Pandemic Piano (CHARLES XAVIER)
(2022, Happy
Note Records)
Incentivando a meditação, o relaxamento e a
atenção plena, essas músicas são uma introdução perfeita a Charles Xavier.
O músico americano aproveitou a pandemia para, ao longo de uma viagem de
catarse, improvisar todas as manhãs e gravar loops intermináveis de
angústia e desespero. O músico diz que se aventurou fora da sua zona de
conforto. E criou música ambiente - apenas ele e o seu piano. Ou seja, o seu Pandemic
Piano. É um disco espontâneo, sereno, que mergulha em quadrantes de clareza
e de mudanças de humor. É um disco de tonalidade única. Experimental. Sem
preocupações melódicas ou estruturais. Claramente, o que saía em cada manhã.
Por via disso mesmo, também é um disco ilógico, sem fazer muito sentido e que,
muitas vezes, se perde em devaneios desnecessários. Ainda por cima, são 28
faixas distribuídas por mais de 70 minutos, sendo que as nove últimas são meros
esboços. Este é um disco tão pessoal que, provavelmente, só mesmo Charles
Xavier para o conseguir ouvir. [66%]
The Dream Is Free (JOE MACRE)
(2022, Independente)
Joe Macre é conhecido por ter sido membro da banda rock
Crack The Sky e neste seu segundo álbum, The Dream Is Free,
assume o baixo e os vocais. Com um excelente trabalho no que diz respeito ao
primeiro e um desempenho sofrível no segundo. Mas o problema de The Dream Is
Free não reside apenas no capítulo vocal. Ao fim dos 10 temas que compõem
este disco, apenas recordamos o excelente baixo em Tell Me (isto depois
de uma entrada completamente desastrosa), a boa base acústica em Drop Me Off
At The Raibow e a interessante (e melhor canção aqui apresentada), Tomorrow
Is Today. Muito pouco, efetivamente. A produção confusa também não ajuda
muito num disco que pretende ter alguma pretensão a ser prog rock, mas
que fica muito longe de ser minimamente convincente. Efetivamente o sonho é
livre, mas Macre não é capaz de, pelo menos neste álbum, nos fazer viver um
sonho. [70%]
Canções Mundanas (TIAGO VILHENA)
(2022, Independente)
Canções Mundanas é o segundo álbum a solo de Tiago Vilhena,
terceiro se contarmos com um antigo lançamento em nome de George Marvinson.
Portugal 2018, de 2019, marcou o seu regresso à língua portuguesa e o
gosto ficou. Mais uma vez, em Canções Mundanas, o forte é o jogo de
palavras, quase como se trava-línguas se tratasse, muito ao jeito das criações
de Jimba. Musicalmente, o músico, mostra-se quase em registo cantautor,
assumindo a criação e a execução deste conjunto de 8 canções. Canções com
estruturas pop muito bem disfarçadas por elementos que provém do nosso
folclore, com o trabalho de Fausto à cabeça, bem conjugado por
estruturas que foram demarcadas pelos cantores de intervenção, como Zeca
Afonso ou Sérgio Godinho. Mas a nossa portugalidade também é
utilizada noutros registos e influências, nomeadamente nos tons quentes de
África que vão surgindo bem incorporados aqui e ali. Os temas voltam a ser
curtos, como acontecia em Portugal 2018, mas, ainda assim, desta vez
parece-nos que Tiago Vilhena esteve mais inspirado na inclusão de alguns
pormenores, ao nível da instrumentação e dos vocais (ouçam, por exemplo, Tête-à-Tête)
para confirmar. [75%]
Smile (THE WIDE)
(2022, Echozone)
Claramente, o mundo ia melhor com mais
sorrisos. Deve ser essa a ideia principal transportada para o segundo álbum dos
The Wide. Os escoceses tinham-se estreado em 2018 com Paramount e
agora, quatro anos volvidos, embarcam numa nova viagem de requinte e suavidade.
Os temas presentes em Smile são muito radiofriendly, soam
melódicos e agradáveis. A guitarra acústica flui com naturalidade em evoluções
constantes que, por norma, acabam por ir aumentando de intensidade e
incrementando a eletricidade. Por vezes cinematográfico, outras vezes mais
minimalista, Smile vai passando de geração em geração, a começar nos The
Beatles, a passar pelos U2 e a terminar nos Coldplay. Rock
com elegância e sempre com… um sorriso! [76%]
First Signs [Defitive Edition] (CRAFT)
(2021, Explore
Rights Management/Cherry Red Records)
William Gilmour, Grant Gilmour e Martin Russel
formam os Craft e têm em comum todos teres passado pelos The Enid,
banda britânica de prog rock conhecida pela instabilidade dos seus line-ups.
Este álbum homónimo, único do projeto, foi lançado, originalmente em 1984, via Shangai
Records. Desde essa altura já foi alvo de várias reedições, onde se inclui
esta que nos chegou às mãos que acrescenta oito faixas bónus (duas delas nunca
antes lançadas) e que altera o título original do álbum para First Signs
[Definite Edition]. Este álbum traz rock progressivo e sinfónico
instrumental baseado no diálogo entre muitos teclados e algumas guitarras.
Torna-se um álbum cinematográfico e, por vezes, atmosférico, incluindo, ainda
algumas influências de marchas e folk irlandês. É um álbum inspirado nos
signos do zodíaco que segue as pisadas dos The Enid, embora coma
tendência mais rockeira. [76%]
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