Reviews: THE BEAUTIFUL LOSERS; QUELLE DEAD GAZELLE; REVOLUSHN; ELDER; THE CULT

 



San Francisco (THE BEAUTIFUL LOSERS)

(2022, Independente)

The Beautiful Losers é uma dupla de rock alternativo formada pelo compositor indo-canadiano Raj Ramayya, e pelo californiano, de San Francisco, Brett Boyd. O título do seu novo álbum traz referência à cidade deste segundo e apresenta 10 canções de rock alternativo eletroacústico de influência indiana. Um disco onde a componente acústica surge bem destacada, abrindo espaço suficiente para a componente elétrica se ir intrometendo. E, cimentando uma visão universalista e de multiculturalidade na música. Também por via disso, San Francisco, mostra uma ampla gama de influências que vão do country ao grunge. No entanto, a sensação que fica é que falta sempre alguma coisa. E, para nós, a mais importante é a falta de garra, de fibra. Tudo parece ser feito de forma muito forçada, quase numa atitude de cumprir calendário. Desta forma, mesmo que com alguns interessantes apontamentos eletroacústicos aqui e ali, San Francisco vai-se arrastando sem conseguir empolgar. [62%]



 

Dança Suja Chão Sujo (QUELLE DEAD GAZELLE)

(2022, Independente)

Os Quelle Dead Gazelle nunca se deixaram abater pelas limitações que um duo apenas com bateria e guitarra possa enfrentar no processo de composição e execução. E se algum mérito a dupla formada por Pedro Ferreira e Miguel Abelaira tem é a forma competente como se reinventam por forma a construir composições musicais com o mínimo de coerência quando, afinal, há tanta instrumentação em falta. Para eles isso não é o problema e se apenas há dois instrumentos foi porque assim quiseram e é assim que trabalham. Nesse sentido, o novo álbum do projeto, Dança Suja Chão Sujo, pode ser sempre visto como o copo meio cheio ou meio vazio. É impressionante o que se consegue só com dois instrumentos? Claramente que sim. Mas não se nota a falta de algo mais enriquecedor? Claramente que sim. Neste novo trabalho, o duo até procura algumas sonoridades novas que vai cruzando com as guitarras que voltam a ter os alicerces em algo próximo do post-rock, do indie e até da música tradicional e uma batida que também busca no tradicional e na multiculturalidade os ritmos onde se encostar. O resultado não desilude, pelo menos ao nível das ambiências, mas continua a notar-se a falta de algo mais profundo. [72%]



 

3 (REVOLUSHN)

(2022, Candy Gram Music Company)

Naturalmente, 3 é o terceiro álbum dos Revolushn banda de São Francisco e mostra um quarteto com algumas ideias a criar, mas muito confuso a executar. Estilisticamente, 3 mostra-se inspirado em alguns dos grandes criadores, como Pink Floyd, The Rolling Stones, Jimi Hendrix ou The Black Keys. Criativamente, a inclusão de sopros, guitarras acústicas ou baterias tresloucadas (respetivamente em Electric, Little Red Dolls e Hover) parece ser boa ideia para enriquecer o seu rock psicadélico e carregado de riffs barulhentos. Mas a forma pouco discernida como a banda executa os seus temas, quase sempre de forma demasiado bruta e direta e mais preocupada em fazer barulho que a criar musicalidade, acaba por prejudicar essas boas ideias. [68%]



 

Innate Passage (ELDER)

(2022, Stickman Records)

Innate Passage é o sexto álbum dos Elder e mostra uma banda na vanguarda da nova geração de bandas prog. É uma forma diferente de fazer prog, talvez menos erudita, talvez mais inspirada nos movimentos post-rock e alternativo. Mas, é uma forma igualmente imprevisível na sua sonoridade, no tamanho dos temas e na forma como se desenvolvem. Innate Passage, que surge dois anos após Omens, prova isso, também em função do crescimento e da maturidade da banda berlinense. Em Innate Passage não faltam harmonias e complexidade. Mas são precisas algumas audições para se perceber toda a amplitude destes temas nada convencionais e sempre em busca de algo mais trabalhado e arrojado. Embora esse aspeto fique retido na globalidade da canção, não potenciando uma demonstração exorbitante de excessivo individualismo. [75%]



 

Under The Midnight Sun (THE CULT)

(2022, Round Hill Records)

O facto de os The Cult terem lançado apenas cinco álbuns nos últimos 21 anos, torna cada lançamento ainda mais especial. E, no caso particular de Under The Midnight Sun, ainda mais especial é. Porque os The Cult se recusam a olhar para o seu histórico passado e abraçam o presente com toda a sofisticação, num álbum maduro e que se projeta para o futuro. Mas, Under The Midnight Sun nem começa muito bem. Não por serem maus temas, mas porque dá a sensação, nos primeiros momentos, que o trio não se irá conseguir afastar do seu passado. Mas, a partir de Give Me Mercy e até ao final temos uns The Cult como raramente os ouvimos. E se os elementos acústicos se mostram tímidos (mas fundamentais na arquitetura musical) em Give Me Mercy e Outer Heaven, eles assumem-se de forma descaradamente revolucionária em Knife Through Butterfly Heart. E que dizer da inclusão de sofisticadas linhas orquestrais? Under The Midnight Sun traz uma segunda metade brilhante que se manifesta em todo o seu esplendor no fecho com o tema-título que poderia estar num filme de 007. [85%]

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