Não
é uma sonoridade muito habitual no panorama musical português, registando-se,
desde já, esse facto. Os Miss Manouche nasceram em 2014
através do resultado de reuniões e dissoluções de outras bandas do mesmo género
e, paradoxalmente, trazem a frescura de uma sonoridade que busca a sua inspiração
há quase cem anos. E foi esta a forma que Ian
Mucznik, vocalista e guitarrista nascido em França, mas filho de país portugueses,
encontrou para cantar Lisboa no segundo álbum do projeto, primeiro com temas
originais, Chacais do Sodré.
Olá Ian,
tudo bem? Obrigado pela disponibilidade. Para começar podes apresentar este
projeto Miss Manouche?
Formado em 2014, este
quarteto de Lisboa, dedica-se à música Gypsy Jazz (também conhecida por Jazz
Manouche), tendo como referencia a música Swing dos anos 20/30 do
século XX, mais concretamente, a figura incontornável do guitarrista Django
Reinhardt. O quarteto é composto por: Alcides Miranda - guitarra, Ian
Mucznik - guitarra e voz, João San Payo - contrabaixo e Luís Bastos
- clarinete.
Qual o
significado do nome Miss Manouche?
Miss Manouche é um nome fictício, que
evoca as estrelas da noite, dos cabarés, música e cinema, à imagem das (Josephine
Baker, Louise Brooks) representantes da era do Swing dos anos
20/30.
Que
objetivos nortearam a criação deste projeto?
O gosto e o prazer de
reproduzir esta música vibrante, dinâmica e cheia de ritmo.
De que
forma nasceram os Miss Manouche?
Aquando da formação do
projeto, existiam 3 grupos em Portugal a praticar este estilo de música. A
reunião destes músicos resulta da dissolução de 2 grupos, Rat Swinger e La
Farse Manouche. Da dissolução destes projetos nascem os Miss Manouche.
Na altura, um amigo em comum, pôs-nos em contacto, não existiam muitos
praticantes do género, pelo que tivemos alguma sorte.
A temática
principal do álbum anda em torno de Lisboa. Sendo francês, como te sentes a
cantar esta cidade?
Sim, acima de tudo
sinto-me Português/Lisboeta. Embora tenha nascido em Paris/França em 1967, sou
filho de pais portugueses e resido em Lisboa desde 1975.
De que
forma surge o título Chacais do Sodré? Tem algum significado
especial?
Há já 8 anos que tocamos
mensalmente na Pensão Amor (Rua do Alecrim) em pleno Cais do Sodré. Este título
reflete a história do bairro e da sua vivência, associada à boémia noturna,
pequena delinquência e marginalidade.
Tu Tens
Swing foi a escolha para primeiro single. Que critérios estiveram na origem dessa escolha?
A escolha de Tu Tens
Swing para 1º single, prende-se com a fácil leitura e objetividade
próprias das canções radiofónicas que entram facilmente no ouvido. Esta canção
é dedicada aos amantes da dança, associados ao estilo Swing,
representando a estética musical do álbum.
Como já
referimos, este é um álbum sobre Lisboa. O que pretendiam transmitir?
Ao compor para este
disco, quis, fazer uma reflexão sobre o passado, presente e futuro desta
cidade. A sua transformação socio/cultural e da mudança associada ao seu crescimento.
Perda de referências culturais e
crescente gentrificação.
O que nos
podes dizer a respeito do futuro dos Miss Manouche?
O projeto, conta com um
primeiro álbum, composto de versões de Swing americano e francês dos
anos 20/30. Surge agora Chacais do Sodré, 2º registo do grupo,
totalmente composto por originais, cantados em língua portuguesa. O projeto
está vivo e recomenda-se, continuando a escrever, compor e recuperar a música
da era do Swing.
Para além
dos Miss Manouche, estás envolvido em mais algum projeto?
Para além dos Miss
Manouche, faço parte do Real Combo Lisbonense e dos On Dixie.
Uma vez que
apresentam uma sonoridade diferente do habitual, como tem sido a aceitação por
parte do público?
Desde o seu inicio que a banda
tem tido óptima aceitação, da parte do público. A sua originalidade e
personalidade caraterística, fazem da banda um projeto único.
E quanto a
palco? Têm alguma coisa agendada?
O grupo tem várias datas
já marcadas, para este e os próximos meses. Contando com uma agenda de
concertos, pautada, por uma constante regularidade.
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