Os eventos históricos sempre
foram o forte dos Arrayan Path, em termos de letras, ou não fossem eles
oriundos de uma das regiões mais ricas nesse campo. Mas fazer todo um álbum em
torno de um acontecimento ou personagem nunca tinha acontecido. Surge agora,
com Thus Always To Tyrants, curiosamente uma frase vinda do tempo dos romanos,
alguns séculos depois. Foi para nos contar como foi o processo de criação deste
álbum que voltámos à conversa com Nicholas Leptos.
Olá, Nicholas, é um prazer voltar a falar
contigo. E parabéns pelo vosso novo álbum. Pessoalmente, quais são os vossos sentimentos
a respeito de Thys Always
To Tyrants?
Olá, Pedro! Estou muito feliz e animado com o novo álbum e a julgar pelas
críticas, o mesmo se passa com a maioria do mundo do metal!
Novo álbum depois do mundo ter sido atingido
por uma pandemia. Antes de mais, como lidaram com essa situação?
Igual a toda a gente, acho eu. Tentamos manter-nos seguros e fizemos o
máximo possível para ser criativos e não desperdiçar o tempo que nos foi dado.
Este novo álbum foi todo composto durante o
período de confinamento ou não? Como foi o processo desta vez?
Algumas ideias talvez. Mas a maior parte do álbum foi trabalhada após o
lançamento do álbum anterior quando a pandemia estava a começar a desaparecer.
Como em todos os nossos álbuns, eu começo a trabalhar em melodias vocais que se
transformaram em canções quando trabalhamos em conjunto como banda.
Os eventos históricos foram sempre uma
fonte de inspiração para a banda. Mas, esta é a primeira vez que têm um verdadeiro
álbum conceptual. O que vos motivou a seguir este caminho?
Queríamos finalmente fazer algo da história do Chipre e já estava na altura!
A história de Evágoras era picante o suficiente para me fazer considerar isso
pela primeira vez.
Desta forma, qual é a história por trás de Then Always To Tyrants?
Esta é a história do rei Evágoras, da sua vida, das suas provações e
tribulações e, paralelamente, a história do seu Reino Salamina naquela era. Na altura,
havia uma guerra civil entre Atenas e Esparta. A Pérsia estava a aproveitar aquela
guerra civil para enfraquecer os dois estados. Evágoras e o seu reino de Salamina,
seguindo a política da era arcaica, escolheu o lado ateniense e contribui muito
para as suas vitórias. No entanto, no final, a Pérsia voltou-se contra eles e foram
deixados sozinhos e isolados. Mesmo os outros reinos de Chipre se voltaram
contra o reino de Salamina. Mas a verdade é que ele continuou a ser um dos Reis
mais importantes da nossa história!
O CD inclui duas faixas bónus. Também estão
ligadas à temática geral?
A primeira música sim. A segunda, Ancient Winds, não tem nada a ver
com a história.
Para o título do álbum, escolhem uma frase
famosa, frequentemente associada à morte de Júlio César. Qual foi a vossa ideia
para a usar?
Embora a nossa história não tenha nada a ver com a história de César (na
verdade, aconteceu alguns séculos antes dele), gostei muito desse título e
considerando que Evagoras queria livrar o seu reino da tirania da Pérsia, era
um título ideal para o nosso álbum!
Sendo um álbum conceptual baseado em
eventos históricos, quão profundo foi a tua pesquisa histórica para a
componente lírica?
Bastante profundo, mas não é como se tivéssemos escrito uma dissertação! Eu
queria ser preciso. Leio sempre antes de escrever as letras. No entanto, somos
músicos e não historiadores. Se perdermos algo, perdoem-nos.
E foi fácil encaixar os textos baseados na
história na música?
Achei que seria difícil, mas, no final, foi mais fácil do que pensei! Seguimos
praticamente o mesmo procedimento dos nossos outros álbuns, mas cada música
tinha um limite para o texto.
Para o último álbum, tentaram encurtar as
músicas… sem sucesso (risos). Desta vez, suponho que isso não foi assunto. Deram
toda a liberdade à vossa criatividade?
(Risos) Voltámos a tentar manter as músicas mais curtas para este álbum também,
mas falhámos miseravelmente! Eu acho que é difícil quando estás a contar uma
história porque tens que escrever o máximo possível de letras para que não
fiquem de fora detalhes importantes. Sabes como é, em algum momento tens que
dar liberdade à criatividade, mas noutros momentos também deves considerar o
fluxo do álbum.
Como
sempre, podemos dizer que em Thus
Always To Tyrants mantêm as
vossas marcas registadas, mas que, desta vez, conseguiram injetar algo novo em comparação
com os álbuns anteriores?
Não sei, diz-me tu! Acho que fizemos o que sempre fazemos e isso é tentar
escrever boas canções.
O
início de Army Of The
Myrmidons apresenta a melodia de
abertura (e letras) de Return To Troy, a abertura da vossa estreia Road To Macedonia. Por que
decidiram ligar os dois álbuns com tantos anos entre eles?
Bem, porque eles têm o mesmo assunto que é a guerra de Tróia. Pensamos que
seria bom ter uma referência do nosso álbum de estreia!
Podemos
ver isso como um regresso às vossas raízes?
Se queres dizer um regresso ao primeiro álbum, então não. Não é um regresso
às raízes. Nós nunca tocamos assim no nosso primeiro álbum. Mas, reconheço que existem
algumas semelhanças, no entanto, não foram forçadas. Passamos pelo processo de
composição como sempre fazemos, sem saber como vai ficar. O som pessoal e as
marcas registadas dos Arrayan Path estão em cada um dos nossos álbuns,
não fazemos nada de propósito.
Pela
primeira vez, em Crossing Over To
Phoenicia, têm uma abordagem ao jeito de
Deep Purple. O que vos levou a adicionar os seus elementos característicos (órgão
Hammond) nesta canção?
Essa foi a inspiração do nosso teclista Huseyin Kirmizi. Esse riff
soava mais como Accept ou Priest, mas acho que o hammond
mudou completamente. Adoramos como soou e mantivemos!
Em
termos de músicos, temos o regresso de Stefan Dittrich, baterista que já tocou
em álbuns anteriores. Já é membro permanente dos Arrayan Path ou apenas um
músico de sessão?
Stefan é um músico de sessão que deveria ter sido um membro normal em
diferentes circunstâncias! Acho que o facto de ele morar na Alemanha faz toda a
diferença.
Na
verdade, na última entrevista, disseste-me que provavelmente os Arrayan Path
nunca teriam baterista permanente. Ainda te lembras?
Parece meu, sim (risos). Eu nunca digo nunca, mas tivemos muito azar com bateristas,
por isso preferimos manter assim por enquanto.
Como sempre, contam com a ajuda de alguns
convidados. Podes falar-nos um pouco sobre o papel que desempenharam no álbum?
Para este álbum, tivemos principalmente guitarristas principais e Gary dos Shadow
Gallery a fazer alguns vocais e coros. Temos guitarristas convidados em
quase todas as músicas. Foi algo que decidi desde o início do processo do
álbum. Portanto, temos Paolo Viani, Simone Mularoni, Slava
Selin, Enzo Donnaruma, Louis Syrimis e Harry Pari. Escolhemos
cuidadosamente pessoas que também sejam amigas ou tenham um caráter impecável!
Finalmente, tivemos Christina Polycarpou a tocar a lira de Creta.
O álbum tem fortes arranjos orquestrais.
Como conseguiram trabalhar esse aspeto?
Isso é creditado ao incrível trabalho de Huseyin Kirmizi e George
Kallis. Essas pessoas são profissionais e nunca fariam nada pela metade.
Temos sorte em tê-los!
Muito obrigado, Nicholas, mais uma vez. Queres
acrescentar mais alguma coisa?
Obrigado, Pedro por esta grande entrevista e espero que todos possam
experimentar este álbum. Não se irão arrepender!
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