Uma espécie de cápsula do tempo. Podes abri-lo a qualquer momento para
viver essa paz da tua vida, uma vez atrás da outra. Eu lancei álbuns
suficientes, mas esse sentimento emocionante permanece o mesmo a cada
lançamento.
Muito obrigado, Herman, mais uma vez. Queres acrescentar
mais alguma coisa?
Gostaria de desejar aos teus leitores uma vida cheia
de Paz, Amor e Ação. Ouçam Gaslighter
no Spotify. Demora pouco do vosso tempo
e não é preciso dinheiro. Deixo o link
para o nosso Spotify - https://open.spotify.com/album/5oxYYqtvIryy2UWMs67emn. Ou esqueçam. Não percam 30 minutos da vossa preciosa
vida por uma besteira destas! A vida é curta! (risos)
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