Os Black Rose já cá estavam em 1976, na altura ainda
se chamavam Ice! Mas desde essa altura nem tudo correu bem aos britânicos que
acabaria por encerrar atividades em 1989. O regresso aconteceu em 2003, estando
ativos desde então, mas com pouca produção discográfica: o mais recente WTF é apenas o segundo álbum nesta
sua segunda encarnação. Com editora nova e uma orientação musical mais virada
para o metal e menos para o hard rock que os caraterizou, a banda
reuniu-se para conversar com Via Nocturna a respeito do seu novo álbum e do seu
passado.
Olá, pessoal, tudo bem? O
vosso quarto álbum WTF foi lançado
recentemente. Como têm sido as reações até agora?
Até agora as
reações foram excelentes tanto dos fãs quanto da comunicação social com uma
pontuação média de 8/10, portanto estamos muito satisfeitos.
O vosso último álbum, Cure For
Your Disease, foi lançado em 2010. Por que
demoraram tanto entre estes dois lançamentos?
Parece muito
tempo, mas o álbum foi gravado há alguns anos, apenas estávamos à procura da
editora certa para o lançar. Também misturámos e masterizámos o álbum, mas para
ser honesto, não somos engenheiros de estúdio, por isso refizemos tudo com Robert
Romanga nos estúdios Audiostahl na Áustria. Isso demorou tempo,
depois tivemos a pandemia da covid, que também ajudou, por isso, sim, parece
muito tempo entre os álbuns.
Quando escreveram este álbum? Estas músicas são recentes ou foram
escritas nos anos 80 ou vêm das sessões de composição do Cure For Your Disease?
As músicas foram
todas escritas após o álbum Cure… e propositadamente quisemos ir numa direção
diferente daquele álbum, pois era mais influenciado pelo hard rock
clássico dos anos 80 e também um pouco mais blues. Desta vez, quisemos voltar
às nossas raízes originais de hard e heavy rock com um pouco de
influência moderna também.
Como foi o vosso processo de composição para este álbum?
Steve foi sempre o
principal compositor e ele grava muitos riffs e ideias no seu estúdio
caseiro. Depois, o resto da banda ouve e adiciona as suas contribuições. Os riffs
e coisas que ele criou para este álbum eram muito mais pesados e isso deu-nos
um novo sopro de vida. Gostamos de gravar essas novas músicas enquanto ouvíamos
tudo a juntar-se como um álbum. Pensámos: sim… isto é muito bom…
WTF
é uma afirmação forte. Por que decidiram batizar o novo álbum desta forma?
O título do álbum
surgiu depois que tocamos no Hammerfest no Reino Unido em 2012 e
um tipo fez uma review a dizer que estávamos ‘um pouco velhos’ e fez uma
piada sobre nós precisarmos dos nossos quadros Zimmer para subir ao palco. Nós
pensamos que wtf tem a idade a ver com isto? Os Anthrax foram os
cabeça de cartaz e eles têm a mesma idade que nós! Metallica, Megadeth,
Iron Maiden, Saxon, Judas Priest, Ozzy são todos
'velhos' (risos), mas ainda produzem ótimo rock e fazem espetáculos ao
vivo divertidos. Portanto, o título do álbum foi uma espécie de declaração para
dizer WTF, não importa quantos anos tens, desde que as pessoas gostem do
que fazes.
Sobre o que fala liricamente?
Tem muitos temas
diferentes, incluindo mudanças climáticas (Detonator), abuso doméstico (Pain),
vingança (Crazy Mental Bad), lidar com o fim de um relacionamento (Broken)
e a indústria do sexo (Tattoos & Lipstick). Portanto, muitas coisas (risos).
Embora este seja apenas o vosso quarto álbum, os Black Rose estão
presentes na cena metal desde o seu início. O
que têm feito durante esse longo período de tempo?
Bem, nós separamo-nos
em 1989 e todos seguiram com as suas vidas e fizeram outras coisas até 2005,
quando conversei com Chris Watson, o nosso guitarrista nos anos 80 e ele
sugeriu que começássemos a escrever um novo álbum. Não tínhamos intenção de
fazer qualquer trabalho ao vivo novamente, era apenas um projeto de gravação
que eventualmente nos levou a lançar Cure For Your Disease em 2010 através
da Metalizer Records.
Precisamente, a banda separou-se no final dos anos 80. O que
aconteceu naquela altura?
O fim era inevitável
depois da tournée que deveríamos ter feito pela América para divulgar o
álbum Walk It ter colapsado. A banda nunca se recuperou desse revés e
mesmo que tenhamos tentado continuar, nunca mais foi o mesmo depois disso.
O que vos motivou a reativar a banda 20 anos depois?
Como disse
anteriormente, originalmente voltamos a reunirmo-nos apenas para gravar um novo
álbum, mas as coisas como que se transformaram numa bola de neve, tivemos
algumas editoras a lançar o nosso material antigo e parecia haver novamente interesse
em nós. Ofereceram-nos a oportunidade de tocar num festival de rock chamado
The Cradle Will Rock e juntamos uma banda para tocar ao vivo.
Depois desse espetáculo tivemos ofertas de outros festivais como o Headbangers
Open Air na Alemanha e o Hammerfest no Reino Unido e foi
assim que voltamos como uma banda ao vivo novamente.
E quanto ao line-up? Mantêm a
mesma formação que tinham nos anos 80?
Nem toda a
formação original, mas temos três ex-membros da banda no momento – Steve
Bardsley (vocal/guitarra) que está desde o início, Kenny Nicholson
(guitarra solo) que foi o primeiro guitarrista da banda, desde o final dos anos
70 até ao início dos anos 80 e Paul Fowler (bateria) que esteve com a banda no
final dos anos 80.
Foi fácil uni-los novamente?
Sim, foi muito fácil
com estes elementos. Ainda moram localmente uns com os outros e sempre tiveram
uma paixão pela banda, portanto foi muito fácil.
Para além dos Black Rose, têm mais algum outro projeto de
momento?
Todos os membros
da banda têm outros 'projetos' principalmente para ganhar dinheiro e ganhar a
vida. Kenny e Paul estão numa banda de tributo aos Whitesnake, Steve
canta com a sua esposa em duo e o novo vocalista Ash está numa banda de tributo
aos AC/DC e tem a sua própria banda de glam rock chamada Wild
Thorn.
Quais são os vossos planos de tournée para este álbum? Portugal está incluído?
Sem planos para
tal, apenas perguntamos aos responsáveis se podemos tocar e eles dizem sim ou
não (risos). No próximo ano faremos um festival no Reino Unido chamado Heaven
& Hull que tem muitas outras bandas de nwobhm e é encabeçado
pelo ex-guitarrista dos Saxon Graham Oliver. Estamos a trabalhar para tentar
aparecer noutros festivais e vamos anunciar quando soubermos, mas infelizmente
nada em Portugal que eu saiba… mas quem sabe.
Obrigado, pessoal, foi uma honra. Querem enviar alguma mensagem aos vossos fãs portugueses?
Só para agradecer por seguirem a banda e espero que gostem do novo álbum. E obrigado por fazeres esta entrevista connosco. Apreciamos muito. Cuidem-se.
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