Entrevista: Alms


 

Entre An Irosmic Tragedy e The Trial foram seis anos. Justificados pelos afazeres diários de Aitor Lucena Martinez (o mentor do projeto), pelo trabalho nos Lumberjack que em 2019 lançaram o álbum Decider e pela forma do músico espanhol trabalhar, optando, pontualmente, por se afastar para ver o quadro na sua totalidade. E, embora sendo um projeto a solo, The Trial teve a colaboração de diversos músicos que engrandeceram o trabalho final. Como aliás nos conta o multi-instrumentista.

 

Olá, Aitor, obrigado pela disponibilidade. Antes de mais, podes apresentar o teu projeto aos rockers portugueses?

É claro. Alms é o meu projeto pessoal de rock progressivo, com forte influência sinfónica tirada diretamente dos grandes mestres dos anos 70.

 

Quando surgiu esta ideia de Alms e quais os objectivos?

Alms nasceu há 10 anos, em 2012. O meu objetivo era lançar e divulgar a minha música e como não consegui encontrar outros músicos para formar uma banda, decidi compor e gravar tudo sozinho. Embora seja de facto uma one-man-band, agora conto com alguns colaboradores para me ajudar no meu trabalho.

 

Quais são as tuas principais influências e background musical?

As minhas principais e mais óbvias influências são as grandes bandas e artistas progressivos dos anos 70: ELP, Jethro Tull, Gentle Giant… todos levaram a música popular ao seu auge em termos de criatividade, ambição e originalidade. Eu também bebo de outras influências, como folk, música clássica e até heavy metal, resultando num som muito pessoal, mas clássico.

 

The Trial é um álbum conceptual criado numa fórmula de opereta. Por que optaste por esta via?

Foi um desafio. Queria gravar um álbum conceptual sobre os sete pecados mortais e senti que esta era a fórmula mais interessante para o efeito: um diálogo entre Deus e Alms no contexto de um julgamento. Isso permitiu-me escrever sobre meus os próprios conflitos de diferentes pontos de vista.

 

Foi fácil construir toda a história? Foi tudo feito apenas por ti?

Não foi nada fácil. Demorei muito para colocar todas as minhas ideias em ordem e expô-las neste formato. Embora eu tenha escrito o álbum inteiro sozinho, o processo incluiu horas de busca e leitura de textos de várias fontes, citando alguns deles. A tarefa de adaptar a música ao texto também foi bastante desafiante, pois costumo trabalhar ao contrário, adaptando o texto à música.

 

Musicalmente contas com alguns convidados. Podes apresentá-los e falar sobre o papel deles neste produto?

Contei com vários colaboradores para a gravação de The Trial: Rafa Yugueros (bateria), Carla Martín (violinos), Alain Frenette (narrações em francês); Julia Sariego (backing vocals) e Maria Volkova (a voz de Deus). Todos eles contribuíram para dar ao álbum a força e a expressão necessárias em cada passagem, mostrando a sua sólida formação e enorme talento. Também contei com Layo M. Beiro para o artwork, que conseguiu a impressão visual mais precisa do conceito, e Mario G. Alberni tratou da masterização, tornando o som do álbum coeso e orgânico. Todos eles contribuíram para levar The Trial ao seu grande resultado final.

 

E em relação a toda a instrumentação diferenciada que usas, como geriste essa situação?

Cada instrumento tem a sua própria voz e expressão e cada um deles deve estar no seu próprio espaço, portanto o uso de uma extensão e instrumentação diferente contribui para a riqueza da minha música. Embora demore muito tempo e esforço para escrever para tantos instrumentos musicais e gravá-los, parece muito natural em termos de musicalidade e expressividade.

 

Houve um hiato de seis anos entre The Trial e An Irosmic Tragedy. O que aconteceu?

A produção de The Trial levou anos. Não posso trabalhar constantemente na minha música por causa dos meus deveres diários e, mesmo que pudesse, gosto de dedicar o meu tempo a distanciar-me, de vez em quando, para garantir que tudo esteja suficientemente bom para atender aos meus próprios padrões. Além disso, nesse entretanto estive a trabalhar noutro outro projeto musical. Foi em 2016 quando comecei a banda Lumberjack com alguns amigos, e estava a escrever e compor material para esse projeto. Com o Lumberjack, pude apresentar-me em palco e gravar o álbum Decider, lançado em 2019.

 

Como foi o processo de gravação? Correu tudo como planeado?

Surpreendentemente, sim. O facto de poder contar com outras pessoas para tratar de muitas das tarefas que envolveram a realização de The Trial facilitou o planeamento do processo de gravação que, claro, apresentou algumas dificuldades, mas todas facilmente superáveis.

 

Estás pronto para subir a palco ou Alms é apenas um projeto de estúdio?

De momento, e devido ao enorme esforço logístico e económico que implicaria a execução da música Alms, trata-se apenas de um projeto de estúdio. Mas ficaria feliz em me apresentar em palco no futuro se as condições forem ótimas.

 

Muito obrigado, mais uma vez, Aitor. Queres acrescentar mais alguma coisa?

Apenas quero agradecer a todas as pessoas que me apoiam e ouvem a minha música, e também quero agradecer pelo interesse no meu trabalho.


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