Entrevista: Space Vacation

 


Para este novo álbum, os Space Vacation não fazem por menos e assinam um White Hot Reflection verdadeiramente brilhante. Nem sempre é verdade, mas este é, como a banda afirma, o seu melhor álbum de sempre. E também é um dos melhores lançamentos do ano. Que não restem dúvidas. E a vida da banda californiana nem tem sido fácil como nos contaram nesta conversa a respeito deste novo registo.

 

Olá, pessoal, antes de mais, obrigado pela vossa disponibilidade. Space Vacation é uma banda em constante evolução. Nesse sentido, como definiriam o vosso novo álbum, White Hot Reflection, em comparação com lançamentos anteriores?

Olá, Pedro. Obrigado pelo teu apoio! Em termos musicais, White Hot Reflection é, definitivamente, o passo seguinte para a banda. Estamos sempre à procura de empurrar o nosso som, especialmente os backing vocals, que a maioria das bandas não utiliza hoje em dia, especialmente no heavy metal. Nós fomos sempre uma banda vocalmente orientada e queríamos enfatizar isso com este álbum. Também queríamos pensar um pouco mais no trabalho de guitarra, particularmente nos solos. Kiyo é um músico incrível e nós realmente queríamos que ele mostrasse o que pode fazer. De facto, não usou muita improvisação neste disco em comparação com os discos anteriores. Acho que uma outra diferença significativa neste álbum é que Eli foi capaz de contribuir para o processo de composição. Embora ele tenha tido duas passagens separadas na banda (2011-2013 e 2017-agora), nunca pudemos colaborar na composição, pois ele entrou depois dos discos já estarem prontos. Desta vez, pudemos aproveitar o trabalho com ele para escrever as músicas. Ele é um músico fenomenal. A maioria dos bateristas tende a manter os ritmos, mas Eli foi capaz de trazer muito mais para a mesa e aumentar o nosso som.

 

Que novidades trouxeram para a mesa nos processos de composição ou produção desta vez?

Geralmente usámos o mesmo processo que usámos para os últimos 3 registos. Mais uma vez recrutamos Zack Ohren para produzir. A diferença desta vez foi a quantidade de tempo que utilizamos na produção. Este disco estava originalmente programado para ser lançado no verão de 2020, mas na altura o COVID parou-nos a trajetória. O estúdio de gravação não estava disponível para usarmos até o final do ano, portanto tivemos muito tempo para revisitar algumas coisas e até adicionar algumas músicas adicionais que achamos que não entrariam no álbum. Também tivemos muito tempo em estúdio com grandes períodos de tempo entre as sessões para realmente ouvir o que fizemos e decidir o que uma música mais precisava ou compor algo que não gostássemos tanto.

 

Com 14 anos de carreira e cinco álbuns lançados, como olham para o vosso trajeto?

Acho que há sempre coisas que gostaria que pudéssemos ter feito de forma diferente. Manter um line-up unido é sempre um desafio. Em 2019, tivemos muito impulso e estávamos a sair da nossa primeira tournée europeia. Estávamos a planear voltar no verão de 2020 e também tínhamos uma tournée pelo Japão em agendamento. Foi quando surgiu o covid e prejudicou bastante o ímpeto da banda, tendo-nos forçado a lançar o novo material apenas mais 2 anos depois. Isso foi, certamente, um valente dum pontapé. Também gostaria que não tivéssemos contratado o gerente e agente de booking com quem assinamos em 2022. Terminamos o relacionamento, mas teve um custo alto. Achámos que assinar com um agente estabelecido ajudaria a iniciar melhores oportunidades para nós quando o White Hot Reflection fosse lançado, mas, em vez disso, apenas nos prejudicou. Não fizemos muitos espetáculos durante o verão porque esperávamos ter uma tournée agendada, mas no final, só recebemos uma oferta durante o verão e foi uma buy-on tour. Isso pode funcionar às vezes, mas comprar uma tournée quando nunca ouvimos falar do cabeça de cartaz enquanto pagamos todas as despesas, viagens e backline, simplesmente não fazia sentido. Seria uma perda enorme para nós. A parte engraçada foi que assim que eu demiti o nosso agente, consegui marcar um festival bem conhecido na Europa no próximo verão.

 

White Hot Reflection é lançado cinco anos depois do álbum anterior Lost In The Black Divide. Entre eles, tivemos, como já referiste, uma pandemia. De que forma lidaram com essa situação?

Como disse, trabalhámos no novo material. Continuamos a praticar e a trabalhar juntos ao longo desses 2 anos, mas não tocar foi difícil para todos. É difícil praticar repetidamente quando não sentes a emoção de subir ao palco e hastear a tua bandeira para ver quem faz continência! Em retrospetiva, deveríamos ter desenvolvido hábitos realmente maus de cocaína.

 

Quando começaram a trabalhar em White Hot Reflection? Logo após o lançamento de Lost In The Black Divide?

Não começamos a trabalhar nas músicas para o White Hot Reflection até 2019. No final de 2019, tínhamos cerca de 90% do material escrito. Quando Black Divide foi lançado foi um relançamento da banda. Tínhamos acabado de passar por algumas mudanças de pessoal na bateria e no baixo e estávamos à procura de restabelecer a banda. Estávamos apenas a curtir a nossa viagem a tocar com algumas das nossas bandas favoritas entre 2017-2019.

 

Por que escolheram o título White Hot Reflection? Tem algum significado especial?

Bem, quando nos olhamos ao espelho, vemos reflexos brancos e quentes, é claro! É difícil ser bonito no heavy metal hoje em dia!

 

Recentemente afirmaste que este é o vosso melhor álbum até hoje. Mas a verdade é que todas as bandas dizem isso sobre os seus lançamentos mais recentes. Em que baseias a tua opinião?

Musicalmente, este é realmente um passo para nós. As composições são mais complicadas e os vocais são desafiadores e deliberadamente não são o padrão. Isso não quer dizer que não tenhamos alguns bangers simples, mas no geral, o nível de musicalidade está num nível mais alto e isso saiu no álbum.

 

Reign In Hell foi o vídeo para ilustrar este álbum. Por que escolheram essa música?

Todos nós gostamos muito de como essa música se juntou e foi a primeira música que escrevemos para o álbum. Tem um refrão cativante e divertimo-nos com o arranjo coral no início da música. Além disso, todos nós estamos simplesmente a exibir-nos nessa faixa. Se queres saber o que é a banda, essa música tem tudo – arranjos vocais complexos, arranjos de guitarra interessantes, baixo que salta e bateria que conduz a música inteira. Além disso, é sobre Satanás.

 

O que têm planeado para uma tournée para promover este álbum?

Bem, nós estivemos completamente lixados nesse aspeto, mas agora que passamos do nosso agente, esperamos fazer algumas coisas acontecerem. Iremos para a Europa no verão de 2023. Acabamos de completar a pior tournée de todos os tempos, onde deveríamos ter suportado os Intranced, mas eles apanharam COVID e todas as datas em que deveríamos tocar com eles foram canceladas. Claro que já tínhamos conduzido durante 10 horas antes de ouvir a notícia e, ainda por cima, a nossa carrinha avariou a caminho de casa. Como disseram os AC/DC -  “That’s how it goes playing in a band!”

 

Muito obrigado, pessoal, mais uma vez. Querem acrescentar mais alguma coisa?

Obrigado a todos que nos apoiaram ao longo dos anos. Eu não posso dizer o quanto isso significa para nós. Se gostam da nossa música, por favor comprem o disco e espalhem a palavra! Aqui está o link para a nossa loja – o único lugar onde podem comprar discos dos Space Vacation em vinil! https://spacevacationmerch.bigcartel.com/


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