Lord
Sir 7 Peles tem-se dividido por diversos projetos, nos mais diversos
sub-estilos do metal. E um dos mais
interessantes projetos são, sem dúvida, os Portal do Inferno, onde divide o
protagonismo com Lady Noir, sua filha. Depois de um EP, em 2018, Ribeiro
Escuro, o duo (que conta com a ajuda de Carlos Pires), regressou aos discos
há cerca de um ano com Um Caminho Sem Retorno. Esperemos que não seja
sem retorno, porque, de facto, este é um caminho que merece continuar a ser
explorado.
Olá, 7 Peles, antes de
mais podes apresentar-nos este teu projeto, Portal do Inferno, quando começou e
com que objetivos?
Portal
do Inferno são um projeto de pai e filha, 7Peles e Lady
Noir respetivamente. A ideia do projeto surgiu em 2016, em data que não sei
precisar em concreto, fizemos uma performance ao vivo da cover do David
Bowie Heroes numa versão rock n’roll, tipo à Motorhead,
a Lady Noir, com apenas 9 anos, por iniciativa própria a cantar e a cena
até que funcionou. Essa cover foi a primeira música gravada em estúdio,
o objectivo inicial era de apenas fazermos algo em conjunto que ficasse
registado para mais tarde recordar, mas a partir daí a ideia fluiu naturalmente
com a vontade de construir algumas músicas originais e ver onde isso nos
levava, o resto é história.
Nos últimos tempos tens
estado muito ativo com diversos projetos. O que diferencia este Portal do
Inferno em relação a Vil Garrote, Cães de Guerra ou Chavasckall?
Não
vejo qual a importância de ter vários projetos quando todos soam iguais, como
tal e uma vez que sou um gajo que gosta de todas as vertentes do Heavy Metal,
na minha opinião cada um dos meus atuais projetos têm a sua entidade própria,
bem diferentes entre si, enquanto que Portal do Inferno explora o lado
mais depressivo, solitário e pessoal, com uma sonoridade que se desenrola numa
mescla de Doom/Death/Black, já Vil Garrote é mais brutal e
visceral, Death Metal old-school com temáticas de guerra, tortura e genocídio,
enquanto que, Cães de Guerra é um devaneio amalucado de Thrash/Black,
com humor negro e critico, da sociedade em que vivemos na atualidade, a sociedade
do politicamente correto, um bando de ovelhas que seguem o rebanho, sem opinião
e personalidade própria, por sua vez, Chavasckall é raw Black Metal
cruel e satânico.
Curiosamente todos eles
em formato muito minimalista e com um número reduzido de gente. Aqui acontece o
mesmo, com uma outra curiosidade adicional de este projeto ser com a tua filha.
Como é que é trabalhar desta forma?
Sim!
sou um gajo de ideias próprias e fixas, quer gostem ou não sou como sou e nunca
irei mudar, como tal gosto de fazer as cenas a minha maneira, envolver
terceiros seria abrir portas a outras opiniões, maneiras de pensar e novas
ideias e isso inevitavelmente iria matar a essência da minha cena,
provavelmente entrar em desacordo e estragar amizades e não estou disposto a
isso, apenas quero desenvolver e criar e essencialmente divertir-me com aquilo
que faço, sabendo que é puro e verdadeiramente genuíno.
Uma vez que ela ainda é
bastante jovem é fácil separar o papel de pai do papel de colega de projeto
musical?
Sim
é muito fácil, ela apesar de publicamente e/ou na presença de terceiros ser
tímida, tem uma personalidade forte e os seus ideais bem definidos, não se
abstém de discordar quando algo não lhe agrada e eu só tenho de aceitar isso e
ceder, pois apesar de ser eu a dar a cara pelo projeto, o projeto é nosso e não
meu, apesar de ser pai dela e ela me respeitar como tal, não me vou impor,
tenho se saber separar as coisas e admitir que por vezes as ideias dela são
melhores que as minhas (risos). Desse modo as coisas funcionam bem e chegamos a
bom porto.
Para além da Lady Noir,
para este trabalho também contaste com a ajuda de Carlos Pires. De que forma se
proporcionou essa ligação e qual foi o seu papel no produto apresentado?
Sim
o Carlos Pires está presente desde o inicio e conto sempre com ele é
essencial, somos amigos a 20 e tal anos, ele é professor de guitarra, foi ele
quem nos ensinou e continua a ensinar, o espaço onde gravamos é dele, ele
programa as baterias grava o baixo e ainda ajuda nas guitarras, nomeadamente
nos solos. Embora não seja parte integrante dos projetos, exceto Cães de
Guerra, o seu contributo como músico contratado (digamos assim) é
essencial e sem ele nada disto seria possível. Nós funcionamos muito bem em
conjunto, ele compreende e consegue captar com facilidade a minha ideia e colocá-la
em prática sem questionar ou colocar objeções.
E como é que surgem
elementos de guitarra portuguesa na abertura e fecho deste trabalho? É uma
total inovação nas tuas criações, não é?
Boa
questão! Surge mesmo por acaso, um dia estávamos no estúdio/escola a gravar e
eu olho para uma sala de arrumos, para onde normalmente se joga toda a tralha e
vejo lá ao fundo uma guitarra portuguesa cheia de pó e teias de aranha e
surge-me a ideia, questiono-o, se a guitarra está operacional, ele diz-me que
com uma limpeza e alguma manutenção é capaz de se conseguir sacar dali algo, e
assim foi, como não tinha ainda intro e o instrumental final estava, na
minha opinião, a precisar de algo mais, o resultado foi deveras refrescante,
foi o timing perfeito, adorei, acho que não podia ter ficado melhor.
Portal do Inferno já se
tinha estreado em 2018 com Ribeiro Escuro. No ano passado foi este
longa-duração. Que projetos há para os próximos tempos para colocar em marcha
com Portal ou com outro nome?
Bem,
para Portal para já é difícil saber pois a Lady está brevemente a completar 16
anos, está envolvida em outras atividades e projetos, para alem dos estudos que
são bastante exigentes nesta fase, o tempo é muito limitado, acredito que
havemos de conseguir mais alguma coisa mas só o tempo o dirá, tenho letras
escritas para um álbum completo e mais, ideias não me faltam… quanto a outros
projetos nunca estou parado, o álbum de Chavasckall saiu em dezembro e encontro-me
já na fase final das gravações do álbum novo de Cães de Guerra, para
além disso tenho outros projetos/ideias em mente que não posso ainda revelar
pois podem não se concretizar mas que a verem a luz do dia serão mesmo
infernais (risos).
Obrigado, 7 Peles.
Queres acrescentar mais alguma coisa?
Antes
de mais quero-te agradecer pela oportunidade e disponibilidade para esta
entrevista, muito obrigado! Continua o excelente trabalho que tens vindo a
desenvolver com a Via Nocturna em prol do Heavy Metal nacional,
sei bem o trabalho e todo o sacrifício pessoal que é necessário para levar algo
avante neste nicho, exige muito amor a camisola, obrigado pela partilha e
divulgação da cena, são pessoas como tu que deviam ser mais reconhecidas e
menos criticadas, mas enfim, já sabemos com o que podemos contar, quem faz
infelizmente será sempre criticado por aqueles que nada fazem, mas enfim siga,
é aprender a viver com isso. Obrigado a todos aqueles que perderam um pouco do
seu tempo a ler esta entrevista, estamos aí fortes como o aço, o Rock N´Roll
nunca irá morrer caralho. Nunca se esqueçam, ouçam sempre música diabólica e
satânica! Ide arder no inferno e que Satan vos acompanhe!!!
Comentários
Enviar um comentário