Entrevista: Grande Royale

 

 

O sexto álbum dos suecos Grande Royale mostra o quarteto em grande forma e uma máquina bem oleada. E nem se nota que durante o tempo que passaram na cabana de Samuel Georgsson na floresta tenham estado a comer muito e a beber ainda mais. Mas, ainda assim, Welcome To Grime Town é um disco cheio de curiosidades que a banda se encarrega de esclarecer nesta delirante entrevista.

 

Olá, pessoal, como estão? Obrigado pela disponibilidade.

Ainda estamos de ressaca depois de termos tocado com os Hammerfall alguns dias atrás... fora isso, estamos empolgados com a tournée na Itália e na Espanha em maio e felizes que o álbum pareça estar a ir tão bem! Nunca sabes realmente que álbum fizeste até ser lançado... e às vezes nem mesmo assim (risos)!

 

Novo álbum lançado – Welcome To Grime Town. O que nos podem dizer sobre este novo trabalho?

É um álbum bastante diversificado e divertido. Encontrarão elementos de punk, garage rock, anos 70, música folk, heavy metal britânico do início dos anos 80 e até mesmo algumas vibrações progressivas psicadélicas. As músicas são cativantes e diretas, mas vestidas com roupas diferentes. Na verdade, não tínhamos um plano para isso, fomos para a cabana do Samuel na floresta em março de 2021 e começámos com jamms. Mas na maioria estivemos bêbados e comemos demais.

 

Para título, a escolha foi Welcome To The Grime Town. Porquê? A que se referem quando dizem Grime Town?

Grime Town refere-se a um lugar com um nome semelhante, onde apenas idiotas podem entrar. Nós fomos lá uma vez e quase não saímos vivos. Um de nós, cujo nome não mencionamos, foi declarado suficientemente estúpido para receber uma autorização para entrar no local e levou-nos. Tomámos um ótimo café.

 

Este é o vosso sexto álbum e é apontado como começando no ponto onde Carry On ficou. Desta forma, pode ser visto como a continuação lógica do álbum anterior?

Carry On foi talvez um pouco mais obscuro e direto, e este álbum, é claro, ganhou alguns novos sabores devido a uma nova dinâmica de grupo com a nossa última formação. O território musical era algo novo com a nova formação e, efetivamente, não procuramos voltar. Limitamo-nos a seguir.

 

Ou seja, mudaram alguma coisa na metodologia de trabalho para este novo álbum?

As músicas foram escritas de maneiras diferentes. Algumas delas demoraram muito e fizeram coçar a cabeça; uma ou duas foram feitas em algumas horas. O processo começou apenas com um riff repetidamente até que outra coisa surgisse. Gravámos as ideias e demos nos nossos telefones. Nós quatro estivemos envolvidos na composição. Descobrimos que algumas das músicas são bastante complicadas de tocar ao vivo, o que significa que passamos muito tempo em estúdio a detalhar as coisas, em vez de apenas ensaiar e gravar.

 

Um dos aspetos mais peculiares dos Grande Royale é o facto de todos vocês cantarem. Essa forma de preparar várias vozes é um trabalho exigente?

Todos nós quatro temos vozes diferentes, o que cria um som rico e muitas possibilidades. É mais divertido do que exigente. O foco principal é a voz principal de Gustav, mas o facto dos outros elementos também cantarem dá-lhe pequenos momentos de descanso em situações ao vivo.

 

Este álbum é o primeiro com Calle Rydberg nas guitarras e vocais. Desde quando está ele a bordo? Já teve oportunidade de colaborar no processo criativo?

Calle entrou a bordo na primavera/verão de 2020 e acompanha o processo criativo desde o dia um. Ele já tinha tocado com estes elementos em projetos paralelos e tocou órgão ao vivo com a banda alguns anos antes disso. Ele traz novas perspetivas para a mesa já que vem de um trabalho num género bem diferente dos Grande Royale. Mas, como tantos guitarristas, ele carrega o rock no seu coração desde o nascimento.

 

Para a mistura, voltaram a trabalhar com Robert Perhsson. Que contribuição trouxe ele ao som dos Grande Royale?

Robert sabe exatamente onde queremos ir sem muitas perguntas. Ele é como um quinto membro que sabe instintivamente o que fazer. Temos boa-fé nele e ele parece adorar a música, o que torna mais fácil para nós gostar dele. Ele esteve envolvido com grandes bandas e tem um grande histórico!

 

Também têm dois convidados. Podem apresentá-los e contar como possível foi essa cooperação?

Helen Vilsson que canta em Run Officer Run é uma boa amiga da banda e é uma conhecida e talentosa cantora da cidade. Ela tem uma voz rouca, corajosa e muito boa. Ela tem um som único que não ouves muito atualmente. Mattias Rydell é uma lenda da guitarra na cidade que tem um legado de inúmeras bandas com maior destaque atualmente nos Hellspray. Ele é um amigo de longa data de Johan e nós deixamo-lo fazer isso e ficamos maravilhados! Ele é provavelmente melhor guitarrista do que nós todos juntos, portanto, se o deixássemos tocar em mais de uma música, provavelmente despedíamos-mos a nós mesmos (risos)!

 

Nessas músicas, o que estavam à procura quando decidiram convidá-los?

Johan tinha escrito as letras e melodias para Run Officer Run e nenhum dos membros foi suficientemente castrado para conseguir atingir as notas altas no refrão, portanto precisávamos de alguém para chegar lá. Helen veio a estúdio e acertou em cheio! Trabalhar com ela também gerou muitas partes vocais divertidas na música que surgiram quase como piada no estúdio, mas continuamos dizendo “vamos registar isto”. Às vezes, as melhores ideias surgem assim. Queríamos um solo de guitarra em Augury com muita melodia e o Johan pensou no Mattias que é um executante melódico fantástico. Ele pode tocar para sempre com apenas um acorde e essa música teve exatamente esse desafio.

 

O que têm programado em ralação a uma tournée para este ano? Portugal estará incluído?

Iremos a Espanha e Itália em duas etapas separadas em maio e essa é a tournée que, de momento, temos agendado. São 12 espetáculos no total. Gustav está prestes a ter um filho ainda este ano, portanto provavelmente ficaremos em casa durante algum tempo depois desses espetáculos.

 

Muito obrigado, pessoal, mais uma vez. Querem acrescentar mais alguma coisa?

Samuel canta em Augury, o que realmente destaca essa música. Seven Days No Sleep foi uma das primeiras músicas escritas na cabana e apresenta um lado mais melancólico que é algo novo para a banda. Utopia tem uma vibe muito diferente – é folk! Demorou muito tempo a escrever e organizar. Todos cantamos nela. Incluímos uma mensagem super maligna ao contrário em Status Doom, pelo nosso ex-membro Andy! Na verdade, o álbum foi concluído em janeiro de 2022, mas a prensagem de um vinil hoje em dia demora uma eternidade, por isso levou mais de um ano para o segurarmos nas nossas mãos. A pesquisa sugere que nenhum animal foi ferido durante o processo, mas Gustav quase acabou na prisão depois de apagar acidentalmente um monte de takes de bateria.


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