EN1 é mais um jovem projeto nacional a tentar a sua
sorte no rock cantado em português. E pelas primeiras amostras, nomeadamente
pelo álbum Essência Vulnerável, temos aqui mais um caso série de elevada
qualidade. O álbum foi lançado na ponta final do ano passado e revela-se um rock que inova e que traz intensidade,
autenticidade, caráter e atitude. Por tudo isso, quisemos ir conhecer melhor
este coletivo leiriense.
Olá, pessoal, tudo bem?
Antes de mais, obrigado pela disponibilidade. Quem são os EN1? Podem
apresentar-nos este coletivo nacional?
Olá,
Via Nocturna. Obrigado, antes de
mais, pelo vosso convite e por terem acolhido o nosso projeto. Somos uma banda
de rock português a começar a sua
jornada. Arrancamos o projeto em 2019, na altura com três membros (o nosso
baterista Rúben acabou por se juntar ao projeto mais tarde) e em 2020 conseguimos
lançar o nosso primeiro EP, Berço.
Ora ao longo de quase 3 anos conseguimos crescer juntos e criámos, em 2022, o
nosso primeiro disco mais uniforme e conceptual, o Essência Vulnerável, onde já estamos muito mais próximos do som e
estilo que queremos alcançar. Tem sido uma jornada desafiante. Ainda estamos a
aprender muita coisa relativa a estas andanças mas tem sido bom para nós.
Já agora, parabéns pelo
vosso excelente longa-duração Essência
Vulnerável. Gostaria que falassem um
pouco do vosso trajeto musical até chegarem a este lançamento?
O
nosso trajeto musical tem tido alguns altos e baixos mas o que tem sido
constante é a nossa vontade de mostrar e criar música nova. Tentar conciliar
trabalho e vida pessoal com um projeto musical, do qual queremos retirar o
máximo de proveito, é complicado, mas tentamos, de forma regular, oferecer
sempre algo novo ou novidades a quem nos ouve. Esse tem sido o nosso mote. A
nível criativo, começámos, em 2019, a fazer música de uma forma muito
experimental. Sabíamos que queríamos tocar rock,
mas ainda estávamos a descobrir a nossa voz. Hoje, ainda estamos à procura
dessa voz mas já conseguimos chegar mais perto daquilo que é o som que queremos
que nos represente. Fomos dando menos importância a alguns elementos extra que
fomos utilizando até criar o Essência
Vulnerável para nos focarmos nas bases do Rock N’ Roll que são as guitarras, baixo e vozes e foi nesse
processo que encontrámos um maior equilíbrio entre todos, o que nos deixa muito
felizes.
Que nomes ou movimentos
mais vos influenciam?
Há
muitas influências das quais retiramos inspiração. Ornatos Violeta, Rui Veloso
ou Mundo Cão são, principalmente a
nível lírico, nomes que nos dão muita inspiração. Escrever em português é
importante para nós e bandas como as que referimos quase que já nos deixaram a
fórmula de como nos expressar numa língua tão versátil. Depois há os clássicos
como Guns N’ Roses, Billy Talent, Gary Moore, Alice in Chains,
entre muitos outros que ouvimos muito e que, inevitavelmente, vão influenciar a
nossa criação.
O facto de termos vivido
uma pandemia, isso foi positivo ou negativo, na vossa opinião, para a banda e
para a preparação deste novo trabalho?
Foi
negativo porque não conseguimos crescer com mais regularidade. Não conseguimos
dar concertos e só depois de termos tido algumas datas é que vimos como essas
experiências ao vivo nos juntaram ainda mais e nos fizeram crescer. Depois é
claro que o que aconteceu nos ajudou muito a descobrir o caminho e as temáticas
que quisemos abordar neste disco. No entanto, precisávamos de ter espetáculos e
de interagir mais uns com os outros fora dos contextos de ensaio para
conseguirmos que a nossa música também crescesse.
Voltando-nos agora para
este álbum, ele começa com Loucos e termina com Hospício. Pode ser vista aqui alguma conexão ou o
desenvolvimento de um álbum conceptual?
O
álbum é conceptual na medida em que aborda, na sua generalidade, temas como a
solidão, a insegurança e vulnerabilidade humanas e a procura, muitas vezes
inútil por algo mais. Nunca tínhamos olhado nessa perspetiva que vocês nos
mostram. O facto de começar com o tema Loucos
e terminar com Hospício, para nós é
uma mera coincidência, até porque Hospício
esteve muito perto de não integrar este disco porque tivemos receio que não se
relacionasse bem com os restantes temas. Mas essa é a beleza da música. É o
facto de a nossa perspetiva não ser imponente e de podermos ver o nosso próprio
trabalho através de interpretações diferentes como a vossa.
O álbum traz duas
faixas bónus. Em primeiro lugar, porque decidiram fazer uma versão acústica de O Mundo Errou?
Decidimos
fazer uma versão acústica desse tema porque foi assim que ele foi apresentado
inicialmente. Na fase de discussão, o nosso baterista Ruben quis criar uma
parte mais dinâmica tendo sido composta a música como a ouvimos no disco. Mas a
versão inicial nunca foi esquecida, principalmente pelo Tomás, nosso baixista,
que mostrou sempre vontade de que essa versão ficasse no álbum.
A segunda é Hospício,
curiosamente, um dos temas dos quais rodaram um vídeo. Não é muito vulgar a
escolha de um tema bónus para vídeo. Porque essa escolha?
Como
referimos anteriormente, tivemos medo que o tema Hospício não se relacionasse bem com o resto do álbum e acabámos
por demorar um pouco até decidir integrar esse single. No entanto, já tocamos essa canção ao vivo há mais de um
ano e sempre foi um tema muito bem aceite pelo nosso público. Com isso em
mente, nunca quisemos lançar o single
sem um clip, até porque começaram a
chover ideias no seio da banda para o fazer. Fazer um videoclipe para a Hospício esteve sempre nos planos, quer
ela entrasse ou não no disco.
Este tema tem um solo
de sax e o booklet não tem informação a este respeito. É um
convidado? Se sim, quem e quando sentiram que esse solo poderia enriquecer o
tema?
Quem
fez o solo de saxofone foi o nosso colega Alexandre
Varão que já nos acompanhou em alguns concertos para o tocar, esse e outros
arranjos, ao vivo. Saxofone é um instrumento do qual gostamos e a ideia surgiu
um pouco com o objetivo de juntar um elemento fora do que são guitarras, baixo
e bateria para aprimorar um mundo fictício que criámos com essa canção.
Que outros vídeos/singles já lançaram
retirados deste álbum?
Deste
álbum ainda não lançámos mais nenhum vídeo, mas estamos a trabalhar num que sairá
muito em breve.
Já apresentaram este
disco ao vivo? Há planos para continuar?
Já
tivemos a oportunidade de apresentar este disco ao vivo em três ocasiões, no Texas Bar em Leiria, no Bairro Rock Fest em Ourém, no G Club em Leiria e no Tokyo Lisboa. Vamos continuar a fazê-lo
uma vez que temos datas marcadas para a Semana Académica de Leiria e para as
festas de Santa Eufémia, no dia 10 de abril. O objetivo passa por continuar a
tocar e mostrar a nossa música ao maior número de pessoas na esperança que elas
se identifiquem com a nossa mensagem.
Obrigado, pessoal. Querem acrescentar mais alguma coisa?
Queremos agradecer-vos a oportunidade que nos deram para podermos divulgar o nosso trabalho e desejar que o vosso projeto continue a crescer e a mostrar música nova! Obrigado, pessoal!
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