Entrevista: The Chapter

 


Os The Chapter estão de regresso com um novo disco e um novo vocalista. Delusion Of Consciousness volta a marcar este coletivo como um dos mais competentes nestas coisas de criar música sombria, melódica e melancólica. E sempre com a equivalente dose de agressividade. O espaço para Angels & Demons, a sua estreia, foi de cinco anos, mas houve vários motivos para isso acontecer, como nos contaram os nossos convidados Tiago Oliveira (vocais) e Eurico Mealha (baixo).

 

Olá, pessoal, tudo bem? Há cinco anos atrás, Angels & Demons foi muito bem recebido, de uma maneira geral. De que forma passaram esse tempo entre esse álbum e agora a nova proposta?

TIAGO OLIVEIRA (TO): Olá, Pedro. Antes de mais quero agradecer pela oportunidade desta entrevista. Realmente entre os 2 álbuns foram 5 anos. Mas na prática temos de considerar apenas 3, porque 2020 já tínhamos praticamente o álbum feito. As gravações foram feitas sem stress porque já sabíamos que não íamos lançar logo. Em 2021, apenas preparamos os vídeos. Tivemos também alguns meses mais parados mas nunca deixamos de trabalhar.


E quando começaram a compor Delusion Of Consciousness?

TO: Não temos um início específico. Em 2018 fizemos a Halocline e a Social. Em 2019 fizemos mais 3. E as últimas 3 foram no início de 2020. Mesmo antes do início das gravações. Claro que nas gravações fizemos alguns ajustes em alguns temas que foram de acordo com aquilo que o Daniel Cardoso achava melhor.


Já agora, porque cinco anos de intervalo? Essa coisa chamada de pandemia teve alguma coisa a ver com isso?

TO: Sim. A pandemia foi muito difícil para nós. Complicou muito a gravação do álbum, atrasou o lançamento do álbum. Dificultou os ensaios e a composição das últimas músicas. Tivemos o cancelamento de concertos e eventos que tínhamos pensado. Foram 2 anos para riscar do calendário.


Como decorreram os trabalhos de criação dos temas para Delusion Of Consciousness? Seguiram a vossa metodologia habitual ou trouxeram algo de novo?

TO: Tivemos 2 processos distintos. As 5 primeiras músicas forma feitas no estúdio em conjunto. Riff após riff, alterações, melhoramentos, etc. As últimas 3 foram diferentes. Gravamos em casa às ideias e depois decidíamos que opções a tomar. Depois no estúdio acertávamos os pormenores.


Neste álbum seguem alguma veia conceptual ou não?

TO: Não foi essa a nossa ideia. Até porque tivemos algum espaço temporal entre a composição de cada música. Cada música foi vista individualmente e as letras também. Os temas abordados podem estar relacionados, mas não existe relação entre eles. O conceito da morte, a realidade e o abstrato e os problemas sociais foram os temas que abordamos neste álbum.


De novo, pelo menos em relação a Angels & Demons, é a presença do vocalista Tiago Oliveira. Desde quando está ele na banda? Já teve oportunidade de fazer o seu input nas composições?

EURICO MEALHA (EM): O Oliveira entrou na banda no final de 2018, num período em que ainda estávamos a promover o Angels & Demons com concertos agendados, e já a compor o Delusion Of Conciousness. A parte instrumental e lírica estava parcialmente feita, mas a linha vocal foi composta 100% com o Oliveira na banda.

 

Sentidos a Morrer é a vossa aventura pela nossa língua. É a primeira vez que fazem algo assim? E é um recurso para continuar a utilizar?

EM: Sim, é a nossa primeira música em português. Não foi algo que tínhamos planeado, mas gostámos do resultado final e não temos qualquer restrição em voltar a utilizar esse recurso. Achamos que torna a nossa parte lírica mais completa. No futuro irá sempre depender da música, do tema. Podemos voltar a utilizar em algumas músicas, mas tem que ser algo que nos faça sentido.

 

A capa do álbum é realmente, sensacional! Quem foi o responsável?

TO: A capa do álbum foi da responsabilidade do guitarrista João Gomes. A ideia da capa foi ligar o nosso álbum anterior Angels & Demons com os temas abordados deste álbum. Criar um ambiente sinistro onde ligamos a personagem principal com a vida e a morte.


Para este álbum trabalharam com o Daniel Cardoso. Como foi trabalhar com ele?

EM: Tivemos restrições, porque estávamos em pandemia, e apenas o nosso vocalista teve a oportunidade de gravar fisicamente no seu estúdio, por motivos técnicos. O resto da banda gravou em casa e manteve um contacto digital, à exceção da reunião de apresentação. Apesar da distância física, foi um contacto diário intenso e fluído, e muito positivo. É uma pessoa acessível e muito profissional, que nos deu vários inputs importantíssimos para o álbum, que trouxeram um brilho extra. A expetativa era estar em estúdio com ele, o que seria bastante diferente, não fosse a pandemia. No entanto, tudo correu muito bem e estamos bastante felizes com o resultado final.

 

Já tiveram a oportunidade de apresentar este disco em alguns eventos importantes. Como tem sido a receção e pergunto se há planos para continuar?

EM: Felizmente temos sentido uma receção muito positiva, e que o público está muito entusiasmado nos concertos, o que tem sido gratificante. O plano é mesmo continuar, porque o que mais queremos é apresentar este trabalho ao vivo. Temos neste momento a data de 18 de março no Riverstone Winter Fest, e esperamos anunciar mais datas nos próximos tempos.

 

Obrigado, pessoal. Querem acrescentar mais alguma coisa?

EM: Muito obrigado pela oportunidade de falarmos do nosso trabalho, e esperamos que continuem o vosso bom trabalho no underground.

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