Por vezes os músicos têm uma
vontade indomável de evoluírem e avançarem para outras sonoridades. Aconteceu
isso com os Giant Sleep. A banda foi fundada por Patrick Hagmann (dos death
metallers Fear My Thoughts) e Markus Ruf (que já não está na banda) ao qual
se juntou Thomas Rosenmerkel (vocalista dos lendários thrashers
Destruction entre 1993 e 1998). Mas o resultado musical está muito longe destas
sonoridades. E é isso que torna interessante o trajeto dos Giant Sleep, banda
que divide membros entre a Alemanha e a Suíça e que ao terceiro álbum, Grounded
To The Sky, atinge o expoente máximo da sua criatividade. A conversa foi com
o guitarrista e fundador Patrick Hagmann.
Olá,
Pat, tudo bem? Bem-vindos de novo! Cinco anos depois, os Giant Sleep lançam um
novo álbum. O que aconteceu durante este longo período?
Olá, Pedro, obrigado! Muita coisa
aconteceu nestes 5 anos. Markus, com quem fundei a banda, deixou os Giant
Sleep por motivos particulares, sendo substituído por Tobias Glanzmann
(ex-Zatokrev, King Legba and the Loas). Fizemos alguns espetáculos
muito bons (como o Up In Smoke Festival), criámos algumas
crianças novas, vivemos as nossas vidas diárias. E depois surgiu a pandemia…
Mas, antes de falarmos
deste novo álbum, importas-te de apresentar a banda aos rockers portugueses?
A banda sou eu, Patrick, na
guitarra, Thomas nos vocais, Tobi na guitarra, Späne na bateria e Radek no
baixo.
Com
integrantes vindos do death e thrash metal,
o que vos motivou a criar uma banda baseada no vintage e no doom
rock?
Depois de ter tocado em bandas de
metal extremo desde o início dos anos 90, senti vontade de fazer algo
diferente. Eu estava um pouco cansado de estar sempre a tocar rápido (risos). A
minha antiga banda, Fear My Thoughts, mudou de uma banda de death metal
para uma coisa mais orientada para o prog rock com vocais limpos etc.
Quando nos separamos, eu e Markus queríamos expandir ainda mais esse estilo.
Desde 2015 que toco novamente numa banda de death/black metal, portanto isso
ainda está no meu DNA (risos).
Giant
Sleep é uma banda com membros da Suíça e Alemanha. Como conseguem trabalhar
como banda e para os ensaios?
Isso não é um problema, porque eu
e Thomas moramos na fronteira com a Suíça, e os outros três elementos na
fronteira com a Alemanha. Portanto, na verdade é assim: a nossa sala de ensaio
é na Suíça, mas da minha cidade na Alemanha é mais perto do que para os suíços
(risos). É basicamente ao virar da esquina.
As músicas incluídas em Grounded To
The Sky foram escritas e compostas a seguir ao lançamento de Move A
Mountain?
Foram escritas durante um período
mais longo, entre 2018 e 2020.
O período de pandemia que
vivemos entre os dois álbuns afetou a divulgação do anterior e a criação deste
novo?
Não afetou Move A Mountain,
porque esse foi lançado em 2017. Mas teve um grande efeito na criação de Grounded
To The Sky. Marcamos o estúdio para as gravações em maio de 2020 e foi
quando começou a pandemia e tivemos que cancelar o estúdio. E quando as
fronteiras foram fechadas, não nos pudemos encontrar para ensaiar durante vários
meses. Por isso, houve muita demora em todo o processo.
Como foi a vossa preparação
para este álbum? Mudaram a metodologia de trabalho?
De maneira nenhuma. Fomos sempre
uma banda que trabalhou à moda antiga. Reunir-se na sala de ensaio e improvisar
e desenvolver ideias a partir dessas improvisações. Sempre foi assim. Durante
anos tentei escrever músicas completas em casa para a banda, mas eles nunca
gostaram do resultado (risos).
O álbum foi gravado
totalmente ao vivo em estúdio. Foi a primeira vez que experimentaram este
processo? Por que seguiram essa opção?
Sempre sonhamos em gravar um novo
álbum dessa forma, mas isso nunca aconteceu por diversos motivos. Por exemplo, nos
dois primeiros álbuns gravámos sozinhos na sala de ensaio, e a sala não é
tratada acusticamente e simplesmente não soava bem. E o som da sala é muito
importante para essa tarefa. Ao gravar ao vivo queríamos reproduzir no álbum a
energia que costumamos criar no palco. O tipo de groove e sentimento que
só se consegue quando todos tocam juntos na mesma sala, a interação entre os
membros etc.
As
primeiras críticas têm sido ótimas. Esperavam uma receção tão boa para o álbum?
Não, não esperava isso (risos). Giant
Sleep é difícil de categorizar para muitas pessoas, porque misturamos muitos
estilos diferentes. Para muitas pessoas, somos muito estranhos e eu entendo perfeitamente.
“O quê, uma mistura de Pink Floyd e Soundgarden? Isso é muito
estranho!”.
Já
tiveram oportunidade de tocar ao vivo? E o que têm planeado para o futuro?
Sim, fizemos alguns espetáculos onde
tocamos o novo álbum inteiro, antes mesmo de ser lançado e acho que as pessoas
gostaram. E em janeiro de 2023 organizamos um espetáculo de lançamento muito bom
em Basileia. Já temos alguns concertos para 2023 na calha e estamos ansiosos
por eles.
Muito obrigado, Pat, mais uma vez. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Obrigado, também! Esperamos ir ao teu belo país um dia!
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